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O    c o m e ç o . . .    D o    f i m

Quando relembrou os acontecimentos, mesmo um mês depois, Draco descobriu que havia pouco a se lembrar dos dias que se sucederam. Era como se ele tivesse passado por coisas em excesso para poder absorver mais alguma. As lembranças que guardara eram muito dolorosas. A pior talvez tivesse sido o encontro com os Diggory, que ocorreu na manhã seguinte. Eles não o culparam pelo que acontecera; pelo contrário, ambos lhe agradeceram por ter trazido o corpo do filho de volta. O Sr. Diggory soluçou a maior parte da entrevista. A dor da Sra. Diggory parecia ter ultrapassado o consolo das lágrimas.

"Ele sofreu pouco, então." Disse ela, depois que Draco lhe contou como Cedrico havia morrido. "Afinal, Amos... ele morreu no momento em que venceu o torneio. Devia estar muito feliz."

Ao se levantarem, ela olhou para Draco e disse:

"Cuide-se bem."

Draco apanhou o saco de ouro na mesa de cabeceira.

"Podem levar." Murmurou para a senhora. "Ele ganhou."

Mas ela se afastou dele. "Ah, não, é seu, querido, não poderíamos... fique para você."

"Peguem metade pelo menos." Insistiu Draco. "Nós dois alcançamos a Taça ao mesmo tempo, então nós dois ganhamos. É apenas justo."

Eles claramente hesitaram, mas eventualmente aceitaram metade do ouro. Draco ficou satisfeito. Não sabia o que iria fazer com aquele prêmio, afinal. Era apenas uma lembrança que ele preferia apagar.

Na noite seguinte, Draco retornou à Sala Comunal da Sonserina. Pelo que Pansy e Blaise disseram, Dumbledore se dirigira à escola naquela manhã, ao café. Pedira apenas que deixassem Draco em paz, que ninguém lhe fizesse perguntas nem o aborrecesse pedindo que contasse o que acontecera no labirinto. A maioria dos colegas, notou Draco, estava lhe dando distância nos corredores, evitando olhá-lo. Alguns cochichavam tampando a boca com as mãos quando o garoto passava. Ele imaginou que muitos teriam acreditado no artigo de Rita Skeeter sobre sua perturbação mental e a possibilidade de ser perigoso. Talvez estivessem formulando as próprias teorias sobre a morte de Cedrico.

Gostava mais quando estava com Blaise e Pansy e conversavam de outras coisas ou então eles o deixavam ficar calado enquanto jogavam xadrez. Sentia que os três haviam chegado a um entendimento que não precisava ser expresso com palavras; que cada um estava à espera de um sinal, uma palavra, sobre o que estava acontecendo fora dos muros de Hogwarts – e que era inútil especular até que soubessem de alguma coisa ao certo. A única vez em que tocaram no assunto foi quando Draco recebeu uma carta de Regulus e Pansy perguntou se seu pai havia trazido consigo alguma novidade.

"Nada novo." Disse ele. Não era verdade.

Barty Crouch aparentemente estava oferecendo diversas informações á Regulus sobre operações de Comensais, planos e segredos de Voldemort. Seu pai não entrou em muitos detalhes, já que apesar da carta revelar seus conteúdos apenas no toque da varinha de Draco, o homem estava sendo cauteloso. Draco teve a sensação, porém, através de suas palavras, que Regulus estava meio hesitante em tocar no nome de Crouch diante de tudo que o homem havia feito com Draco.

Não havia necessidade, no entanto. Se alguém entendia como era fazer tudo por alguém que ama, essa pessoa era Draco. Ele faria por seus amigos também, independentemente das consequências. Além disso, Draco sabia que Regulus precisava disso. Dois amigos que achava que estavam mortos e Regulus tem a chance de recuperá-los... Draco não seria capaz de tirar isso dele.

Não queria dizer, no entanto, que Draco estava animado para se ver cara a cara com Barty Crouch Jr.


O Torneio de Sangue - O menino que sobreviveu 4Onde histórias criam vida. Descubra agora