Capítulo 12

240 17 0
                                    

Mirabel teve que ajudar Bruno a dar seus primeiros passos, suas pernas estavam bem fracas devido aos dois meses sem uso, mas ele conseguia se sustentar relativamente bem. Eles passaram pela porta de madeira com as ampulhetas entalhadas e deram uma boa olhada na sala de estar, parecia um local aconchegante, ali tinham dois sofás, uma poltrona de leitura e uma mesa de centro, no canto tinha uma estante com vários livros que os dois gostavam. As paredes eram pintadas de um verde claro e eram adornadas por pequenas borboletas coloridas, alguns quadros estavam pendurados e neles era possível ver algumas fotos da família completa, de Bruno e Mirabel juntos e por fim alguns desenhos de autoria da própria Mirabel.
- Se eu tivesse que chutar, eu diria que esse quarto é uma mistura das coisas que nós dois gostamos... - comentou Bruno depois de dar uma espiada ao seu redor - Você sabe o que tem no andar de cima?
- Lá em cima parece o espaço perfeito pra você usar seu dom... Tem uma caverna de visões idêntica à que você tinha antes e um corredor para guardar as visões mais importantes. Fui lá quando estava procurando você - Mirabel também olhou em volta, a outra porta de madeira chamou sua atenção - Ali eu não entrei...
Ela apontou para o outro lado da sala, para a outra porta, essa tinha diversas borboletas e flores entalhadas, ela decidiu que gostava do design. Ainda dando apoio a Bruno, os dois seguiram até o objeto que tinha chamado atenção, a menina empurrou a porta para dar espaço pra os dois passarem e eles entraram no quarto. Lá dentro só poderia ser descrito como um quarto feito para Mirabel, as paredes tinham um fundo branco e para decoração haviam milhares de pequenos desenhos, todos eles representando algo ou alguém que ela amava, no canto do cômodo havia uma cama de solteiro com lençóis cor rosa e em cima diversos animais de pelúcia, um tapete felpudo cobria boa parte do chão e do lado oposto a cama tinha uma escrivaninha. Um conjunto grande de armário e gaveteiro ficava próximo a porta por onde entraram e para finalizar ainda tinham dois pufs no canto restante.
- Tem tudo que eu sempre quis em um quarto! - Mirabel exclamou feliz.
- Talvez Casita tenha montado pra você, eu não me importo de dividir o quarto - Bruno comentou sorrindo - Talvez seja melhor você explorar mais tarde não acha? Sua mãe deve estar procurando você por todo canto...
- Tem razão... Vamos lá pra cozinha! A família vai adorar te ver! - a menina disse já puxando o tio delicadamente.
Bruno apenas sorriu e deixou ser levado para onde a sobrinha quisesse ir, eles passaram pela área comum do quarto e abriram a porta que levaria ao lance de escadas para o segundo andar. Ao fazerem isso, Mirabel parou de repente e ficou encarando a porta mágica, agora a porta que deveria apenas ser de Bruno mostrava o desenho de duas pessoas: uma delas era o próprio Bruno que sempre foi dono daquele quarto, mas a segunda pessoa era ela, Mirabel. Ela finalmente tinha o desenho em uma porta. Na imagem brilhante, Bruno tinha um dos braços passando por cima dos ombros da sobrinha, ambos sorrindo. Do lado dele da porta haviam diversas ampulhetas e algo parecido com fumaça que envolvia algumas partes de seu corpo, já o lado dela era um pouco mais simples, afinal ela não possuía um dom, ela era a figura principal e tinha uma pequena borboleta pousada em seus cabelos. No topo do desenho havia os nomes dos dois, lado a lado.
- Eu nunca achei que teria minha porta... - Mirabel disse contente.
- Isso explica o quarto - Bruno disse dando uma pequena risada.
- Vamos! Tenho certeza de que todo mundo vai ficar contente em te ver...
A caminhada até a cozinha foi feita com cuidado, o homem se apoiava em Mirabel de vez em quando, mas num geral conseguia andar de forma quase normal. Ao chegarem lá, eles encontraram os demais membros da família conversando animadamente entre si, Julieta foi a primeira a notar a presença da filha e ela sorriu para a menina. O olhar dela se desviou pra Bruno e ela precisou levar a mão a frente da boca para conter o espanto.
- Bruno! - ela disse contente e quase correu até o irmão pra abraçá-lo - Eu estava tão preocupada com você, todos nós estávamos.
- Também estava com saudade - ele falou timidamente e retribuiu o abraço.
Agora todo o foco das pessoas estava sobre Bruno, definitivamente ele não gostava de ser o centro das atenções, mas dessa vez, ficou feliz de saber que realmente tinham sentido falta dele. As boas vindas duraram cerca de meia hora, a família conversou e comeu junto como não se fazia a um bom tempo, tudo corria bem, contudo ainda tinha uma pessoa que não tinha falado com Bruno até então.
Alma observou o filho durante todo o tempo, ela notou como o sorriso dele se tornava tenso quando percebia que ela ainda o olhava, e sinceramente ela sabia que o fato de ele ficar tão desconfortável era culpa dela. A matriarca permitiu que os demais membros conversassem o quanto quisessem, mas quando as pessoas começaram a se dispersar ela elevou um pouco sua voz:
- Bruno? - ele se virou para ela e Alma notou que ele engoliu em seco - Posso falar com você por um instante?
Mirabel, que estava do lado do tio, deu um aperto encorajador em seu ombro e saiu da cozinha com sus pais, contando animadamente que agora tinha um quarto também. Bruno deu um sorriso torto para Alma e se sentou próximo a ela na mesa.
- Eu sei que um pedido de desculpas não vai consertar tudo o que eu fale pra você durante a vida toda - Alma começou a falar sem olhar nos olhos do filho - Mas eu quero que saiba que eu realmente me arrependi de cada briga que tivemos, principalmente por conta de Mirabel e do seu dom...
Bruno não falou nada, ele estava em choque pelo fato de sua mãe estar pedindo desculpas.
- Eu sinto muito - ela continuou - Eu gostaria de não ter precisado que você entrasse em coma para ver o quanto você é importante pra mim. De verdade, espero que um dia você consiga me perdoar.
- Esquecer tudo de ruim que a senhora já me falou não vai acontecer, mas eu estou disposto a perdoar e seguir em frente... - Bruno sorriu um pouco em resposta ao sorriso que Alma lançou em sua direção, ele não lembrava quando tinha sido a última vez que ela tinha sorrido para ele - Se essa confusão toda nos ensinou alguma coisa foi que não devemos ficar gerando intrigas ente a família.
Depois de terminar sua fala, Bruno foi surpreendido por um abraço de sua mãe. Quanto tempo fazia que ela não o abraçava daquela forma? Foi bom se sentir acolhido de novo. Ele sorriu genuinamente e retribuiu o gesto.
Com o desenrolar da situação, Bruno não precisava de seus poderes para saber que tudo seguiria melhor do que antes para a família Madrigal.

What if... EncantoOnde histórias criam vida. Descubra agora