8| Mestre da manipulação - Parte 1

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PENSOU QUE talvez naquele dia poderia haver alguma ação e finalmente poderia sair de trás daquela mesa, mas estava enganado novamente. O colocaram no mesmo lugar desconfortável, para ler os mesmos relatórios. Estava ficando entediado e com sono, ler tantas palavras nunca foi sua melhor habilidade, a menos que fossem livros, porém, aquele relatório se revelara uma completa perda de tempo. Sem mais nenhuma intenção de ficar lendo tantas baboseiras, pegou o bloco de notas e o lápis que haviam lhe dado e começou a desenhar, a princípio seria apenas algo sem sentido, talvez apenas uma paisagem boba, mas ao ver Melina encostada na mesa de Maxine, conversando algo sobre um caso, resolveu desenhá-la. Talvez lhe desse uma forma monstruosa naquele desenho. Não estaria de todo errado, aquela carinha bonita escondia uma personalidade assustadora.

Apesar de seus olhos estarem presos no bloco e em seus dedos ágeis sobre o papel, seus ouvidos estavam incrivelmente aguçados, ouvindo a conversar das agentes.

— Ele vai se encontrar com a vítima no restaurante Lusitano hoje. – Informava Maxine.

— Podemos pegá-lo em flagrante.

— É uma boa ideia, mas precisamos apreender o celular também, Sabrina disse que as informações mais importantes estão nele.

— Vou traçar um plano, prepare a papelada enquanto me encaminho para lá. Pode deixar tudo pronto para quando eu chegar com ele.

— Não vai dar certo. – Se intrometeu Dorian, ainda com os olhos fixos no papel.

Um pouco surpresas com a intromissão, as duas se voltaram rapidamente para ele, era impressionante como suas sobrancelhas se elevaram ao mesmo tempo em uma pergunta silenciosa e quando Dorian finalmente ergueu os olhos, percebeu que ambas esperavam uma resposta vinda dele.

— O quê? Eu só disse a verdade.

— É mesmo, gênio? E o que o faz pensar assim?

Dorian deixou o bloco de notas e o lápis de lado e se levantou, caminhando na direção delas. Antes de responder de fato, tirou uma sujeira invisível do colete cinza, que compunha um conjunto com a calça social e a camisa, apenas para provoca-las e deixa-las em expectativa. Quando achou que havia provocado demais, finalmente respondeu:

— Pensei que já soubessem disso. Podem até pensar que por serem federais podem fazer qualquer coisa e montar um flagrante, mas garanto que quem quer que seja seu criminoso usará isso a favor dele. Se vai se encontrar em um lugar público, significa que quer estabelecer algum tipo de segurança, para que haja testemunhas caso algo saia de seus planos.

— Isso é óbvio, o cara é um chantagista profissional.

— Ah, então estamos tratando de extorsão? Muito bem, ouvi vocês dizerem que as informações mais importantes ele guarda no celular dele, mas se o prenderem alegando flagrante ele pode muito bem reverter essa situação contra vocês. Eu faria isso. Pensem bem, estariam em público, hoje em dia as pessoas filmam qualquer coisa, ele poderia muito bem queima-las diante de todos, usando a boa e velha desculpa de abuso do poder, ninguém iria dar créditos a vocês duas. Um cara tão esperto não falaria nada sem um advogado, tampouco entregaria o celular, então duvido muito que conseguiriam o celular dele de forma legal, logo, vocês voltariam à estaca zero. Principalmente se ele alegar que era somente uma conversa entre amigos. Quem iria pensar que alguém iria em um restaurante para chantagear?

— Poderíamos usar a vítima como testemunha. – Argumentou Max, cruzando os braços.

— E você acha mesmo que alguém que está sendo chantageado e tem algo a perder iria colaborar? E mesmo que colaborasse, sem o celular não poderiam provar que ele estava fazendo isso com mais pessoas. Teriam apenas uma vítima e testemunha, isso se a pessoa em questão concordasse em colaborar.

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