a agonia de se conhecer a imundice

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     O mal, o feio, a tortura, a imundice o desespero tem rostos diferentes, mas às vezes se condensam em apenas uma encarnação. Encaro esse rosto com olhos aflitos, marejados de horror. Observo o horroroso da perspectiva da separação. O mal em mim existe, mas em mim não é tão feio nem tão podre, em mim o mal apenas é. Se causo tortura, ela não é imunda, e chegaria a apostar minha beleza de que ela não causa nojo a ninguém.
     O mal em mim é apenas o reflexo do bem complementar, então por quê não me é assim no rosto de certas pessoas? Não me agrada a ideia da separação, queria ser capaz de ver sempre a unidade. Infelizmente, esta mente humana impõe limites parciais em minha percepção. Eu rejeito a sua dor, rejeito seu luto, não me padece o caos em seu apodrecido coração. Assim eu minto, e vivo as histórias que foram escritas pelas mãos de um eu equilibrado.

     Sua carne putrida para ser consumida. Entrelasse suas mãos com as dos outros marionetes, não faça perguntas, não deixe pistas ou pegadas, siga sem realmente obedecer. A estrada é longa, a mentira é comprida, as falas escritas são apenas projeções do que você pensa conhecer; Não pergunte, as dúvidas são proibidas. Você não quer desobedecer.
     Fale sem palavras, escreva para que elas sejam ouvidas, o grito silencioso da mente em destroços vai espiralando até esmorecer. A paz aqui ou ali é utopia, tão viva e real quanto o espantalho que se fez da consciência humana. Não brinque, não faça piadas, seu humor não é apreciado. A única coisa permitida aqui e ali é a escuridão.

     Escrevi uma receita para a catástrofe com tinta feita de sangue e lágrimas, energia vital e crime indizível, impensável. Codificada em todas minhas palavras, instintos e ações. A história real vive apenas, porém, por trás de meus olhos, onde ninguém talvez jamais poderá entrar.

votos secretos da identidade do ventoOnde histórias criam vida. Descubra agora