Decidir. - Capítulo 4.

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— Ela precisa de um reparos! 

Tirei lentamente meu olhar dos livros e encontrei Linseok vendo um desenho e cantarolando, na verdade ele estava gritando, certeza que daqui a pouco vai ficar sem voz.

— Para de gritar, cara! — Pedi lentamente enquanto lia novamente o mesmo texto e nada ficava na minha cabeça. 

"Prova confirmada para essa semana, terça a oral e quinta a escrita." — Foi só ler essa mensagem que eu comecei a suar frio e sentir algo ruim subir na garganta, um nervosismo que não era de mim.

Nunca me senti assim.

— Ji, você não acha estranho eles falar que precisavam reparar eles? — Novamente levantei a cabeça para ver os olhos pretos iguais aos meus, balancei os ombros não ligando muito.

— Sei lá? — Agora eu tinha que saber isso? Nem pensar em uma frase em inglês eu conseguia. 

— Você e seu namorado também são assim? — Quem diabos inventou de ter tantos idiomas? 

— Óbvio que não, Seok. — Falei sem pensar muito e continuei sentado na cadeira do computador. 

— Então aquele príncipe namora mesmo com você? Tadinho! — Ainda sem ligar para o que ele dizia exatamente, ouvi apenas sons de passinhos antes da pior frase que um irmão poderia dizer: — Pai! O Ji tem namorado! 

Uma diferença de oito anos resultou em um pirralho de doze, que agora diria adeus ao mundo.

Me levantei em um pulo escutando ele descer as escadas com tanta delicadeza que parecia o Hulk andando, agora não sabia se seria pior meu pai me dizendo que namorar dá filhos, ou se a casa desmoronaria com a força que esse menino usava para descer. Isso porque supostamente eu teria um namorado, por isso não trabalho, ninguém está pronto para esse estrondo.

— Jisung! — Fechei os olhos ouvindo Jackson começar. 

"Jisung, você sabe que deitar com alfas dá filhotes, todo mundo sem roupa e eu não vou te impedir, mas também não vou cuidar de criança. Você está vendo que é difícil cuidar, viu seu irmão? Criança é assim!" 

E mais três horas de discurso em intervalos quando pai Jackson me mandava pendurar as roupas no varal.

Bela forma de passar o sábado de manhã. 

Isso porque o domingo não chega aos pés, principalmente quando me acordam cinco da manhã para ir a igreja, não que eu odiasse, só acho que poderiam cortar o papo e fazer uma oração só, depois meter o pé. Pra quê três horas seguidas? E engraçado que não vejo nenhuma atitude divina.

Na vida, ou você recorre para uma ajuda imaginária ou você realmente conquista.

E na minha vida não rola nenhuma dessas. 

— Ela é amiga da minha mulher… — Ao invés de aproveitar meus últimos segundos de final de semana com algo produtivo, estava lá eu arrumando ideia com uma navalha enquanto cantava sucessos. 

Tudo bem, até uma vibração na minha bunda fazer minha mão abaixar junto com a lâmina e meu olho esquerdo ficar cheio de pelo. Se pai Jackson descer e ver que ao invés de lavar a louça da janta eu fui arrumar a sobrancelha, e pior! Agora estava com um corte perto da ponta.

— Não, mas eu vou socar quem resolveu, essa hora! Não! — Puxei pela cordinha e só vi a tela brilhar com o nome dele. — Alô, inferno! 

— Ms. Han? — A voz saiu trêmula, um sorriso começou a surgir com isso, até esqueci do meu novo estilo na fuça.

— Que foi, o anjinho tem medo do inferno? — Gargalhei do jeito que Minho dizia ser assustador, e vindo dele eu confiava. 

— Claro! Nem imagino ir para um lugar assim! — Fechei a navalha voltando a guardar ela no mesmo lugar de sempre, voltei para frente do espelho da cozinha e vi o desastre. — Sempre gosto de obedecer. 

Amar Você Riscar. (HYUNSUNG)Onde histórias criam vida. Descubra agora