Soraya
[inicie a musica]
Nada poderia descrever a maneira na qual eu me encontrava. Tudo parecia surreal demais, como se fosse apenas um maldito pesadelo em uma noite ruim de sono. Mas para minha infelicidade e puro desespero, tudo era real. Eu respirei fundo sentindo meu peito arder em uma falta de ar descomunal, abri os olhos que até poucos segundos estavam fechados, e olhei minhas mãos sujas de sangue juntamente de minha roupa que também estava marcada com o mesmo. Neguei com a cabeça, sentindo as lágrimas escorrerem por meu rosto. Eu jamais poderia imaginar que em algum dia da minha vida eu passaria por uma situação como essa.
Estar a poucos segundos de dar adeus a
sua existência não era uma tarefa tão fácil.Michelle foi muito além do que eu imaginei
que ela poderia ir. O seu ódio e rancor foram apenas consequências de seus atos egoístas, que facilmente poderiam ter sido evitados se tivesse me deixado partir. Mas nada poderia ser mudado agora. Respirei fundo, vendo o médico me olhar receoso e um tanto preocupado. A ambulância parecia estar em alta velocidade, à sirene soava alarmante pelos cantos da cidade, em busca de chegar a tempo de salvar Sinu. Toquei seu rosto devagar, em um carinho leve com o polegar, para logo em seguida capturar uma de suas mãos na qual segurei.- Fica comigo, por favor..
Sussurrei para ela, deixando que algumas lagrimas rolassem.
-Você não devia ter feito isso Sinu, não devia.
Abaixei minha cabeça, a ponto de se encostar ao corpo da mulher. Eu sentia vontade de chorar, mas sabia que aquele não era o momento certo para desespero. De forma quase imperceptível eu senti seus dedos comprimirem minha mão devagar, me fazendo inclinar a cabeça para lhe olhar.
- S-Soraya.
Sussurrou em um fio de voz, gemendo baixinho em dor.
Eu senti meu corpo tremer. Olhei a mulher
Com um nervosismo visível.- Não fala nada, fica quieta. Por favor.
Sussurrei, em meio a lagrimas.
Ela respirou fundo, e engoliu em seco com
certa dificuldade.- Senhora, por favor, evite fazer esforços.
O médico se pronunciou.
Sinu me olhou com os olhos perdidos, opacos quase sem vida. Segurou mais forte em minha mão, deslizando os dedos levemente.
- Me desculpe..
Começou a falar em um tom de despedida.
- Por favor, Soray-a. Apenas me perdoe por tudo.
Eu sentia meu pulmão arder, a falta de ar
e o nó em minha garganta com a impulsiva
vontade de chorar.- Não precisa pedir desculpa, por favor..não
fala nada.Ela fechou os olhos devagar, e abriu
novamente. Molhando os labios ressecados
para continuar.- Você é uma filha maravilhosa, sinto orgulho de você.
Eu apertei sua mão, deixando que todo o
choro que estava preso saísse. Os soluços
desesperados e as lágrimas violentas.- Quero.
Ela gemeu de dor.
- Que você cuide de sua irmã, não deixe-a com Alessandro. Faça da vida de Madu o que eu não pude fazer da Sua.
Eu não conseguia pronunciar sequer uma
palavra. O choro que emanava de mim era
desesperador. Sinu estava se despedindo de
mim, e eu não poderia fazer nada. Funguei,
limpando as lágrimas que teimavam em cair.- Por favor, faça alguma coisa.
Exclamei para o médico que tentava fazer Sinu parar.
- Prometa pra mim? Que vai cuidar dela.
Eu assenti.
- Eu prometo, eu prometo mãe.
Abaixei a cabeça novamente, me livrando de toda aquela vontade de chorar. Sinu devagar acariciou meus cabelos, de forma delicada como fazia quando eu precisava de um ombro amigo.
- Eu te amo, minha oncinha.
Eu resfoleguei, deixando que caísse com
todas as minhas lágrimas as magoas que
aquela mulher havia me dado. Apesar da
vida difícil na qual tivemos, eu tive uma
infância boa. Em minha vaga lembrança de
criança, Sinu era uma boa e dedicada mãe.
Daquelas que ficam ao seu lado quando
você está doente, ou até com um simples
resfriado. Daquelas que fazem seus mimos,
te levam para passear e com muito custo
compram algo que você tanto deseja. Em
minha infância ela era aquela que enchia
meu peito de alegria assim que eu a via
parada em frente ao portão do colégio, com
um sorriso largo e braços abertos, no qual
eu me afundava com um alívio enorme por
tê-la comigo. Porque aquilo não poderia
durar? Porque ela teve que mudar tanto?A perdição de Alessandro a arrastou de uma
forma na qual ela não tinha mais volta. A
antiga mulher, mãe de família ficou para trás.Deixando apenas um ser movido a interesse,
desespero e dor. Eu não a culparia, não mais.Mesmo com todas marcas que em minha
adolescência ela havia deixado, tudo agora
ficou para trás. Eu a amava, porque eu sabia
que no fundo daquela alma doente e triste
ainda havia amor, amor por mim, por Madu
pela família.O monitor cardíaco que antes apitava, iniciou um único som constante. O médico assustado tentou de todas as formas reanimá-la. Mas não havia mais jeito.
Ela havia partido.
VOCÊ ESTÁ LENDO
The stripper- Simone e Soraya
Fanfictionmais uma fanfic de Simone e Soraya, porém com um contexto diferente, é uma adaptação de uma fanfic camren