Capítulo 3

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O choro de Mirabel só aumentava conforme o tio a levava para mais longe da avó. Tudo que ela queria fazer agora era se enfiar de baixo da cama com um bicho de pelúcia e chorar para sempre. Bruno reparou nos soluços da sobrinha e quando percebeu que ela não pararia de chorar tão cedo, começou a acariciar os cachos dala com uma das mãos enquanto a segurava com um pouco mais de força com a outra.
    - Mariposa? – a voz carinhosa de Bruno fez com que Mirabel relaxasse um pouco no colo do tio, mas as lágrimas persistiam – Vamos passar no seu quarto pra que você possa pegar um bichinho de pelúcia e depois eu quero te mostrar uma coisa.
    A curiosidade despertou na garotinha e isso ajudou com que as lágrimas diminuíssem um pouco. Ela retirou o rosto da curva do pescoço do tio e o fitou com os olhos ainda cheios de lágrimas, algumas delas ainda descendo livremente pelas bochechas, e sorriu timidamente. Foi um sorriso triste, mas Bruno soltou o folego que não tina percebido que estava segurando quando viu que, pelo menos, a sobrinha estava tentando se animar um pouco. Eles chegaram no pequeno quarto e o homem colocou Mirabel no chão para que ela pudesse escolher um brinquedo para levar consigo na pequena aventura deles. Ela pegou uma espécie de almofada com uma estampa de borboleta e voltou para perto do tio para que ele a pegasse no colo de novo. Bruno sorriu quando viu o que a menina havia escolhido, afinal, foi ele quem deu aquela almofada para ela, quando ela esticou os bracinhos indicando que queria que ele a carregasse, ele se abaixou e a pegou mais uma vez.
    - Você realmente gostou dessa borboleta, não foi? – ele disse em um tom brincalhão que fez com que a pequena sorrisse mais uma vez enquanto fazia que sim com a cabeça – Pronta para ver a surpresa que tenho para te mostrar?
    - Sim! – ela respondeu mais animada balançando a cabeça de novo.
    - Então vamos nessa!
    Bruno saiu do quarto de Mirabel e seguiu em direção ao quarto de Dolores, o que deixou a menina em seus braços levemente confusa, mas ela decidiu não falar nada. Antes de chegar na porta da outra sobrinha, Bruno parou e se virou para um quadro na parede. A confusão de Mirabel aumentou mais ainda quando ele indicou que ela deveria puxar a ponta do tal quadro, ela fez conforme ele mandou e para a surpresa dela tinha um corredor escondido atrás da pintura. Espanto tomou conta das feições da garota e ela olhou para o tio animada, ele apenas sorriu e passou para o outro lado da parede com agilidade. Mais uma caminhada de aproximadamente cinco minutos e os dois se depararam com uma pequena porta de madeira, Bruno a empurrou delicadamente com um dos pés e anunciou para a sobrinha que haviam chegado ao destino deles enquanto a colocava no chão para que ela explorasse o lugar.
    - Uaauu – Mirabel exclamou, achando fascinante o fato de ter um quarto inteiro dentro das paredes da Casita.
    O cômodo em si não tinha nada de mais, apenas uma mesa de madeira com dois banquinhos do mesmo material, uma poltrona vermelha relativamente nova e uma mesa de centro que poderia servir como apoio para os pés caso alguém estivesse na poltrona.
    - Eu encontrei esse lugar a um tempo atrás quando estava precisando fugir um pouco do mundo – comentou Bruno, um certo tom de tristeza podia ser ouvido em sua voz – nunca trouxe ninguém aqui, mas acho que agora você poderia estar precisando de um santuário para descansar a cabeça...
    A pequena garotinha, que tinha notado a tristeza repentina na voz do tio, se aproximou dele mais uma vez e o envolveu num abraço o melhor que pode.
    - Agora nós podemos nos esconder do mundo juntos então... – ela disse inocentemente sem compreender o verdadeiro significado daquelas palavras para o tio – Esse pode ser nosso lugar secreto!
    A empolgação era visível na voz de Mirabel e Bruno não conteve o sorriso que apareceu em seus lábios enquanto ele observava a sobrinha explorando o esconderijo que agora era deles. Um sentimento de que finalmente não estava completamente sozinho naquela família preencheu o coração dele e uma pequena lagrima de felicidade escapou de seus olhos. Antes que a pequena visse, ele limpou a gota bem a tempo de ouvir uma voz chamando por Mirabel.
    - Mira, parece que sua mãe está procurando você – ele disse para a pequena que ainda olhava todos os cantos do pequeno cômodo – precisamos voltar...
    - Eu vou poder vir aqui de novo? – foi a resposta dela, ela parecia preocupada de que o tio diria não.
    - Sempre que quiser, Mariposa – ele disse sorrindo – mas tente pelo menos deixar um bilhete para mim para que eu possa te encontrar caso alguém pense que você sumiu.
    - Okay!
    E assim, Mirabel e Bruno foram em direção ao corredor com a promessa de que sempre poderiam usar aquele espaço caso precisassem de um tempinho para si mesmos.

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