14. Sorteio e uma briga (quase) física

5 1 0
                                    


Durante o horário de almoço, após terminar de comer sua refeição no restaurante, Carlos tira o celular do bolso e antes que conseguisse entrar no aplicativo do WhatsApp, ele já se depara com o nome do seu namorado na tela, o que o faz abrir um sorriso pequeno e apaixonado como resposta instantânea. Arthur está ligando. Por estarem longe um do outro, estados diferentes por conta das responsabilidades de Arthur, o casal tem mantido a relação à distância e realizando chamadas por vídeo sempre que estão livres, o que mata e aumenta a saudade ao mesmo tempo, pois um deseja desesperadamente pelo toque e o beijo do outro. Todavia, apesar de toda essa distância inconveniente, o amor os segura firmemente e há ocasiões em que sentem que estão por perto, como se fosse uma força ou magia cósmica ou algo do gênero.

— Uau! Eu estudo sobre os deuses e nunca vi um deus como você. — Arthur fala.

— Sempre galanteador. O que você fez, Arthur? Sua voz, para mim, está meio inflexível. Espero que seja coisa da minha cabeça.

— Com certeza são as vozes da sua cabeça, Carlinhos. Eu não posso elogiar o meu namorado? Me sinto ofendido e com questionamentos a respeito da naturalidade do nosso relacionamento. Você é uma pessoa tóxica.

— Não precisa questionar. Eu mando e você obedece. Você trabalha duro e eu apenas esbanjo beleza, classe e ostentação. Simples, não há segredo, amor. E eu sou tóxico mesmo, não há argumentos plausíveis para que eu possa refutar.

— A parte de você mandar em mim e você me obedecer precisa ser questionada, pois, quando estamos na cama, nós sabemos muito bem quem domina.

— Sim, porém, nós combinamos de deixar isso como arquivo confidencial. Não acho que seja um detalhe que o mundo precise saber, a não ser que alguém nos questione. Eu não quero prolongar esse discurso, estou com preguiça, Arthur.

— Gosto de me recordar de que, pelo menos em alguma coisa, sou eu quem tenho comando. Não estrague meus momentos de prazer.

O sorriso de Arthur faz com que Carlos também sorria. Há muita harmonia entre eles, chega a ser bizarro, porque a impressão é de que rola alguma telepatia, ou qualquer outra ligação mental que explique toda a beleza e naturalidade do casal. Ou, possivelmente, Carlos só ama o sorriso do seu namorado e não tem como ficar irritado ou de mau humor quando seus olhos se deparam com os dentes brancos e os lábios esticados e também os tímpanos ouvirem a sua risada contagiosa.

A saudade do contato físico é enorme e até mesmo agonizante, porém, esperançosamente, essa distância será temporária e, pelo menos, Carlos pode viajar para Santa Catarina e além de estar do lado de quem ama, poderá conhecer um lugar diferente.

Há vantagens e desvantagens, por mais que sempre pareça mais desvantajoso ficar longe da pessoa que você mais quer por perto.

No entanto, Carlos ainda quer surrar a pessoa que inventou esse ditado que se refere a distância aumentando o amor do casal, pois há tópicos que precisam ser debatidos e também por ele ser bastante carente mesmo que a sua personalidade dê a impressão de ele detestar todos igualmente e não necessitar de ninguém por perto já que ele é completamente suficiente e independente e sustentar essa característica é exaustivo, especialmente por ser um mecanismo de defesa ou algo do gênero, em conjunto com o humor.

— Como está sendo seu dia, amor? — Arthur pergunta, ajeitando seu fone de ouvido sem fio.

— Ótimo. Terminei mais uma peça e preciso revisar. Vou fazer isso depois da reunião que terei assim que meu almoço acabar. Eu adoro a minha chefe e ela gosta bastante de mim, me trata como se eu fosse filho dela. Espero que isso me ajude a ganhar um aumento quando eu precisar.

Vamos andar de mãos dadas para sempreOnde histórias criam vida. Descubra agora