A morte do livre arbítrio acontece quando, em seu último suspiro, ele entrega nosso controle a algo ou alguém. Geralmente é um desfalecer sorrateiro, sem nenhum alarde, e tudo depois disso é pura bagunça.
Seu fantasma por vezes permanece ativo, como o do bobo da corte, fazendo o que pode com a pouca energia que lhe resta. É com certa dificuldade que podemos vislumbrar seus afazeres, mas quando percebemos, é quase como se ele jamais tivesse morrido.
Ele morre aos poucos algumas vezes, sendo apunhalado pelas menores coisas, vai definhando suavemente até quase desaparecer e desistir. Morre pela empatia, por pensar no outro e se doar um pouco mais do que deveria. Morre pelo luto, pela dor, pela bondade e outros sentimentos que às vezes deixam a mente nublada. Morre pelo sufoco e pela aparente falta de melhor escolha. Morre por que de vez em quando é mais fácil morrer.
Este livre arbítrio vive na corda bamba. Não sabe se ressuscita agora ou se espera mais um pouco, jogado na sarjeta onde esteve há tanto tempo que chegou a quase ficar confortável. Este que morreu por que era mais fácil morrer, este cujo fantasma foi despertado por uma gota de conhecimento adquirido sem ser solicitado. Ele agora está trêmulo, sem saber para qual lado deve pender, já que mesmo o caminho do meio parece confuso. Seguir morto pela empatia ou renascer pela dureza da vontade? Oh, é tão difícil negar algo nesse mundo tão cruel! E se eu ceder minha liberdade só mais um pouquinho? Como hei de saber o que me faz bem e o que me faz mal, se na parte das sensações tudo parece a mesma coisa? Oh, mundo desconfortável e vazio, deixe-me respirar um pouco enquanto decido se a vida vale à pena...
Ele pediu para decidir, então está vivo ou continua morto? Ele tem vontade, mas a expressa em pedido, então ainda algo ou alguém possui o poder de guiá-lo. Penso então que ressuscita, mas lentamente, como quem ainda não sabe se quer viver ou não, mas segue vivendo por que às vezes se deixar viver é mais fácil.
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votos secretos da identidade do vento
Science-FictionInvejo as musas que não têm que escrever a própria história, ou descrever os percalços de sua própria existência, mas não acredito em minha capacidade de ser assim. Pelo menos não por completo. Eu sou minha própria musa. Em paixão, amor e dese...
