Capítulo 5

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      - Casita? - Mirabel perguntou para a casa enquanto se levantava e limpava as lágrimas. Bruno se levantou logo depois e foi andando atrás da sobrinha.
      A menina foi em direção a telha quebrada, a pegou nas mãos e começou a examina-la, também procurando pelo local de onde ela poderia ter caído. Poucos segundos depois houve um barulho seguido de um tremor que assustaram Mirabel e fizeram com que ela derrubasse a telha, se cortando no processo.
      - Você está bem? - Bruno perguntou preocupado, pegando a mão cortada da menina para olhá-la.
      Antes que ela pudesse responder rachaduras começaram a aparecer por toda a casa, cruzavam todo o piso e subiam pelas paredes, as luzes das portas dos quartos fraquejaram e a vela do milagre quase se apagou com um vento repentino antes de se estabilizar mais uma vez. Mirabel e Bruno se entreolharam assustados e antes que o homem pudesse dizer alguma coisa a menina disse:
      - Precisamos avisar Abuela! - e com isso ela saiu correndo para o quarto de Antônio onde a festa ainda acontecia. Bruno tentou pedir para que ela esperasse, mas acabou só correndo atrás dela quando viu que ela não ia voltar.
      Bruno demorou apenas alguns segundos a mais para entrar no quarto do sobrinho, mas Mirabel já estava gritando por sua avó falando que a casa estava em perigo, a música havia sido desligada e Alma pedia para que a menina mostrasse as rachaduras para ela. Contudo, na hora em que eles saíram para a área comum mais uma vez o que viram espantou Bruno e Mirabel: as rachaduras tinha sumido completamente, não havia nenhum sinal de que elas sequer existiram. Alma olhava para a neta com desaprovação estampada no rosto enquanto a menina tentava se explicar.
- As rachaduras estavam aqui! Elas estavam em todo lugar! Tio Bruno estava comigo, ele pode confir-...
- Já chega! - Alma a cortou rispidamente e se dirigiu ao público - Não tem nada de errado com a casa Madrigal, a magia está forte, assim como as bebidas...
E depois disso ela instruiu que todos voltassem para a festa, deixando para trás Mirabel, Bruno e Julieta que agora olhava com preocupação para os dois. Ela indicou para que eles fossem para a cozinha para conversar.
- Mamá eu nunca iria arruinar a festa do Antônio, é realmente isso que você acha que eu estava tentando fazer? - Mirabel disse triste.
- O que eu acho é que hoje foi muito difícil pra você... - foi a resposta de Julieta.
- Se eu inventei tudo isso, como foi que eu cortei minha mão?
Julieta apenas respirou fundo enquanto terminava de fazer uma arepa para a filha. Bruno achou que essa seria uma boa hora para se intrometer na discussão:
- Julie, eu estava com ela na hora em que aconteceu, ela não está mentindo... As rachaduras estavam lá e a vela quase apagou.
- Não estou dizendo que não acredito em vocês, só estou dizendo que é uma história difícil de aceitar - ela disse enquanto entregava a arepa para a filha e passava um dos braços pelos ombros da menina - Você deveria tentar dormir um pouco, Mira. Vai se sentir melhor amanhã...
Julieta beijou a testa da filha e indicou para que ela fosse para o quarto, Mirabel deu boa noite para a mãe e para o tio antes de subir. Ela colocou um pijama e se deitou, mas o sono não veio conforme ela esperava. Ela aguardou até que não houvesse mais o som de conversa e música do lado de fora e se levantou, usou uma escada para subir no telhado e caminhou até a janela na qual ficava a vela mágica bem a tempo de ouvir a avó falando consigo mesma, algo envolvendo o fato de o milagre estar morrendo e Casita estar mostrando mais e mais rachaduras. Naquele momento Mirabel decidiu que salvaria o milagre e a magia da família.

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No dia seguinte, Mirabel resolveu falar com sua prima Dolores para saber se ela havia escutado alguma coisa a mais que pudesse ajudá-la em sua missão. O dia estava bonito e a família se juntava em frente a Casita para o café da manhã, Alma apenas olhou para a neta mais nova com irritação mas não falou nada sobre o ocorrido da noite anterior.
- Oi Dolores! - disse Mirabel, ignorando a sensação de querer sumir por causa da maneira como a avó a tinha fitado - Então, eu precisava te perguntar se por acaso você não teria ouvido falar alguma coisa que esteja arruinando a magia que talvez eu pudesse saber???
- Acredito que a única preocupada com a magia seja você... - respondeu Dolores, mas ela pareceu se lembrar de algo durante a frase - Ah e a Luísa, eu escutei o olho dela tremendo a noite inteira.
Uma ideia se despertou na cabeça de Mirabel e ao invés de se dirigir ao seu lugar habitual entre sua mãe e Bruno, ela decidiu se sentar do lado de Luísa, roubando o lugar de Pepa no processo. Bruno notou a mudança repentina e olhou para a sobrinha com curiosidade, mas decidiu não falar nada uma vez que Alma já tinha começado o pequeno discurso sobre o dom de Antônio e o noivado de Isabela. Antes que todos se levantassem, a matriarca distribuiu as tarefas diárias como sempre fazia e os dispensou para que o dia pudesse começar. Não querendo perder a oportunidade de falar com a irmã, Mirabel levantou correndo da mesa e saiu atrás de Luísa tentando acompanhar seu ritmo acelerado.
- Luísa espera! O que está acontecendo? O seu olho está tremendo e ele nunca treme! - Mirabel chamou pela irmã.
- Não tem nada de errado. Só tenho muitas coisas pra fazer...
- Luísa, se você sabe que tem alguma coisa de errado com a magia e isso acabar piorando porque você não quer me contar...
- NÃO TEM NADA DE ERRADO! - Luísa gritou quando não conseguiu mais segurar o temperamento - uau éééé... Isso acabou escapando haha...
Ela pareceu meio sem jeito por ter gritado com a irmã daquela forma então, Luísa colocou os burros que carregava no chão e se sentou em um pedra, indicando que Mirabel se sentasse a seu lado. Ela respirou fundo antes de começar a falar:
- Olha... Eu não vou mentir pra você Mira, eu estou cansada. As cobranças da Abuela nunca diminuem e eu sinto que todos as tarefas mais difíceis são jogadas em cima de mim. Eu acabo ficando ansiosa porque acho que nunca conseguirei alcançar as expectativas dela... - os olhos de Luísa marejaram levemente e a irmã mais nova a abraçou do melhor jeito que a diferença de altura delas permitia.
- Ah, Lu... Eu não sabia que você se sentia assim, acho que você tem responsabilidades de mais para alguém da sua idade - nessa hora Luísa retribuiu o abraço, estalando a coluna da irmã no processo.
- Talvez seja de mais - ela disse ainda sem soltar Mirabel do abraço - Tem uma coisa que você deveria saber...
- O que é Lu?
- Na noite passada, quando você viu as rachaduras... Eu me senti fraca.
- Como assim? Você sabe o que pode estar acontecendo com a magia?
- Eu não sei... - uma pausa - Mas eu ouvi os adultos dizerem uma vez que tio Bruno teve uma visão sobre o assunto na noite da sua cerimônia. Talvez se você perguntasse pr-...
- NÃO, eh quer dizer, não, melhor não - Mirabel interrompeu a irmã de repente - Ele realmente não gosta de falar sobre aquela noite, eu não lembro de muita coisa que aconteceu e sempre que eu pergunto, ele tenta mudar de assunto ou simplesmente fala que não quer falar sobre...
- Bom, nesse caso - Luísa disse pensativa - Você poderia tentar encontrar a visão, eu sei que ele guarda as mais importantes em algum lugar do quarto dele.... Aproveite que Abuela o mandou ter uma visão para uma família e que ele deve ficar fora por um bom tempo.
- É uma boa ideia! Obrigada Lu! - Mirabel disse enquanto já começava a andar em direção a Casita, ela tinha uma longa busca pela frente.

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