Gustav:
Entramos e ela jogou a mala em um canto da sala _como sempre ela não tem nenhum senso de limpeza e arrumação_.
- Seja direta, por favor, eu tenho que trabalhar amanhã cedo. - digo sem deixar nenhum sentimento transparecer, ela não merece nada vindo de mim.
- Se é assim que prefere, vou direto ao ponto. - se sentou no meu sofá, mas eu permaneci em pé. - Kevin me largou por uma vagabunda mais nova e me deixou sem absolutamente nada depois do divórcio. - o rosto dela e contraiu, como se fosse difícil dizer a próxima frase - Eu preciso da sua ajuda para sobreviver.
Não contenho minha risada de deboche.
- Acho que o karma é mais real do que eu pensei que fosse, Magda. - ela contorceu a cara em uma careta de desgosto. - Um dia eu sou chutado daquela mansão sem um pão amassado para comer na viagem, mas os anos passaram e olha só, os papéis se inverteram, a vida é cheia de surpresas.
- Não pense que estou feliz com isso Gustav, não pense que fiquei feliz em te chutar de lá. Sabe... Foi tudo o Kevin! Ele quem te odiava e...
- Para de mentir! - a interrompi falando mais alto, a expressão de mulher boazinha e sofrida se desfez e deu lugar a um olhar sanguinário e um sorriso de escárnio se fez em seus lábios. Senti meu telefone vibrar no meu bolso, mas apenas ignorei.
- Tem razão. Vamos ser claros aqui. Eu poderia ter te abortado quando ainda era do tamanho de um grão de areia, mas a sua avó me impediu. E quando você nasceu eu poderia ter te largado em qualquer caçamba de lixo que eu visse pela frente. Mas eu tive dó, Gustav! Dó! Mas aí você cresceu, mais parecido comigo impossível, mas esses olhos... São os mesmos olhos do seu pai, os olhos que me assombram, que me olham com desprezo. Você sempre foi assim, sempre teve uma maldade, não sei, alguma coisa ruim por trás desses olhos, idêntico ao Darci. - ela se levantou e andou até mim, olhando no fundo dos meus olhos. - Seu pai foi o demônio que me tirou tudo, e você, é a cria demoníaca dele, que veio para pisar e jogar vinagre nas minhas feridas. Mas você me deve Gustav. - cravou a unha vermelha pontiaguda no meu peito. - Você me deve a sua vida, porque eu sou a sua mãe.
Me afastei dela, sentindo suas palavras queimarem como ácido percorrendo as minhas veias, meus olhos começaram a latejar em uma enxaqueca repentina.
- Você está completamente louca, demônio, cria demoníaca? Isso é insanidade Magda. - disse com a voz mais fraca do que gostaria.
- O ponto é, que você vai me ajudar a me reerguer, querendo ou não. Vou dormir agora, a viagem foi extremamente cansativa. Amanhã nos vemos meu filho. - as últimas palavras foram ditas com um desgosto inimaginável. Ela pegou a mala e começou a subir as escadas, sem olhar para trás.
Sento no sofá e me sinto 10 anos mais velho, sinto como se minha energia tivesse sido sugada. Meu celular toca de novo, mas dessa vez eu não ignoro, olho a tela e vejo que é o irmão da Érica.
- Alô. - digo quando atendo.
- Fala, cara. Aconteceu uma coisa por aqui, o desgraçado que está perseguindo a Érica entrou aqui em casa, eu vi ele pela câmera e sensor de movimento. O filho da puta quase sequestrou ela, sorte que eu cheguei a tempo. Foi tudo muito rápido, ele não ficou nem cinco minutos aqui dentro mas ela está completamente fora de si, como é de se esperar. Não tem como você vir aqui para dar um consolo para ela? - meu cérebro já sobrecarregado vai absorvendo as palavras vagarosamente, mas quando entendo tudo me levanto em um pulo, sentindo todos os problemas ficando de lado e meu foco sendo direcionado exclusivamente para Érica.

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Meetings and Disagreement
RomanceEle é um cara introvertido que não tem simpatia como uma das suas qualidades por conta da sua timidez. Ela é uma mulher jovem, comunicativa e educada. Eles vivem se encontrando por acaso e ambos não querem admitir para si mesmo que existe uma conexã...