37| Bonne nuit doux voleur* - Parte 5

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QUANDO já havia se passado cerca de meia hora, seu celular tocou. No visor apareceu o nome de Melina e por alguns segundos Maxine se sentiu receosa de atender, mas sabia que se não o fizesse, era provável que sua amiga imaginaria o pior. Ainda contrariada, aceitou a chamada.

— Oi, Mel.

Oi, onde vocês estão?

— Eu trouxe o Dorian para o hospital que a Jane trabalha, ela está de plantão hoje e só consegui pensar nela para cuidar dele.

Fez bem. E como ele está?

— Ainda não tive notícias, o levaram para dentro tem meia hora. E por aí, como estão as coisas?

Melina suspirou pesadamente do outro lado antes de responder com voz mais baixa:

Um caos, estou esperando a homicídios chegar. De novo.

— Teve óbitos? – Max praticamente gritou.

Cinco até o momento. Os paramédicos estão lutando para salvar as outras vítimas. Segundo eles foram envenenados. Temos um caso de envenenamento coletivo.

— Ao que parece nosso suspeito atacou novamente. O noticiário já está relatando tudo, isso vai jogar as ações da Pandora no lixo.

As ações deles são o que menos nos importa nesse momento.

— Tem toda razão. Dorian foi uma das vítimas, não vamos deixar isso barato.

Suspirando novamente e revelando seu cansaço, Melina estalou a língua antes de voltar a dizer:

O Adam chegou, preciso relatar tudo a ele, assim que terminar tudo estarei aí.

— Está bem, vou te esperar.

Quando desligou o celular, Max voltou a se sentar, na tentativa de se acalmar, mas calmaria era a única coisa que ela não conseguiria naquela madrugada. Não até saber que Dorian ficaria bem.

Se lhe dissessem, meses antes, que ela se importaria tanto com aquele pilantra a ponto de considerá-lo seu melhor amigo, ela teria rido e respondido com alguma ironia ou desdém. Quando o viu pela primeira vez, e ele roubou sua arma, Maxine não imaginava que se aproximariam tanto, não imaginava que Dorian possuía um outro lado que não fosse o de um criminoso. Tampouco imaginou que encontraria nele a amizade que não encontrou em anos e que o simples fato de pensar em perdê-lo faria seu coração se encolher e bater apertado dentro do peito.

Não perdoaria quem fizera aquilo com ele, e ainda que houvesse outras vítimas, Dorian era a pessoa pela qual Max iria até o inferno para caçar o culpado.

Não soube por quantos minutos conseguiu ficar sentada daquela vez, mas assim que se levantou novamente e saiu em direção ao corredor, encontrou Melina adentrando as grandes portas do hospital e vindo em sua direção assim que a avistou. Mal se aproximou quando inquiriu:

— Já teve notícias dele?

— Ainda não, Jane não saiu de lá desde que entrou.

— Como ele estava quando chegou, Max? – Com o silêncio da loira, Melina cobrou novamente – Max, como ele estava?

— Não... estava conseguindo respirar.

Aquela notícia abateu Melina de uma forma que sentia um peso sobre seus ombros, a empurrando para baixo. Era como se de repente a força da gravidade aumentasse e a mantivesse fixa no chão, paralisada sem nem mesmo precisar ser atingida como as vítimas daquela noite.

Sem conseguir responder, ela apenas anuiu com a cabeça e se isolou em um canto, se perdendo em seus pensamentos, com os olhos fixos no chão.

Foi preciso esperarem pelo menos mais uma hora até que uma mulher tão alta quanto Max, saiu pelas portas duplas, a pele negra apresentava certo brilho do suor escorrendo e os cabelos cacheados se prendiam no alto da cabeça, deixando alguns fios escaparem. Assim que a reconheceu, Max chamou a atenção de Melina a tirando dos pensamentos e a puxou para perto.

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