15. Só coisas fantásticas acontecendo

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A semana de Carlos pode ser resumida com algumas particularidades e emoções, no entanto, ainda assim, ótima de viver.

Já no trabalho, mais especificamente na segunda-feira, ele é surpreendido por um pedido relutante de desculpas de Otávio e apesar de ter achado engraçado como a voz soava inconsistente e em como ele tinha dificuldade de manter a conversa olho no olho, Carlos aceitou o perdão para que tenha mais facilidade em seguir com a vida, deixando para trás mais um momento que não será esquecido por ser a primeira vez, possivelmente última, que ele não guarda rancor da pessoa. Talvez aquela terapia holística com Ryan e sua família realmente tenha funcionado.

Conversar com a Márcia sobre o rumo que sua vida profissional está tomando lhe trouxe mais clareza. Ela concorda com Arthur sobre Carlos dar mais atenção na vida como publicitário para ter mais aprendizado e prática, dessa forma, ficará menos complexo de planejar uma aula e irá aprimorar sua dinâmica. O admirável foi como ela deu a opinião sem desmerecer nenhum lado da história, já que Márcia poderia muito bem ser aquela superior que menospreza o outro trabalho de seu funcionário e dita que ele deveria trabalhar exclusivamente para ela. Houve coerência e respeito nas palavras na hora de aconselhar.

Antes de sair da sala da diretora, ele a perguntou se havia como cancelar apenas a reserva no hotel, pois, como Arthur já mora em Santa Catarina, Carlos quer ficar em sua casa durante a viagem, assim passam mais tempo juntos e poupam tempo com a locomoção entre hotel e moradia e Márcia, compreensiva como sempre, disse que veria o pode ser feito e que o atualizaria, exigindo que traga uma lembrancinha da viagem quando ele retornar. No final da conversa, Carlos agradeceu genuinamente pelos conselhos e ainda pontuou que não encontra defeitos em Márcia, o que a fez soltar uma risada baixa e, ainda envergonhada pelo elogio, mandá-lo de volta ao trabalho por ser segunda-feira.

Despedir-se dos alunos foi uma tarefa bem difícil para Carlos, porque havia um carinho e um respeito especiais e mútuos entre ambas as partes. Carlos, por ter uma idade próxima de alguns estudantes e por compreender as lutas e crises de ansiedade, o medo, a insegurança e o desespero que a pessoa sente conforme os semestres como universitário passam. Os últimos momentos de cada aula lhe emocionaram e enquanto os abraçava, acabou se entregando ao choro após tantos esforços para resistir a vontade de liberar as lágrimas. Por mais que tenha sido pouco tempo como professor, e ainda pretende voltar a dar aula mais para frente, Carlos aprendeu muito e conheceu pessoas maravilhosas e levará toda essa experiência para o seu coração.

Este é o último final de semana em São Paulo e Carlos está com o estômago cheio de borboletas batendo suas asas freneticamente todo instante que se lembra de que em algumas horas irá sentir os braços musculosos do seu namorado lhe enlaçando em um abraço apertado e cheio de saudade e de amor. Ele sente e sabe que vai chorar, porque só de imaginar o reencontro faz com que algumas lágrimas brotem em seus olhos. Apesar de o relacionamento ser a distância, os dois preferem viver isso do que um longe do outro sem nenhuma notícia, forçando uma ausência e prolongando a dor da solidão causada pelo pai de Arthur. A situação poderia ser diferente, um diferente devastador de tão triste, como por exemplo, Arthur ou Carlos poderia estar casado com outra pessoa depois de tanto tempo afastados ou até mesmo morto. Hoje em dia, pelo menos, eles podem conversar o quanto quiserem e esporadicamente fazer viagens para suas moradias e matar a saudade.

No momento, ele está fazendo uma ligação de vídeo com Arthur enquanto toma seu café da manhã. Já fez sua corrida matinal e agora está se alimentando adequadamente. Dedicar algumas horas do seu dia se exercitando foi uma das melhores decisões de sua vida, porque liberar a endorfina está sendo mais positivo do que imaginaria, o estresse, aos poucos, está sendo reduzido em seu corpo e sua disposição está maior. O bom é que Arthur, lá de Santa Catarina, também está se exercitando, então os dois se incentivam mesmo que não estejam fisicamente próximos.

Vamos andar de mãos dadas para sempreOnde histórias criam vida. Descubra agora