16| Venus e Adônis - Parte 3

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DORIAN AINDA apertava freneticamente as teclas do telefone, repetindo sem parar o código que passava, na esperança de que Melina conseguisse entender o que ele queria dizer, tinha a confiança de que a agente seria esperta o suficiente para decifrar aquilo. Não poderia ter arriscado sua vida para acabar em nada.

Por alguns instantes pensou que não seria notado ou que os criminosos estavam distraídos o suficiente com qualquer movimentação ao redor, porém, sua farsa não demorou muito para desmoronar, o mesmo homem que outrora encostara a arma em seu pescoço pareceu notar sua movimentação e se aproximou rapidamente esbravejando:

- O que está fazendo? Escondendo algo, hã? - Novamente Dorian foi puxado pelo colarinho, enquanto outro criminoso se aproximava e puxava seu braço, relevando o telefone que segurava - Estava ligando para a polícia, seu desgraçado?

- N-não, eu estava ligando para minha mãe!

O que havia tomado o telefone das mãos de Dorian se aproximou mais e debochou:

- Ah, ele ligou para a mamãe! Acha mesmo que acreditamos nisso?

- Eu j-juro. - Gaguejou Dorian.

Sentiu novamente o cano da arma encostar em si, mas dessa vez na têmpora, ouviu as pessoas ao redor iniciarem um novo murmúrio, assustadas com o que estava prestes a acontecer, os dois criminosos não pareciam estar brincando, e o que estava com a arma em mão, disse antes de engatilhar:

- Nós avisamos para não tentar nada.

Dorian sabia que não havia mais saída, aquele seria o seu fim e odiou que fosse daquela forma. Morto em um assalto a banco. Qual a emoção daquilo? Já poderia até ver as manchetes nos jornais "Assalto a banco termina com civil morto". O pior seria nem mesmo ficarem sabendo quem ele era, sequer se lembrariam de seu nome na semana seguinte.

Diziam que a vida passa diante dos olhos na hora da morte, mas naquele momento Dorian constatou que era a pior mentira de todas, porque tudo o que passava na sua mente naquele momento, era se segurar sua bexiga para que sua morte não fosse mais vergonhosa.

Ouviu um novo clique da arma e a pressão sobre sua têmpora aumentou. Era o fim. Não teria nenhuma chance. A menos que...

- Atire em mim e terá de se entender com Corbeau. - Blefou.

O criminoso hesitou por alguns instantes, encarando o companheiro que estava a seu lado. A pressão do cano da arma também cedeu, enquanto os olhos do homem se estreitavam, desconfiados.

- Está blefando.

- Estou? Quer pagar para ver? Acha mesmo que se eu fosse um simples civil eu saberia quem é Corbeau? - Dorian se esforçou ao máximo para manter o semblante neutro, e quando viu o medo despontar nos olhos do algoz à sua frente, se aproveitou e tornou a expressão mais rude, enquanto completava - Eu estou sob a proteção dele, a última que tentou algo contra mim amanheceu morta na cela da prisão. Procure saber o que aconteceu com Sara Calazans.

Dorian nem mesmo precisou dizer outra palavra, os olhos arregalados do criminoso lhe disseram tudo. Lentamente o aperto em sua roupa diminuiu e logo as mãos pesadas daquele homem saíram de cima de si. Nunca imaginou que a menção do nome de Corbeau pudesse lhe ajudar de alguma forma, mas naquele momento estava grato.

No entanto, era claro que aqueles criminosos não deixariam evidente sua intimidação, o empurraram para trás até que ele caísse sentado novamente e enquanto o mais alto deles puxava os braços de Dorian para trás das costas e amarrava suas mãos com uma abraçadeira, o outro se abaixava à sua frente, arrancava sua gravata e passava entre seus dentes, o amordaçando, enquanto dizia:

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