J e g u l u s
"James, solta." Disse Regulus, olhando para Potter com o olhar nada entretido, apesar de interiormente tentar suprimir um sorrisinho idiota que ele sabia que o fazia parecer um bobo apaixonado - uma definição que ele admitia apenas para si mesmo ser extremamente precisa.
James, no entanto, sempre soube ler Regulus como ninguém, seu sorrisinho crescendo, sua mão ainda segurando a do mais novo, tentando o impedir de ir embora. Os dois estavam na suite principal da residência Potter, onde Regulus havia tentado - e falhado miseravelmente - não aparecer, apesar do convite que havia recebido no dia anterior de James e Lily. Os três haviam passado o dia juntos, antes de Lily os deixar sozinhos para cuidar da livraria que havia fundado na cidade.
Agora Regulus sabia que estava na hora de ir. Entre ficar de olho em Barty, tentar achar e resgatar Evan, pensar em modos como destruir Voldemort e cumprir os deveres que tomou responsabilidade por no instante que decidiu criar Draco, Regulus não tinha tempo para gastar. No entanto, diante dos olhos cor de avelã de James Potter, era extremamente difícil manter-se firme em sua decisão de ir embora.
"Fica comigo mais um pouco." Murmurou o auror, sentado na cama, segurando a mão de Regulus e fazendo um biquinho que definitivamente não deveria ser tão atraente em um homem de trinta e cinco anos. Em James Potter, no entanto, era.
Regulus suspirou pesadamente, olhando de cima para os olhos de James, se encontrando mais alto que o mais velho apenas pelo auror estar sentado e ele em pé.
"Você não devia estar trabalhando?" Apontou Regulus. "Nos tempos que estamos, não achei que aurores tivessem tempo para gastar se envolvendo com um antigo comensal da morte."
James se pôs de pé na frente de Regulus, agora pairando sob o mais novo. Ele estreitou seus olhos castanhos por trás dos óculos e segurou o rosto pálido do sonserino em suas mãos. O contraste entre a pele escura marcada de cicatrizes e a pele clara injustamente intocada nunca deixava de fascinar Regulus.
"Para de se resumir a isso." Murmurou James, aproximando seu rosto e pressionando um único delicado beijo nos lábios de Regulus. "Você é mais que essa marca no seu braço."
Regulus pensou em dizer que não era. Já havia sido resumido apenas por essa Marca tantas vezes, por tantas pessoas. Por si mesmo, por seus pais, Sirius, todo o resto de sua família, Dumbledore, a Ordem da Fênix... até James e Lily. No entanto, o tempo que passou no último ano encontrando o casal - sem chamar atenção de mais ninguém -, trouxe perdão o bastante, dos dois lados, para que ele não apontasse os problemas enfrentados no passado.
"Não importa." Respondeu Regulus em voz baixa, deixando James descansar a testa na sua. Sua visão estava completamente preenchida pelo avelã dos olhos do grifinório, mas ele não se importou. Se pudesse escolher, essa seria uma das duas únicas cores que seria capaz de ver pelo resto de sua vida. "Continuo estando certo. Nós dois temos coisas demais para fazer para perder tempo um com o outro, James."
"Está me chamando de perda de tempo?" Questionou o mais velho, afastando o rosto para encontrar os olhos de Regulus, arqueando uma sobrancelha em indignação. Regulus revirou os olhos.
"Sabe que não quis dizer assim."
James deixou escapar uma risadinha. "Eu sei. Gosto de mexer com você do mesmo jeito."
Mais uma vez, ele puxou o sonserino para perto pelo aperto que tinha em sua cintura e juntou os lábios dos dois. Como sempre, Regulus sentiu que sua mente parou de funcionar por um instante, como se seu universo girasse em torno de James Potter. Era estúpido, mas Regulus havia entendido muitos anos antes que, não importa o quanto ele tentasse, nunca conseguiria tirar a impressão deixada em sua alma pelo grifinório. Era injusto, indignante e completamente idiota, mas tão imutável e permanente quanto a Marca que Regulus carregaria em seu braço pelo resto da sua vida.
Era um sentimento destrutivo que Regulus havia tentado se livrar diversas vezes, mas que havia falhado em todas elas. Inevitável, era a palavra que James Potter representava para Regulus Black. Antes da Marca, antes de Regulus brigar com Sirius, antes até de Regulus se apaixonar também por Lily... James Potter era inevitável antes mesmo de Regulus conhecê-lo, quando apenas a menção de seu nome trazia raiva pela relação do grifinório com Sirius.
Lily Evans - agora Lily Potter - aconteceu com o tempo. Um amor iniciado com ciúmes, que se transformou em amizade, entendimento, e depois romance. Ela foi uma tempestade que iniciou-se com um chuvisco, transformando-se em um temporal lentamente devastador. James Potter, no entanto, foi um furacão. Quando foi possível vê-lo chegar, já era uma catástrofe por si só, inevitável.
"Tenho que ir." Murmurou Regulus ao afastar-se minimamente, sua mão tendo subido para os cachos de James, brincando involuntariamente com os fios castanhos.
James suspirou, mas assentiu. "Eu sei, você está certo. Não temos tempo." Seus olhos afundaram-se nos cinzas de Regulus por um instante antes de um sorrisinho preencher seus lábios. "Escreve para mim e para Lily, ok?"
"Hm." Murmurou o sonserino, assentindo. FIcou de pontinha por um instante para dar um último beijo rápido no outro homem antes de se afastar. "Até mais, James."
James o encarou com um olhar suave que derreteu o coração do mais novo. "Até mais, Reg."
Regulus assentiu, fingindo que não sentia suas bochechas corarem como as de um maldito adolescente ao abrir a porta e deixar o quarto. Ao fechá-la atrás de si, ele se apoiou contra a madeira por um instante, tomando um momento para respirar fundo e tentar acalmar seu ridículo e patético coração.
Após longos segundos, Regulus fez o caminho pelo resto do corredor, decidido a deixar a residência e aparatar de volta para Grimmauld, onde Barty o esperava. No entanto, assim que entrou no corredor de entrada, deu de cara com Harry Potter, que, por sua vez, não parecia nem um pouco surpreso ao vê-lo ali.
Não é como se Regulus, James e Lily estivessem se escondendo. Eles não saiam anunciando por aí o relacionamento que estavam lentamente reconstruindo entre si, mas muitas das pessoas mais próximas a eles sabiam. Ainda sim, Regulus sentiu-se novamente em seu quinto ano da escola quando escapou para encontrar James no vestiário e Sirius encontrou os dois se beijando contra os armários.
"Ah, olá Harry." Disse Regulus, tentando não brincar com os próprios dedos em um ato nervoso. O que era ridículo, porque ele estava encarando um menino de quatorze anos quando ele próprio era um adulto.
"Oi." Murmurou o garoto em resposta, parecendo nervoso de uma forma nada característica. Ele parecia tanto com seu pai que Regulus queria fugir.
"James está no..."
"Estava procurando por você, na verdade." Interrompeu o grifinório, seus olhos verdes encarando Regulus com determinação imutável, apesar da ansiedade aparente. Regulus arqueou as sobrancelhas em surpresa com a declaração, curiosidade enchendo seu peito.
"Por mim?" Questionou, intrigado.
Harry assentiu. "Podemos conversar?"
Regulus analisou o menino por um instante antes de assentir. Bem... Isso definitivamente seria interessante.
N/A: Acabamos esse livro por aqui gente!! Espero que tenham gostado do rumo da história. Pretendo trazer diversas coisas novas para o próximo livro, só aguardar. Vou deixar um aviso aqui quando estiver postado o próximo.
Deixem seus comentários, ideias e avaliações da história por favor, ajuda muito! Obrigada por acompanharem, e vejo vocês já já com mais conteúdo.
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O Torneio de Sangue - O menino que sobreviveu 4
FanfictionDraco realmente estava esperando um ano tranquilo. Depois de resolver o problema que era Peter Pettigrew e ter seu padrinho morando consigo, ele não conseguia ver muitos problemas pela frente. Até mesmo o torneio extremamente perigoso e irresponsáve...