𝐂𝐚𝐩𝐢𝐭𝐮𝐥𝐨 𝟏𝟒

136 14 20
                                    

𝐘𝐄𝐉𝐈

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

𝐘𝐄𝐉𝐈

Tive dificuldade de novo para dormir, então andei na ponta dos pés pelo corredor, abrindo a porta de Yeonjun. Naquela noite, ele estava de brucos, abraçado com o travesseiro com um braço e o outro estava pendurado na cama gigante. Ele ainda estava roncando — um barulho baixo e rouco que eu precisava ouvir.

Analisei o rosto dele na luz da lua. Contornei meus lábios com o dedo, ainda chocada por ele ter me beijado, me segurado nos braços e dançado comigo. Eu sabia que tudo fazia parte de um grande plano, mas havia momentos, vislumbres, de um homem diferente a que eu estava acostumada a ver. O flash de um sorriso, um brilho em seu olho, até uma palavra gentil tudo isso me pegou desprevenida naquela noite. Queria que ele deixasse mais vezes essa sua característica aparecer, mas ele guardava seus sentimentos — os positivos — com chave. Eu já tinha percebido isso. Sabia que, se dissesse alguma coisa, ele se trancaria ainda mais. Então, permaneci em silêncio, pelo menos por ora. Tinha de admitir, no entanto, que beijá-lo não foi nada ruim. Considerando o veneno que sua boca podia produzir, seus lábios eram quentes, macios e carnudos, e seu toque
era gentil.

Ele resmungou e se virou, levando os cobertores com ele, seu tórax comprido e esguio agora ficara exposto. Engoli, parcialmente me sentindo culpada por encará-lo, parcialmente maravilhada. Ele era um homem lindo — pelo menos por fora. Ele murmurou alguma coisa incoerente, e eu recuei, saindo da porta, voltando para meu quarto.

Ele ficou um pouco mais feliz naquela noite, mas duvido que reagiria bem se me visse encarando-o enquanto ele dormia.

Ainda assim, seus roncos baixinhos me levaram para um sono tranquilo.

[...]

Saí cedo e fui visitar Jane. Ela estava bem acordada e com bom humor. Ela me reconheceu, espremeu meu nariz e nós conversamos e rimos até ela cair no sono. Bebi meu café enquanto ela dormia, olhando alguns dos quadros que ela estava pintando. Escolhi um que estava gostando particularmente de algumasflores selvagens, e o estava admirando quando ela se agitou. Ela me observou, depois virou sua cadeira e apontou para a pintura.

— Gosto deste. — Sorri. — Me lembra de quando saíamos para colher flores no verão.

Ela assentiu, parecendo distraída.

— Vai ter de perguntar à minha filha se está à venda. Não sei onde ela está.

Minha respiração parou na garganta. Ela havia desaparecido de novo. Os instantes de lucidez estavam ficando cada vez mais raros, e eu sabia que era melhor não chateá-la.

— Talvez eu possa pegá-lo e tentar encontrá-la.

Ela pegou o pincel, virando-se para seu
cavalete.

— Pode tentar. Ela deve estar na escola. Minha Yeji é uma menina ocupada.

— Obrigada pelo seu tempo, sra. Park.

Ela apontou para a porta, me dispensando. Saí do quarto, agarrada à pintura, sufocando as lágrimas. Ela não me reconhecia, mas, lá no fundo do coração, ela ainda pensava em mim como sua filha. Da mesma forma que eu pensava nela como minha família.

Era um lembrete do motivo pelo qual estava fazendo aquilo com Yeonjun.

Fingindo ser quem eu não era.

Era por ela.

[...]

Sequei meus olhos e voltei para o apartamento.

Quando abri a porta, Yeonjun me recebeu com uma cara feia.

— Onde você estava? Tem compromisso!

Inspirei fundo e contei até dez.

— Bom dia para você também, Yeonjun. São só dez horas. Meu compromisso é às onze. Tenho muito tempo.

Ele ignorou meu cumprimento.

— Por que não atendeu seu telefone? Eu liguei. Você não pegou o carro também.

— Fui visitar Jane. A casa é aqui perto,
então fui andando.

Esticando o braço, ele pegou o quadro pequeno que eu segurava contra o peito.

— O que é isso?

Tentei segurar, mas foi ineficiente, e ele pegou a pintura, analisando-a.

— Você não vai pendurar essa porcaria aqui.

Engoli o gosto amargo que surgiu na garganta.

— Eu nem sonharia com isso. Eu ia colocar no meu quarto.

Ele me devolveu o quadro.

— Que seja. — Ele se afastou e olhou por cima do ombro. — Suas roupas chegaram. Coloquei-as no closet do seu quarto e deixei as malas na cama. Queime o que estiver usando agora. Não quero mais ver isso.

Então desapareceu.

[...]

No fim daquela tarde, quando voltei ao apartamento, me sentia outra pessoa. Cortaram meu cabelo, esfregaram e depilaram cada centímetro da minha vida. Meu cabelo havia sido lavado com algum xampu de infusão, condicionado, cortado e repicado, então o secaram para que caísse com ondas mais vistosas pelas minhas costas. Quando minha No fim daquela tarde, quando voltei ao apartamento, me sentia outra pessoa. Cortaram meu cabelo, esfregaram e depilaram cada centímetro da minha vida. Meu cabelo havia sido lavado com algum xampu de infusão, condicionado, cortado e repicado, então o secaram para que caísse com ondas mais vistosas pelas minhas costas. Quando minha maquiagem ficou pronta, mal me reconheci.

Meus olhos pareciam enormes, minha boca, carnuda e beiçuda, e minha pele parecia de porcelana. Subi correndo e coloquei a nova lingerie e o novo vestido que Amanda e eu escolhemos para aquela tarde; ela me disse que era perfeito.

Off-white com uma estampa florida, era bonito e leve, e combinava com o verão. As sandálias de salto baixo eram confortáveis e eu tinha certeza de que conseguiria andar nelas.

Inspirei fundo quando meus nervos começaram a se contrair.

Era hora de ver se Yeonjun concordava.

———————————————————

The Contract - YeonjiOnde histórias criam vida. Descubra agora