Meetings and Disagreement

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Gustav:

Já faz algum tempo que voltei do passeio com Mussarela, hoje é um daqueles sábados que não se tem nada para fazer. Na verdade, eu poderia estar fazendo algo, ontem a noite recebi um convite para subir para a praia em uma viagem com os motoqueiros do clube, voltaríamos amanhã a noite, só não sei se realmente vou, não que seja chato, mas eu queria companhia _uma companhia bem específica_. Abro meu MacBook e entro direto no whatsapp web, abro na única e pequena conversa que tive com Erica _queria que ela me mandasse mensagem, já que eu não tenho coragem de mandar pra ela_ , deixo a conversa ali e abro outra página, já que não tenho o que fazer melhor trabalhar um pouco, começo revisando um caso recente e especialmente complicado que me apareceu, um divórcio entre milionários que não tiveram acorde pré-nupcial, ou seja, tudo deveria ser dividido meio a meio, mas ambos querem escolher as posses que ficarão com cada um, e isso fez o processo ficar enorme, já que nenhum dos dois quer abrir mão de nada. Em quanto estou concentrado ouço um barulho de algo quebrando na cozinha, corro para ver o que é e me deparo com um copo quebrado no chão e minha gatinha Oreo em cima da bancada, exatamente onde deveria estar o copo.

- Sua delinquente. - falo para ela que nem me olha.

Começo a varrer a sujeira mas paro quando ouço meu Mac apitar, corro para ver o que é e logo vejo que é uma mensagem da Erica, meu coração para e minhas mãos começam a suar, _Calma Gustav, é só uma mensagem, fica calmo_. Respondo a mensagem e quase tenho uma parada cardíaca quando ela me chama para sair, _meu Deus o que eu faço? Será que eu chamo ela pra jantar? Almoçar? Chá da tarde? Chamo ela pra cá ou vamos a um restaurante? Ou um bar bem requintado?... Ou talvez eu possa chamar ela para a viagem com os motoqueiros._ Ótima idéia, a chamo e fico ansioso esperando a resposta, Oreo vem do meu lado e se deita pedindo carinho, faço cafuné em sua barriguinha estufada, típico de filhote, e a ouço ronronar, Erica aceita o convite e eu confirmo dizendo que ia buscá-la em alguns minutos, me levanto e corro escada acima para o quarto, separo roupas simples e produtos básicos de higiene, não tomo banho agora porque o fiz de manhã, não faço uma mala muito grande, coloco apenas o necessário.
Ao chegar no prédio onde ela mora eu me sinto imediatamente nervoso, estou pontualmente aqui na hora que disse que estaria, mas não consigo tocar o interfone _Com qual roupa ela vai estar? Será que vou conseguir parecer natural com ela? Ou vou deixar ela entediada por não saber conversar?_ percebo que já estou a mais de 10 minutos parado e resolvo ignorar meus pensamentos e só tocar logo o interfone.

- Alô? - diz do outro lado da linha.

- Sou eu, pode descer. - digo tentando parecer calmo.

Menos de dois minutos depois ela aparece na portaria, usando uma blusa curta e larga e um par de shorts apertados e um pouco curtos, está muito linda. Quando ela me abraça sinto meu corpo inteiro endurecer, mas me forço a relaxar e a abraço de volta, sentindo seu cheiro delicioso.

- Você está tão linda e cheirosa. - digo em um sussurro.

- O que? - ela pergunta, me desespero porque não era pra ela ter ouvido _você falou em voz alta também né animal_

- Eu quis dizer que... Você não deveria ir usando shorts, a viagem é longa e está fazendo muito sol, seria melhor colocar uma calça para não queimar suas pernas. - isso não é completamente mentira, realmente ela pode acabar tendo uma queimadura de sol com essas coxas a mostra _mas admito que gostaria que ela continuasse de shorts, a visão é muito bonita_.

- Ah... ok, vou subir bem rápido, prometo que não vai demorar, se quiser você pode vir também. - ela fala e já se vira rapidamente em direção a entrada, a sigo em silêncio tentando não transparecer meu nervosismo, vou entrar na casa dela _da pra saber muito sobre alguém só olhando o lugar onde vive_.

Assim que entramos ela fala algo mas eu não ouço, estou ocupado demais examinando o ambiente, tentando absorver qualquer informação que possa haver sobre ela no ambiente, não vejo fotos de família ou namorados, mas o ambiente é extremamente limpo e organizado. Enquanto espero vejo uma pequena gaiola pendurada no canto, com uma linda calopsita dentro, ela parece muito fofa, instintivamente me aproximo da gaiola, o passarinho permanece me olhando.

- Você deve ser bem feliz com a dona que tem.

- Piu. - ela responde, como se me entendesse.

Por impulso levo minha mão até a gaiola para fazer carinho na pequena ave, mas me surpreendo quando ela rapidamente tenta bicar meu dedo, me afasto de supetão e ouço Erica rir de leve atrás de mim.

- Se eu fosse você, eu não chegaria tão perto. A kiwi é muito ciumenta e não gosta muito das pessoas. - ela diz e eu a olho, tão linda agora de calça.

- Kiwi é um nome incrível. - digo olhando para a passarinha atrevida. - Podemos ir? - a olho com mais atenção e não consigo parar de admira-la. Distraído com minha admiração apenas falo - Caramba, você fica mais linda quando está usando calça. - assim que as palavras saem da minha boca eu coro e me arrependo de tê-las dito, e se ela não gostar desse tipo de elogio? - Me desculpe... eu não... eu só pensei em voz alta.

- Fica tranquilo, você também está bonito. - sinto a pele do meu rosto ferver, ela ri e caminhamos para a saída, mas para a minha surpresa ela pega minha mão, o toque da pequena mão dela contra a minha me dá arrepios na espinha.

Quando voltamos para a rua eu a ajudo a colocar o capacete, nesse processo minhas mãos vão para a nuca dela e um cenário onde eu a puxo e beijo aparece na minha mente _para com isso, esqueceu que somos amigos?_ afasto esses pensamentos e subimos na moto, então, para minha surpresa, ela me abraça por trás com força, posso sentir seus braços macios e suas curvas se pressionando contra minhas costas, e por um segundo travo com a sensação prazerosa, mas logo dou partida e pegamos o caminho para o Way the Hell, onde encontraremos os outros motoqueiros, já todos prontos para a viagem, assim que me vêem chegando acompanhado sorriem de forma maliciosa e falam baixo entre si.

- Grande Gusta. - diz Lucas ao me cumprimentar com um aperto de mão, ele olha para Erica e sorri para mim.

- Essa é minha amiga Erica. - a apresento, ela pega a mão de Lucas que sorri e se apresenta.

- Então essa é a menina por quem você estava chorando as pitangas umas semanas atrás? - perguntou Sérgio, um dos velhos que estavam me dando conselhos naquela noite fatídica. Coro com o que ele fala e respondo rapidamente.

- Não sei do que você está falando. - ele acompanhado de outros que ouviram a história toda começam a rir.

- Preocupa não Gusta, o amor é lindo. - eles riem mais uma vez e eu queria poder enfiar minha cara em alguma lixeira.

- Vamos parar por enquanto, estão constrangendo a moça. - agradeço Lucas com o olhar e ele me da um tapinha no ombro. - Bora meter o pé na estrada que eu quero chegar lá antes das 13h. - disse Lucas dando tapas nas costas de cada um.

-- Só se você deixar a motoquinha em casa e pegar uma moto de verdade! - respondeu um dos motoqueiros seguido de risos.

- O ruim de andar com a meia idade é que vocês não conseguem me acompanhar. - digo alto e ouço uma chuva de palavrões e buzinas, riu e Erica me acompanha, nos entre olhamos e eu percebo que ela mal falou quantos estávamos aqui. - Desculpa se algum deles te deixou desconfortável, de verdade eles só estavam brincando, você pode conversar e brincar com eles também, pode se incluir no grupo, ninguém vai achar ruim. - digo calmo, percebo que agora consigo falar melhor com ela, sem todo aquele nervosismo.

- Obrigado Gus, de verdade. - ela diz me dando o melhor dos sorrisos.

Subimos na moto de novo e ela volta a me abraçar, sorrio e damos partida finalmente em direção a praia.