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P r i m e i r a    P r o v a

Na manhã seguinte, Draco acordou com nervosismo embrulhando seu estômago. A atmosfera na escola era de grande tensão e excitação. As aulas iam ser interrompidas ao meio-dia, dando a todos os estudantes tempo para descer até o cercado dos dragões – embora, é claro, eles ainda não soubessem o que encontrariam lá. Draco sentiu-se estranhamente isolado de todos à sua volta, tanto dos que lhe desejavam boa sorte quanto dos que o vaiavam. Era um nervosismo tão intenso que ele ficou imaginando se poderia perder a cabeça quando tentassem conduzi-lo ao dragão e ele começasse a xingar todo mundo que estivesse à vista.

O tempo estava mais esquisito que nunca, transcorria em grandes lapsos, de modo que num momento Draco estava sentado assistindo à primeira aula, História da Magia, e, no momento seguinte, saindo para almoçar... depois (aonde fora a manhã? As últimas horas sem dragão?) o Prof Slughorn caminhava para ele no Salão Principal. Um montão de gente estava olhando.

"Sr Malfoy, os campeões têm que descer para os jardins agora... você tem que se preparar para a primeira tarefa."

Draco engoliu em seco e assentiu, levantando-se.

"Boa sorte, cara." Blaise murmurou, e Pansy segurou a mão do loiro, dando um rápido aperto antes de soltá-la. Draco olhou para os dois por segundos a mais antes de afastar-se com o coração martelando.

O garoto deixou o Salão Principal com o Prof Slughorn. Ele o conduzia ao lugar onde estavam os dragões, margeando a Floresta, mas quando se aproximaram do arvoredo por trás do qual o cercado estaria claramente visível, Draco viu que haviam armado uma barraca, com a entrada voltada para quem chegava, que impedia a visão dos dragões.

"Entre, entre. O Sr. Bagman está aí dentro... ele lhe dirá como... proceder... boa sorte." Disse o professor, e Draco murmurou um leve agradecimento antes de entrar.

Fleur Delacour estava sentada a um canto, em um banquinho baixo de madeira. Não parecia nem de longe a garota habitualmente composta, parecia um tanto pálida e suada. Viktor Krum parecia ainda mais carrancudo do que de hábito, o que fez Draco supor que aquela era a sua maneira de demonstrar nervosismo. Cedric andava para lá e para cá. Quando Draco entrou, ele deu ao garoto um breve sorriso, que Draco respondeu com um breve movimento de sua cabeça.

"Draco, que bom! Entre, fique a vontade." Exclamou Bagman alegremente, virando-se para olhá-lo. Bagman por alguma razão parecia um personagem de quadrinhos grande demais, parado ali entre os campeões pálidos. Trajava as antigas vestes do Wasp.

"Bom, agora estamos todos aqui, hora de dar a vocês informações mais detalhadas! Quando os espectadores acabarem de chegar, vou oferecer a cada um de vocês este saco" ele mostrou um saquinho de seda púrpura e sacudiu-o diante dos garotos ", do qual vocês irão tirar uma miniatura da coisa que terão de enfrentar! São diferentes... hum... as variedades, entendem. E preciso dizer mais uma coisa... ah, sim... sua tarefa será apanhar o ovo de ouro!"

Draco olhou à sua volta. Cedric acenou a cabeça para indicar que compreendera as palavras de Bagman, e então recomeçara a andar pela barraca; parecia ligeiramente esverdeado. Fleur Delacour e Krum não tiveram a menor reação.

Pouco depois, ouviram-se centenas e mais centenas de pés passando pela barraca, seus donos excitados, dando risadas e fazendo piadas... Draco se sentiu tão isolado da multidão como se pertencesse a uma espécie diferente. Então – lhe pareceu que transcorrera apenas um segundo –, Bagman estava abrindo a boca do saquinho púrpura.

"Primeiros as damas." Disse ele, oferecendo a Fleur o saquinho.

Ela enfiou a mão trêmula no saquinho e retirou uma minúscula e perfeita figurinha de dragão – um Verde-Galês. Tinha o número "dois" pendurado ao pescoço. Krum, depois dela, tirou o Meteoro-Chinês vermelho. Tinha o número "três" pendurado ao pescoço. Ele sequer piscou, apenas olhou para o chão. Cedric enfiou a mão no saquinho e retirou o Focinho-Curto sueco cinza-azulado, o número "um" pendurado ao pescoço. Sabendo o que sobrara, Draco meteu a mão no saquinho de seda e tirou o Rabo-Córneo húngaro e o número "quatro". O dragão abriu as asas quando o garoto o olhou e arreganhou os dentes minúsculos.

O Torneio de Sangue - O menino que sobreviveu 4Onde histórias criam vida. Descubra agora