TOXIC - Série King Of Sex - Livro 2 (POLIAMOR)

CAPÍTULO #70

KIM

Já estava cansada de tanto ficar naquele quarto, queria saber onde Vee estava. Não me sentia segura sozinha. Mas ele afirmou que não me fariam mal aqui. Desço para a sala cuidadosamente, parando ao escutar a porta de entrada abrindo. Sinto meu coração disparar pela adrenalina que se instalava, pousando a mão no cabo da adaga posta no cós da minha calça, olhando atentamente para a porta.

Até que vejo um homem adentrando o ambiente, com uma criança nos braços, a pondo no chão enquanto fechava a porta. Ela saltitava de animação, contanto sobre algo que envolvia uma tia ou algo assim, e no quanto foi divertido. Ela estava com um vestido cheio, rodado e com várias camadas de renda, com uma fantasia que imitava uma espécie de fada madrinha. Tinha até a varinha com uma estrela e muito brilho.

— Papai! Papai! A titia me deu até chocolate e brincamos no parquinho. Ela é muito grande e não coube no balancinho. Mas ela me balançou e eu fui bem alto! — Exclamou, eufórica, jogando os braços para cima e rindo, enquanto o homem que certamente era seu pai, apenas sorria e alimentava a empolgação dela.

— É mesmo, princesa? Que demais! — O homem falou, se abaixando para abraçá-la e beijá-la no rosto, que a fez ri, retribuindo o gesto e agarrando a barba do homem, o beijando na ponta do nariz.

— Te amo, papai! Fiquei com muitas saudades! Um montão assim! — Ela abriu os braços ao máximo para reforçar sua fala. E então ela se virou, notando minha presença. E eu me arrependi amargamente de não ter sumido dali quando tive a chance. — Oh! Uma nova amiguinha?! Oi! — Ela correu em minha direção, e rapidamente recuei, arregalando os olhos e mantendo uma distância segura. — Eu me chamo Rory! E você? Oh…! Papai, ela é tão linda! Parece uma princesa! — Exclamou, me fazendo franzir o cenho, definitivamente desejando que Vee aparecesse e me socorresse.

— Me chamo Kim… — Respondo e ela sorri mais ainda.

— Também parece nome de princesa! Eu tenho uma princesa que tem a sua cor. Ela é a mais bonita de todas. A Rainha do Castelo do Reino das Fadas! — Exclamou, me deixando completamente confusa, sem entender do que diabos aquela menina estava falando.

— Reino de quem? — Questiono e ela me olha com empolgação.

— Das Fadas! Elas vivem por todos os lugares, só que não podemos ver, porque elas são muito espertinhas. Mas no jardim principal tem muitas flores e árvores que certamente elas moram! — Exclamou, mexendo os dedos como se tivesse descoberto um grande segredo.

— Fadas não existem — Resmungo e ela me olha.

— Claro que existem! O papai já viu várias, não é papai? — Rory questionou, olhando para o homem, que me olhou de forma séria, sorrindo para a filha.

— Claro que sim, meu amor. — Ele a beijou no rosto, a fazendo sorri largamente.

— Viu?! — Fico calada, já que claramente o pai inventava essas historinhas fantasiosas para ela. — Você quer brincar comigo?

— Eu não brinco — Falo e ela entorta a cabeça, passando as mãos nos cabelos loiros desajeitadamente para tirar os fios dos olhos.

— Como não brinca? É muito divertido! Vem, vou te apresentar meu quarto principal! — Exclamou, nem me dando tempo de negar, porque ela agarrou minha mão, me puxando correndo pelas escadarias. Só não a puxei de volta com medo da menina cair da escadaria e aí sim teriam motivo para me matar.

Ela puxou um cartão cor de rosa de uma bolsinha felpuda de mesma cor, passando em uma espécie de sistema na porta, que me deixou boquiaberta, vendo ela digitar a senha.

— Não conta pra ninguém, tá? A senha é FairyxLovedad — Falou, em uma língua que me soou estranha.

— Quê?!

— Oh! Eu estou tendo aula de inglês! Papai disse que eu deveria colocar o inglês no meu dia a dia para frisar na cabeça. — Ela batucou o dedo indicador na cabeça, sorrindo, e logo a porta dupla se abriu, revelando um mar de rosa sem fim que chegou a me deixar tonta. — Olha! Olha! — Ela correu pelo quarto, após retirar os sapatos na porta. Pegou uma boneca negra, com cabelos cacheados, igual a mim. — Ela é igualzinha a você! Acho que vou mudar o nome dela… agora vai se chamar Kim! Hum… — Ela batucou os dedos nos lábios, fazendo um biquinho, parecendo pensativa. — Ah! Ela pode virar sereia, sabia? A cauda dela brilha na água! E o cabelo muda de cor! — Exclamou, com empolgação, me puxando para uma casinha de boneca gigante, maior do que eu, abrindo uma porta dupla que imitava uma caixa grande, revelando uma piscina de brinquedo. Ela exibiu tudo que a boneca fazia, mas eu não via graça naquilo.

— Isso é coisa de criança. — Me levanto, querendo fugir dali.

— Mas nós somos crianças! — Exclamou, contrariada. — Eu tenho assim, ó! — Exibiu a mão aberta, indicando 5 anos de idade.

5 anos…

Balanço a cabeça, espantando os pensamentos ruins e a olhando seriamente.

— Mas eu não sou. — Saio do quarto, descendo novamente e respirando aliviada ao ver Vee adentrando a casa. Corro até ele, o abraçando fortemente.

Céus, é uma tortura ficar nessa casa!

— Aconteceu algo? — Vee questionou, pousando a mão em minha cabeça.

— Não me deixe mais sozinha nesse lugar! — Exclamo, vendo Rory descer as escadarias.

— Titio Caius! Titio Elliot! — Ela soltou um gritinho, correndo e se jogando sem medo, sendo erguida por Elliot, que riu, a enchendo de beijos.

— Oi, minha bonequinha! Que princesa você está!

— Não, não, tio Elliot. Eu sou uma fada madrinha! Vou realizar tooodoos os seus desejos! — Dramatizou, batendo com a varinha na cabeça de Elliot.

— Hum…! Então eu desejo… um mega sanduíche! — Elliot exclamou, a jogando nos ombros enquanto ela ria descontroladamente, ambos seguindo para a cozinha.

— Ei. Aqui. — Vee me entregou uma sacola, me deixando confusa.

— O que é isso? — Abro a sacola, estranhando ao ver uma roupa. — Não tinha que gastar comigo… pai — Falo, meio incerta, alterando meu olhar entre Vee e Caius.

— Eu tenho o triplo do seu tamanho. Minhas roupas não cabem em você. Ao menos tem algo para vestir agora — Falou, dando leves tapinhas em minha cabeça, como se eu tivesse sido uma boa garota e ganhado um prêmio por isso.

— Ela é igualzinha você — Caius resmungou e Vee o olhou ameaçadoramente.

— Vá experimentar. Depois desça para comer algo — Vee ordenou, e eu não tive muita escolha senão obedecer.

Era a primeira vez que eu ganhava algo…