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D e    v o l t a    p a r a    c a s a

Jullian aproximou-se de Draco, que tentou se aprumar para sustentar o corpo antes que as cordas fossem desamarradas. Jullian ergueu a nova mão prateada, puxou o chumaço de pano que amordaçava Draco e então, com um único movimento, cortou as cordas que prendiam o garoto à lápide. Houve talvez uma fração de segundo em que Harry poderia ter pensado em fugir, mas sua perna machucada estremeceu sob o peso do corpo quando ele firmou os pés no túmulo malcuidado, ao mesmo tempo que os Comensais da Morte cerraram fileiras, apertando o círculo em torno dele e de Voldemort, e os claros que seriam dos Comensais da Morte ausentes se fecharam.

Jullian saiu do círculo e foi até onde jazia o corpo de Cedric, e voltou trazendo a varinha de Draco, que ele enfiou com brutalidade na mão do garoto sem sequer olhá-lo. Depois, Draco retomou seu lugar no círculo de comensais que observavam.

"Você aprendeu a duelar, Draco Malfoy?" Perguntou Voldemort suavemente, seus olhos vermelhos brilhando no escuro.

Ao ouvir a pergunta Draco se lembrou, como se pertencesse a uma vida anterior, do Clube dos Duelos em Hogwarts que ele frequentara brevemente há dois anos... Ele jamais aprendera nada que o tivesse preparado minimamente para uma situação dessas. Sabia que estava enfrentando aquilo contra o qual Moody sempre o alertara... a Maldição Avada Kedavra, impossível de bloquear – e Voldemort tinha razão –, desta vez a mãe de Draco não estava ali para morrer por ele... não contava com proteção alguma...

"Nos cumprimentamos com uma curvatura, Draco." Disse Voldemort, se inclinando ligeiramente, mas mantendo o rosto de cobra erguido para Draco, que manteve-se de pé, erguendo levemete o queixo, mesmo quando tudo que ele queria fazer era desabar. "Vamos, as boas maneiras devem ser observadas... Dumbledore gostaria que você demonstrasse educação... curve-se para a morte, Draco..."

Os Comensais da Morte deram novas gargalhadas. A boca sem lábios de Voldemort riu. Draco não se curvou. Não ia deixar o bruxo brincar com ele antes de matá-lo... não ia lhe dar essa satisfação...

"Eu disse, curve-se." Repetiu Voldemort, erguendo a varinha, e Draco sabia o que o bruxo iria fazer antes mesmo de sentir o feitiço, e agradeceu ás aulas de Moody naquele momento, pois conseguiu se preparar o bastante para se manter de pé mesmo quando Voldemort tentava controlar seu corpo.

"Não." Respondeu Draco com firmeza, e Voldemort pareceu revoltado por ser desobedecido dessa maneira na frente de seus súbitos.

"Muito bem... Vamos ao duelo então." O bruxo ergueu a varinha antes que Draco pudesse fazer alguma coisa para se defender, antes que pudesse sequer se mexer, e ele foi atingido pela Maldição Cruciatus.

A dor foi tão intensa, e tão devoradora, que Draco já nem sabia onde estava... facas em brasa perfuravam cada centímetro de sua pele, sua cabeça, sem dúvida alguma, ia explodir de dor; ele gritava mais alto do que jamais gritara na vida...

Então tudo parou. Draco se virou e tentou ficar em pé; tremeu descontrolado, cambaleou para os lados na direção dos Comensais da Morte ao redor, e eles o empurraram de volta a Voldemort.

"Agora sim você se curvou." Disse Voldemort, satisfeito. "Uma pequena pausa, uma pequena pausa... isso doeu, não foi, Draco? Você não quer que eu faça isso outra vez, quer?"

Draco não respondeu. Ia morrer como Cedric, era o que aqueles olhos vermelhos e cruéis estavam lhe dizendo... ia morrer, e não havia nada que pudesse fazer para evitá-lo... mas não ia facilitar. Não ia obedecer a Voldemort... não ia suplicar.

"Perguntei se quer que eu faça isso outra vez." Disse Voldemort gentilmente. "Responda! Imperio!"

E Draco a sensação de que todos os pensamentos tinham se apagado de sua mente... ah, foi uma felicidade, não pensar, foi como se estivesse flutuando, sonhando... apenas responda "não"... diga "não"... apenas responda "não"... Não direi, falou uma voz mais forte no fundo de sua cabeça, não responderei... Apenas responda "não"... Não vou responder, não vou dizer isso... Apenas responda "não"...

O Torneio de Sangue - O menino que sobreviveu 4Onde histórias criam vida. Descubra agora