Vamos andar de mãos dadas para sempre

17. O futuro de Esther Oliveira

A ligação em família é encerrada no final da tarde e Carlos resolve ir ao quarto para ver como seu namorado está, já que tem um tempinho desde que ele se retirou para analisar seu material. Ao abrir a porta do quarto, Carlos encontra o seu companheiro massageando sua nuca com uma mão e segurando um papel com a outra, extremamente concentrado e com seus músculos tensos. Caminhando em passos tranquilos para não atrapalhar, ele se aproxima da escrivaninha, que está bagunçada por causa dos papéis, das fotos e o notebook, sentindo-se completamente confuso com tudo aquilo que não parecia fazer sentido, simplesmente inacreditável que há pessoas que conseguem armazenar todas essas informações em algum canto da cabeça.

Para não ser brusco, depois de cumprimentá-lo com um beijo na bochecha, Carlos fica por trás e inicia uma massagem na região dos ombros de Arthur, que solta um suspiro de alívio como resposta de uma maneira imediata. Há muita tensão passeando pelo seu corpo e Carlos, como o ótimo namorado que ele é, irá se prontificar em diminuir toda a tensão que seu parceiro está lidando.

— Que corpo tenso, amor.

— Gosto da sensação que suas mãos causam em mim toda vez que você me toca e eu não me importo se teve duplo sentido ou não, porque adoro as duas maneiras do seu toque.

— Previsível. — O publicitário revira os olhos — Você acha que já tem tudo para a audiência?

— Sinceramente, amor, ao mesmo tempo que eu sinto que já tenho tudo que é necessário, algo no meu interior me alerta de que estou deixando algo faltar. Eu estou aqui lendo e relendo esse negócio e parece que deixei mesmo algo faltar, uma informação que poderá ser extremamente necessária e irá mudar tudo. — Arthur desabafa, largando um papel e relaxando mais na cadeira enquanto seus ombros são massageados pelo namorado.

— Você acha que consigo te ajudar? Talvez a minha experiência assistindo e lendo sobre vários casos criminais possa ser útil.

Arthur solta uma risada nasalada e aceita a companhia do publicitário, entregando-o uma parte de tudo que possui e o notebook se achar necessário ver algum vídeo dos julgamentos anteriores, embora Carlos observe todos os papéis com confusão no olhar. Antes de começar, o casal troca um selinho um pouquinho demorado, já que os lábios não conseguem ficar longe um do outro por tanto tempo assim.

Por mais complexo que tudo seja, Carlos aparentemente compreende o que está rolando, pelo menos parcialmente e além do que leu na internet quando a notícia surgiu. Ele ainda prefere acreditar na inocência da Esther, tendo em vista que a influencer e o falecido marido se amavam muito, apesar da diferença de idade entre os dois, ou pelo menos era isso que queriam passar nas fotos e nos vídeos.

— Vida, mil perdões por ter me esquecido de perguntar, mas você está com fome? Posso cozinhar agora se quiser. — Apressado, Carlos larga a folha sobre a cama e se prontifica a levantar, entretanto, é interrompido por Arthur.

— Calma, amor. Eu estou bem. Não se preocupe.

— Tem certeza?

— Absoluta.

Convencido, o publicitário balança a cabeça e pede que seu parceiro o avise quando seu estômago estiver clamando por alimento, voltando a estudar e a compreender cada vez mais o mundo da advocacia, mais especificamente a situação frustrante da Esther. Há situações em que ele pede para que Arthur explique como funciona algumas leis e também comente sobre alguns termos, já que é um mundo novo para Carlos.

Um silêncio surge no quarto e só some quando algum vídeo é reproduzido e bocas murmuram algo desconexo. Arthur gira em sua cadeira e admira Carlos, que mantém os olhos atentos apenas na folha. Vê-lo assim o faz esticar os lábios em um sorriso pequeno e perdidamente apaixonado. Carlos, um publicitário, lendo sobre um caso de assassinato com os termos complexos que existem no mundo da advocacia e com sua expressão facial de confusão é uma visão impagável e fofa. O interior de Arthur está fazendo um estardalhaço de tanta paixão entrando em erupção.