É o certo...

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Simone

Me sentei novamente no sofá macio da sala
de vídeo, enquanto tomava o restante do
chá quente em minha xícara. Já estava bem
tarde e nem um sinal de Soraya. Eu já estava
ficando realmente preocupada. Desbloqueei o visor do celular, mas não havia notificações.

Disquei em seu numero pela quinta vez
aquela noite, e a voz irritante da mulher da
operadora informou que o celular estava
desligado.

- Que maravilha!

Bufei jogando o aparelho de lado.

Soraya teria que me dar uma boa explicação
por isso. Se havia uma coisa que me deixava
realmente irritada, era esperar. Calcei os
chinelos macios e caminhei em direção a
cozinha, trocando o maldito chá por um copo de uísque.

Será que havia acontecido alguma coisa
com ela? Talvez eu devesse ligar para
Damares e descobrir. Mas e se ela pensasse
que eu estava sendo invasiva demais?

Neguei com a cabeça, para depois molhar
a ponta dos lábios no liquido de meu copo.
Sentindo o forte gosto do álcool na ponta
da língua. Fiquei alguns minutos na sacada
perto da sala, sentindo o frio arrepiar
toda minha coluna. Aquela noite estava
totalmente fechada, um temporal iria cair
logo, logo. Tomei mais um gole do uísque,
que esquentou todo meu interior. Até que
finalmente ouvi o toque estridente de meu
celular.

Corri até a sala pegando o pequeno aparelho, vendo o visor piscar com o nome dela.

"Sory"

Se alguém em nossa empresa visse como nos
tratávamos descobriria nosso envolvimento.
Que para falar a verdade nem era mais
segredo.

- Alô?

Ouvi sua voz baixinha do outro lado
da linha.

- Finalmente Sory! Onde você está?

Ela suspirou.

- Estou em casa, meu amor.

- Quer que eu mande alguém te buscar ou
você vem de carro?

Perguntei deitando no sofá.

- Amor..

- Oi Sory.

- Liguei pra dizer que não vou.

Franzi o cenho, e me sentei no sofá.

- Não vem? Por quê? Aconteceu alguma
coisa?

Soltei as perguntas de formas
impensadas.

- Não, eu só estou muito cansada hoje.

Sussurrou fraquinho.

- Meu Amor, você pode descansar aqui
comigo. Eu vou cuidar de você.

Ela ficou alguns segundos calada. Soraya
parecia distante, e totalmente perdida de
nossa conversa.

- Não fique chateada, tudo bem? Nos vemos
amanhã.

- Soraya, ta tudo bem com você?

- Sim, eu estou cansada e com cólica.

Eu suspirei irritada. Tudo aquilo parecia uma desculpa esfarrapada para não se encontrar comigo. Eu só não entendia o porquê daquilo.

Mesmo ela estando totalmente cansada ou
com dor, Soraya não se negaria a vir. Não por coisas triviais.

- Ok.

Foi apenas o que falei.

- Amor..

- Hum?

- Eu sei que você está brava, mas, por favor.
me entenda.

- Entender que você simplesmente some, e
quando aparece diz que está cansada e com
dor e não pode me encontrar?

Soltei as palavras de forma rude, a fazendo
ficar calada. Soraya sabia exatamente o quão irritada eu estava, mas não somente pelo furo que ela havia dado comigo. E sim por ser evidente a desculpa terrível que havia me dado.

- Me desculpe.

- Boa Noite Thronicke.

Desliguei, jogando o aparelho de lado.

---------

Soraya

Joguei o celular sobre minha cama,
encarando Damares que me olhava receosa.
Sentei ao seu lado, e suspirei cansada.
Encostando minha cabeça em seu ombro.
Para piorar meu dia aquilo tinha que
acontecer, Simone ficar extremamente
irritada comigo. Será que tinha como ficar
pior? Oh Deus, realmente tinha. Preferia
me calar, e deixar tudo como estar. Apenas
torcer para que no final tudo ficasse bem.

- Ela ficou brava?

- Já imagina não é? Ela ficou muito chateada.
E com razão.

Falei triste.

-Você devia ter ido até lá com ela, esfriar a
cabeça de todos esses problemas. Simone te faria relaxar.

- Eu não consigo Damares, odeio ter que estar mentindo para Simone.

- Acho que você deveria falar a verdade.

Olhei Damares que me encarava serenamente.

Ela sempre sabia o que era o certo a se fazer,
e sempre me indicava o caminho. Mas eu por outro lado era teimosa o suficiente para não obedecer. Minha cabeça estava confusão sem tamanho, parece que tudo virou de ponta a cabeça novamente. E eu simplesmente não poderia fazer nada para mudar, ou poderia.

- Você tem idéia do estrago que seria? Simone  é totalmente impulsiva.

- Que seja, a senhorita lá está merecendo uns tapas de Simone, por fazer essas coisas.

- Eu não quero confusões.

-Você tem que parar de se preocupar tanto,
Soraya. Deixa a porra toda acontecer. Não
adianta evitar, uma hora ou outra isso vai
explodir.

Eu neguei com a cabeça, e me levantei.

- Você não está entendo. Tudo isso está grande demais, e quem vai se ferrar sou eu.

- Se você não fizer a coisa certa, realmente
você vai se ferrar.

- Você não ajuda!

Exclamei irritada.

- Você que não está se ajudando Soso, nós
sabemos exatamente o que você tem que
fazer. Mas me diz, Michelle deve ter ficado
muito irritada.

- Ela ficou, muito. Com toda certeza ela esta
odiando Simone com todas as forças.

- Claro, é por ela que você está saindo.

- Não somente por ela Damares, mas por mim. Eu gosto do que faço, mas chega uma hora que não dá mais.

- Eu sei Bolsonara. Vai dar tudo certo, eu
estou aqui para ajudar você, ok?

Falou calmamente se aproximando de mim,
me dando um abraço reconfortante. Até que
ouvimos o interfone soar estridente.

- Está esperando alguém?

Sussurrei para Damares que negou com a cabeça.

Dei de ombros e caminhei em direção a porta de entrada, no qual abrie dei de cara com ela.

- O que está fazendo aqui?

The stripper- Simone e Soraya Onde histórias criam vida. Descubra agora