Responsabilidade

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Michelle

Fiquei por mais alguns instantes apenas
observando toda a movimentação na
boate, hoje era mais um dia lotado.
Graças a Deus, ou melhor, graças a El jaguar.
Neguei mentalmente pensando que a
mesma não viria essa noite, e a tamanha
irresponsabilidade me enchia de fúria.

Soraya Thronicke sempre foi uma profissional impecável na Boate, até conhecer Simone  é claro. Não queria nem pensar nisso agora, o horário do show dela já havia passado e nem se quer um sinal, uma misera ligação.

Marina assumiu seu lugar aquela noite,
a morena era a segunda melhor dançarina
de todo o lugar, seu corpo escultural e a
facilidade com que o mesmo tinha para
seduzir cobria a falta de El jaguar. Mas nem
tanto, a intocável tinha clientes que só
estavam ali por ela, e mais ninguém.

Clientes importantes, magnatas de Brasília.

- Fiquei sabendo que El jaguar não vem.

Eu respirei fundo, ficando parada no mesmo
lugar onde estava. Levei o cigarro até os
lábios dando uma tragada forte, para depois
me virar em direção à Carla. A mulher estava linda, e sorria como quem dissesse

"Eu te avisei."

- Não adianta ficar com essa cara de quem
morreu alguém, Michelle. Nós sabíamos que
isso iria acontecer hora ou outra. Faltas,
e descasos.

A mulher falou paciente, enquanto caminhava até a bancada de bebidas, servindo-se de um copo de Martini.

- Ela não devia fazer isso comigo, eu fui à
pessoa que mais a ajudei.

- Ela já esqueceu disso, ela tem Simone agora.

Simone...esse nome apenas me fazia sentir
uma repulsa enorme. Maldita hora que
entrou em minha boate. Apertei a taça com
força, sentindo que a qualquer momento
a mesma quebraria entre meus dedos. Até
sentir os finos dedos de Carla deslizarem por meus braços em um carinho.

- Eu disse a você, Michelle, mas você ainda
tem pena dela.

Suas palavras eram sussurradas friamente em minha nuca, provocando um arrepio por todo meu corpo.

- Soraya não merece sua compaixão.

- A culpa não é dela, a culpa é de Simone!

Falei furiosa.

Eu senti Carla sorrir em minhas costas.
Sua mão subiu até meus ombros onde
apertou devagar, em uma massagem lenta e
relaxante.

-Não importa de quem é a culpa. Nós não
podemos deixar que nosso plano morra
agora. Não podemos deixar que Simone
consiga tirar Soraya da boate, certo?

Carla falou baixinho, enguanto deixava
seus lábios molhados deslizarem por toda
extensão do meu pescoço. E eu apenas
assenti. Nós nunca havíamos nos envolvido
de forma carnal, mas naquela noite, ela
parecia querer algo mais.

-Certo.

- Perfeito. Agora eu quero que você desça
até o centro da boate. Sabemos que a srta.
Mailza está lá. E a convença que ela não
vai se arrepender de conhecer nossa pobre
dançarina.

Disse pertinho do meu ouvido, dando uma
pequena mordida na cartilagem ao terminar
de falar. Eu fechei os olhos e suspirei,
olhando pela enorme vidraça da janela.

Mailza Gomes se divertindo à custa de uma
de minhas dançarinas. Se ela seria a solução
para o meu problema com toda certeza eu o
faria.

- Deixe comigo, eu farei isso.

The stripper- Simone e Soraya Onde histórias criam vida. Descubra agora