Vamos andar de mãos dadas para sempre

20. Muitos momentos especiais

Uma das inúmeras coisas que conecta Carlos e Arthur é a paixão pela música e como é engraçado cantar alguma canção de um jeito desengonçado, apenas fazendo graça, não dando a mínima se está soando desafinado ou com os vocais no ponto. Sempre que podem, eles estão colocando o celular no último volume e concedem a reprodução da música que escolheram. Já cantaram Taylor Swift, Mariah Carey, Billie Eilish, Nicki Minaj, One Direction, Kanye West e vários outros artistas. Gostam de fazer isso quando vão realizar algo juntos, por exemplo, limpar a casa ou apenas passar o tempo juntos e de ternura. Já passaram muitas noites conversando sobre música e seus álbuns preferidos.

Carlos se emocionou quando, certa noite, ainda no começo do relacionamento, enquanto passava a noite na casa dos seus pais com Arthur, eles estavam conversando sobre música e Arthur pediu explicações mais profundas sobre as faixas do Folklore e do Evermore, porque ainda não as compreendia muito bem. Ele, como qualquer fã de Taylor Swift, relatou tudo sobre os dois, fazendo gestos com as mãos e cantando trechos, desde a história envolvendo James, Betty e Augustine, a música sobre os tempos de guerra que o avô da Taylor enfrentou comparada com os profissionais da saúde na época da pandemia causada pelo Covid-19, o caso criminal envolvendo infidelidade e assassinato até a música sobre a avó Marjorie. Arthur observava Carlos e se encantava pelo entusiasmo e a habilidade por guardar todas essas informações que seu parceiro tinha e quando notou aquilo, Carlos se silenciou por uns instantes e pediu desculpas por falar com tanta euforia e entusiasmo, até que Arthur falou:

— Nunca se desculpe pelo seu entusiasmo. Além do mais, você é o ser humano mais fofo do mundo quando está conversando sobre um assunto que gosta muito. Por mim, te ouvia falando sobre a Taylor ou qualquer outra coisa que te anime a noite inteira, só para ver seus olhos confiantes e brilhantes e os seus gestos.

Ao ouvir aquilo, foi questão de tempo até que Carlos caísse no choro e o primeiro instinto do Arthur foi abraçá-lo da forma mais acolhedora e segura que consegue, fazendo carinho e sussurrando palavras de consolo. Ele não entende o choro, mas também não quer forçá-lo a contar se isso significa causar mais tristeza. De todo modo, Arthur deduz que seja um gatilho de algo que seu novo namorado tem enfrentado anos antes de se conhecerem, já que sua bagagem se tratando da sua vida amorosa não é uma das mais felizes.

— Me desculpa por ter chorado, amor. Você sabe que eu lidei com um namoro conturbado, certo? Não gosto de entrar em muitos detalhes por não querer ser corrompido pelos meus pensamentos e estragar tudo entre nós por causa disso, então por isso gosto de resumir a história e partir para outra conversa. — Carlos fica com um sorriso no rosto quando vê o carinho que Arthur faz em suas mãos — Enfim, esse ex-namorado, abusivo e desgraçado, tinha algum tipo de fetiche em estragar tudo que me entusiasmava. Você, depois da minha família, obviamente, foi a primeira pessoa que se interessou em me ouvir falando da Taylor e seus álbuns. Toda vez que eu falava sobre ela ou qualquer outra coisa que eu gostava, ele fazia questão de acabar com tudo aquilo e fazia tudo ser sobre ele. Certa vez, ele gritou comigo e me mandou calar a boca na frente dos seus amigos e todos nós ficamos sem reação, mas ninguém fez mais nada, porque todos nós tínhamos medo daquele maluco. Lidei com isso por muito tempo e depois me internei por causa das complicações que tive. — Arthur seca uma lágrima que insistiu em escorrer — Enfim, voltando a falar a genialidade da loirinha no mundinho alternativo...

Seu coração é esmagado pelos próprios órgãos só de imaginar um Carlos sendo silenciado por simplesmente estar conversando sobre um assunto que entende muito bem e lhe faz feliz comentar a respeito, além do medo que vivia sentindo. Ele queria ter chegado em sua vida bem antes disso, porque iria salvá-lo daquele cara ridículo e desprovido de escrúpulos.