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m a r c a    o b s c u r a

Draco não podia dizer com sinceridade que conseguia descrever os eventos que seguiram com clareza. Em um segundo, estava dormindo pacificamente na barraca onde estava com Ari e, no próximo, ele segurava a mão do mais velho enquanto corriam pelo acampamento. Caçoadas em voz alta, risadas e berros de bêbedos se aproximavam; depois uma forte explosão de luz verde, que iluminou a cena.

Um grupo compacto de bruxos, que se moviam ao mesmo tempo e apontavam as varinhas para o alto, vinha marchando pelo acampamento. Draco apertou os olhos para enxergá-los... não pareciam ter rostos... então ele percebeu que tinham as cabeças encapuzadas e os rostos mascarados. No alto, pairando sobre eles no ar, quatro figuras se debatiam, forçadas a assumir formas grotescas. Era como se os bruxos mascarados no chão fossem titereiros e as pessoas no alto, marionetes movidas por cordões invisíveis que subiam das varinhas erguidas. Duas das figuras eram muito pequenas.

Mais bruxos foram se reunindo ao grupo que marchava, riam e apontavam para os corpos no ar. Barracas se fechavam e desabavam à medida que a multidão engrossava. Uma ou duas vezes Draco viu um bruxo explodir uma barraca com a varinha para desimpedir o caminho. Outras tantas pegaram fogo. A gritaria foi se avolumando.

As pessoas no ar foram repentinamente iluminadas ao passarem sobre uma barraca em chamas, e Draco reconheceu uma delas – o Sr. Roberts, o gerente do acampamento. As outras três, pelo jeito, deviam ser sua mulher e seus filhos. Um dos arruaceiros virou a Sra. Roberts de cabeça para baixo com a varinha; a camisola dela caiu deixando à mostra suas enormes calças; ela tentava se cobrir enquanto a multidão embaixo dava guinchos e vaias de alegria.

Draco não conseguiu conter os calafrios que percorriam seu corpo com a visão. Ele já ouvira de Regulus as coisas que os Comensais fizeram. Sabia como se pareciam e o que esperar deles. Ainda sim, era vastamente diferente ouvir sobre algo e ver aquilo acontecendo bem na sua frente.

"Você precisa ajudar as pessoas do ministério!" Draco disse para Ari entre a gritaria. Ela forçou um pouco mais o aperto que tinha na palma do garoto.

"Está louco? Não vou deixá-lo sozinho. Vem."

Eles olharam para trás ao alcançarem as árvores. Os manifestantes sob a família Roberts eram mais numerosos que nunca; os garotos viram os bruxos do Ministério tentando chegar aos bruxos encapuzados no centro, mas encontravam grande dificuldade. Aparentemente estavam com medo de executar algum feitiço que pudesse fazer a família Roberts despencar.

As lanternas coloridas que antes iluminavam o caminho para o estádio tinham sido apagadas. Vultos escuros andavam perdidos entre as árvores; crianças choravam; ecoavam gritos ansiosos e vozes cheias de pânico por todo o lado no ar frio da noite.

"Draco!"

O coração do loiro quase pulou para fora de seu peito quando sentiu um toque distinto em seu ombro. Virou-se, imediatamente apontando a varinha, apenas para encontrar o rosto familiar de Harry.

"Por Merlim, Potter, você quase me dá um ataque cardíaco." Resmungou Draco, abaixando a varinha.

"Vocês estão todos bem?" Ari perguntou para Potter, Hermione e Ron ali reunidos. O ruivo assentiu.

"Estamos. Encontramos Harry rapidamente e viemos para cá. Perdemos Fred, George e Ginny no caminho, mas tenho certeza que estão bem."

"Vou ficar com eles." Declarou Draco, observando a expressão conflituosa de Ari. "Vai ajudar. O ministério precisa de todo mundo que puder e eu vou ficar escondido. Vou ficar bem. Prometo."

Ari suspirou, mas assentiu. Elu se abaixou levemente para ficar cara a cara com o mais novo. "Você tome cuidado, ouviu? Qualquer sinal de perigo, foge. Vou te achar depois."

O Torneio de Sangue - O menino que sobreviveu 4Onde histórias criam vida. Descubra agora