a morte vivida e a vida da morte

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     a vida não passa ou anda, a vida flui. a morte do corpo não para o fluxo, nem mesmo quando parece que se perde uma parte ds alma no corpo ainda vivo, o fluxo que dá movimento à vida não pode parar ou ser parado.

     tudo é uma modificação ou percepção diferente da mesma coisa, somos todos no final das contas, o mesmo ser experienciando vidas e mortes em todos os momentos, às vezes ao mesmo tempo e de formas muito parecidas.

     a vida não pode ser parada ou morta, mesmo quando a sentimos assim. os humanos vão da tragédia grega ao stand-up, tentando se lançar nas espirais desse tempo que nos foi distorcido por calendários.

     o tempo também é vítima da estranheza humana. assim como tudo ou quase tudo é. mas a sina dele é fingir que existe, fingir que é linear, fingir que existem três partes separadas dele, fingir que ele sozinho tem o poder de curar. ora, o tempo não cura nada. a cura se dá quando colocamos tempo e dedicação nela. por favor, não espere que o pobre coitado possa lhe libertar quando você é o único que tem esse poder e esse direito.

     e aí a vida te mostra como é inutil resistir ao fluxo dela, como o melhor é render-se e confiar que em alguma parte de ti já sabes teu caminho e escreves rua história. assim como escrevo as minhas, por vezes cheias de metáforas sérias, já que eu guardo as piadas mais sórdidas para mim; nos shows de stand-up que faço para mim mesma na minha cabeça.

     não gosto de drama, mas sou teatral. se pudesse mostrar-lhes em filme algumas das coisas que tenho denfro de mim provavelmente seria o filme mais belo, revoltante e revirador de estômago que alguém já viu. claro, tem muita gente que já viu coisa pior, mas aqui falo apenas dessa porção gente de mim, neste corpo, com essas lembranças, essas cicatrizes e essas piadas esperançosas.

     eu costumava rir enquanto chorava, hoje em dia pareço fazer apenas um de cada vez. deve ser melhor assim, ou talvez não, depende...

     minha primeira morte foi ainda no útero, e voltei por que precisava voltar. queria voltar. se eu me for agora, sei que a porção de mim mais elevada me faria voltar -- ela sempre o fez. minha última morte, já não lembro mais. sigo semi-viva, já que a vida do jeito que a vida deve fluir para mim, parece que acabou de começar.

votos secretos da identidade do ventoOnde histórias criam vida. Descubra agora