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LÍLIA GRAY

📌 Florida, EUA    

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📌 Florida, EUA    

Olhava-me no espelho, mas não conseguia me reconhecer

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Olhava-me no espelho, mas não conseguia me reconhecer. A quantidade de maquiagem, o batom vermelho, os cabelos cacheados a muito custo, por serem fios pesados... isso sem contar a roupa vermelha completamente decotada. Um corselet, uma saia de couro, meia arrastão e saltos tão altos que eu tinha medo de me desequilibrar e cair.

Mal conseguia olhar para Thomas, que estava deitadinho no berço velho e de segunda mão que as meninas do bordel arrumaram para mim. Pelo que entendi era do filho de uma amiga de uma delas, e eu agradeci imensamente. Elas eram muito boas comigo, com uma única exceção. Mas eu nem queria pensar nessa parte, porque tinha coisas bem mais preocupantes com as quais lidar.

Naquela noite eu entregaria minha virgindade a um desconhecido.

Alguém que pagaria para me levar para a cama, mas que provavelmente nem se importaria em saber o meu nome. Nunca me guardei para casamento nem nada disso, só não surgiu oportunidades. Desde nova precisei trabalhar e lutar muito para estudar, então não sobrava muito tempo para pensar em namoro. Tinha desejos, como qualquer outra mulher, mas com exceção de dois beijos que não foram exatamente memoráveis, não tinha nenhum tipo de experiência.

Não seria, de forma alguma, do jeito que sonhei. A única coisa que eu pedia era que o homem que me arrematasse no leilão – Deus, que droga de expressão ridícula! – fosse, ao menos, respeitoso e tivesse um pouco de cuidado. Mas levando em consideração o que eu já os tinha visto fazer com as outras meninas, não conseguia alimentar esperanças.

Ouvi Thomas fazer um sonzinho, como se me chamasse. Não tinha sequer coragem de olhar para ele. Como poderia encarar uma criaturinha tão pura, levando em consideração o que eu estava prestes a fazer? Uma batida na porta me sobressaltou. Olhei o horário no meu celular e me dei conta que estava quase na hora. Não tinha mais como fugir. Para a minha surpresa, a Madame Carmim em pessoa colocou a cabeça por entre a fresta e abriu um sorriso condescendente.

— Posso falar com você, querida? — ela perguntou, e eu assenti. Quando cheguei naquele lugar, depois de andar como louca, pedindo emprego em todos os tipos de estabelecimentos – e sendo negada, principalmente por estar com um bebê –, jurei que aquela mulher cumpriria todos os requisitos já conhecidos que se esperaria de uma dona de um bordel: que apenas exploraria as meninas, que as trataria mal e que não se importaria com seus sentimentos. Mas Madame Carmim era diferente. Tinha sentimentos e me ajudou mais do que eu poderia explicar. Ela se aproximou e se sentou na cama, depois de passar a mão no cabelinho ruivo de Thomas. Virei a cadeira onde estava sentada para ela, para ouvi-la.

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