14| Romeu e Julieta - Parte 1

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"Nota: Não se deixem enganar pelo título."


NO DIA que se seguiu, Melina continuou com a mesma rotina de buscar Dorian no galpão. Aparentemente ele havia se adaptado muito bem ao lugar e até o chamava de casa, havia dias que ele nem mesmo queria sair dali.

Enquanto o esperava dentro do carro, imaginava como ele estaria naquela manhã, no dia anterior ele parecera assustado com a hipótese de Corbeau estar atrás dele, particularmente desejava que ele esquecesse e sequer notasse que haviam dobrado a vigilância sobre ele. Não se sentia confortável, tampouco desejava desconfiar de Dorian, mas se havia alguma coisa nele que Corbeau desejava, deveriam manter vigília constante.

Deixou os pensamentos de lado e abriu um sorriso sincero quando o viu entrar no carro e fechar a porta, porém, a postura brusca dele e o fato de Dorian sequer lhe encarar, a fizeram perceber que algo estava muito errado. Quando estava prestes a perguntar o motivo daquela atitude dele, Dorian se adiantou, ditando:

— Eu não vou mais ajudar no caso do Corbeau.

— O quê? – Bradou Melina indignada – Como assim? Por que isso agora?

— Porque não quero mais ajudar.

— E de repente você resolveu isso? Dorian, aconteceu algo?

— Não, não aconteceu. – Ele continuou virado para frente, observando a rua, sem sequer se atrever a olhar para Melina.

— Como não aconteceu? Você simplesmente acordou hoje e resolveu quebrar o trato que temos. Tem noção do que pode acontecer com sua desistência?

— Sim, eu sei. – Respondeu ele, rispidamente, daquela vez a encarando com intensidade – Pode me mandar de volta para a cadeira, pode me jogar em qualquer lugar, agente, mas eu não vou mais ajudar.

Melina respirou fundo, desviando os olhos de Dorian e se aquietando por alguns segundos. Ela sabia que havia algum motivo, ele não teria desistido simplesmente porque queria, podia ver nos olhos de Dorian que havia algo errado, porém, ele jamais admitiria. E embora desejasse que não, sabia que a desistência dele estava relacionada com a ameaça que os cercava.

— Olha, não vamos discutir isso agora. Vamos começar nosso dia e depois conversamos.

— Não haverá conversa, eu já disse que não vou ajudar e ponto.

— Tudo bem, Dorian, como quiser. – Disse ela, com toda a calma que foi capaz – Olha... podemos deixar isso de lado por enquanto. Temos um caso relativamente fácil e mais tranquilo hoje, um falsificador de notas que está conseguindo burlar até os bancos e não sabemos como. Temos algumas informações dele já e pretendemos apanhá-lo hoje quando ele for ao banco. Nos ajude em mais esse caso e depois pensamos na sua situação. – Quando Dorian aparentou ainda estar receoso, Melina completou rapidamente – Ele não tem nenhuma relação com o Corbeau, é só um criminoso de quinta categoria que tem deixado seus rastros muito claros para o seguirmos.

Dorian abaixou os olhos e pareceu pensar por alguns segundos, a agente até pensou que ele não daria nenhum tipo de resposta, mas de repente ele ergueu a cabeça e um sorriso cruzou seus lábios, parecendo se divertir com a situação. Estava totalmente diferente do que era há segundos antes e Melina até se surpreendeu com a mudança de humor tão brusca, mas resolveu não dizer nada e apenas esperar pela resposta dele.

— Tudo bem, eu ajudo em mais essa. Talvez eu esteja precisando de uma distração.

— Ótimo. – Respondeu ela, dando partida no carro – Vamos direto para o banco central, Max já está nos esperando lá.

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