Hora de ir

1.5K 171 24
                                    


Soraya

- Eu não quero ir para casa,Yaya!

Essa frase foi repetida dezenas de vezes desde que saímos de meu apartamento. Madu estava praticamente tentando pular para fora do carro e voltar para meu apartamento.

- Madu, esse foi o trato lembra?

- Mas eu não quero! É chato ficar lá.

Eu suspirei vendo a menina de braços
cruzados no banco do passageiro.

- Eu vou te visitar mais vezes,tá? Eu prometo.

A menor me olhou triste e suspirou.

- Não faça essa cara, você sabe que não tenho escolha. Se dependesse mim você estaria morando comigo.

- E por que não posso morar com você e
Simone?

- Queria morar com nós duas?

- Claro! Seria muito divertido!

Ela falou animada.

- Não pense que seria sempre essa farra,
mocinha. Tanto Simone quanto eu
trabalhamos muito!

- Eu sei,Yaya, não esqueço disso. Mas eu me
sinto muito feliz quando estou com vocês.

Eu estava com toda atenção na estrada, mas
neste instante dei uma rápida olhada para
Madu que parecia pensativa.

-Não está feliz com seus pais?

- Nossos pais.

Ela me corrigiu de forma rápida e inteligente para uma criança.

- As vezes eles brigam muito. E mamãe está
estranha ultimamente.

- Estranha como?

- Não sei explicar,Yaya, ela as vezes parece
fraca, outro dia caiu na cozinha sem mais
nem menos.

- Sabe se está doente?

- Perguntei ao papa, mas ele disse que ela
estava bem. Só não tinha comido bem.

Eu suspirei pensativa, apesar de tudo eu me
senti um pouco estranha ao pensar que ela
não estivesse bem. Sinu sempre foi uma mãe
carinhosa, até Alessandro entrar para um
mundo perdido. Talvez ele seja o culpado de
tudo ter dado errado para nós.

- Hum, ele tem ficado direto lá?

- Sim, as vezes, ele fica uns três dias fora, mas depois volta pra casa. Semana passada ele voltou bem machucado, disse que bandidos roubaram ele.

"Mentira", pensei rapidamente.

- Fora isso, não tem nada de estranho lá?
Ninguém diferente?

Madu pensou por alguns instantes e então
falou:

- Só um homem que vem nos visitando. Ele
parece bem bravo quando vai lá, pergunta
pelo nosso pai. Mas meu pai nunca fala com
ele, manda dizer que ele não está.

- Não quero você perto desse homem, ok?
Fique bem esperta, e qualquer coisa me
ligue, Madu.

-Tudo bem,Yaya, relaxa.

Soltei um sorriso fraco, parando o carro na
frente da casa de Zenaide.

- Chegamos.

Madu olhou pela janela para casa e depois me olhou.

- Não se preocupe, eu vou visitar você mais
vezes. E garanto que estou trabalhando em
uma coisa muito legal para você.

-O quê?

Perguntou curiosa.

- Isso é um segredo, mas você vai adorar.

- Me da pelo menos uma dica, Yaya!

Ela pulou no banco do carro me fazendo ri.

- Tem haver com você, Simone e eu.

- Oh, Deus! Se for o que estou pensando!

- No que está pensando, pequena?

- Vai me levar pra morar com vocês?

- Quem sabe

Dei de ombros e ela me olhou mais animada do que o normal.

- Mas isso é um segredo,tá? Não pode contar para ninguém, ou tudo pode dar errado.

- Não vou contar,Yaya! Eu prometo.

Madu falou com uma das mãos levantadas
Como se fosse um juramento.

- Perfeito, agora vá lá. E lembre-se, me ligue
sempre que precisar de algo. Eu vou sentir
saudade, Madu.

- Eu vou sentir saudade também,Yaya, mande um beijo para Sisi, e diga a ela que vamos comprar nosso cachorro da próxima vez!

Eu sorri, e depositei um beijo no rosto de Madu  que logo em seguida me abraçou apertado.

Era sempre dificil ter que deixar ela lá,
queria poder conviver com minha irmã todos os dias, mas eu ainda não tinha escolha. A menor me soltou e sorriu, para logo depois abrir a porta de meu carro e sair em direção à casa de Zenaide. Eu fiquei esperando até vê-la entrar na casa. E só assim sai.

The stripper- Simone e Soraya Onde histórias criam vida. Descubra agora