Capítulo 11 - Magoando

162 13 31
                                    

Capítulo Revisado

Apesar do corte em minha perna estar doendo um pouco, isso não impediu meu pai de me obrigar a ir a escola. Além de jogar na minha cara que sou um, nas palavras dele “um veado frescurento”, ele me tratou com severidade até na hora de ir para escola.

— Ai, pai, "tava" pensando. Por que a gente não vai a praia depois das eleições? — Falou Raiane com uma feição animada até demais.

— É uma boa ideia minha filha, estou precisando pegar um sol mesmo. — ele respondeu. Seus olhos passaram pelo espelho do carro rapidamente. — Pode ir só nós dois e o seu tio, teu irmão ainda está se recuperando do acidente e não vai poder ir.

O olho com o cenho franzido. Tiro meu fone, deixo de ouvir a voz de Sam Smith.

— Em nenhum momento concordei em não ir. — Rebato.

Raiane me encara com raiva. Ela odeia que eu retruque o pai, mas a verdade é que ela está mais para uma cadelinha que aceita tudo calada.

— É, mas acho melhor você não ir mesmo. — Ele responde me olhando rapidamente.

— Por que?

— Desgraça!!! Por que estou mandando! Entendeu? Caralho! — Ele grita e soca o volante.

Raiane me encara com mais raiva ainda. Qual o problema dela? Ela realmente me culpa por nosso pai ser um ser desprezível?

A encaro, segurando a vontade de mandar meu pai para a casa do caralho. Sinto o olhar dele em mim, ignoro. Estou começando a me cansar dessa porcaria toda, dessa merda toda.

— Então vão me excluir de um evento da família?

— Sim! Além disso, os meus amigos vão e você já arranjou problema com eles. Não quero você dando um de barraqueiro para cima deles outra vez. Se isso acontecer, acabo com sua raça, dessa vez eu acabo com você.

Aceno positivamente com a cabeça, dou de ombros e volto a escutar minha música. Tudo parece uma merda. Durante o resto da viagem estou respirando pesadamente, ofegante. Estou com raiva. E ver Raiane toda alegre, tagarelando sobre os planos para depois das eleições, só piora tudo.

Assim que vejo a escola, papai para o carro e eu desço sem falar com ninguém. Seria o cúmulo do absurdo ele vir me desejar bom dia depois de tudo que falou e fez.

Estou caminhando a passos tão largos e rápidos, que só percebo Raiane correndo atrás de mim, quando vejo ela está do meu lado, falando algo que ouço por conta do fone.

Mesmo sabendo que vou me arrepender, tiro um dos lados do fone e começo a ouvir.

— ... Tem que parar de estressar ele... — A interrompo pois sei exatamente do que ela fala.

— Olha, Raiane, não me importo se ele está passando por um momento difícil. Todos nós estamos passando, nem por isso fico agindo como escroto. Se veio passar pano para ele, pode vazar.

Ela me olha de maneira incrédula, seu queixo parece que vai cair e ando mais rápido para deixá-la para trás. Quando estou passando pela sala de informática, alguém me puxa pelo colarinho. Reconheço o perfume.

— Celene, que porra é essa?

— Calado, anjo! — fala pondo o dedo indicador na minha cara. — Vou deixar claro. Se você vier tentando lacrar as minha custas ou der as costas para mim no meio de uma discussão, eu corto as suas bolas!!!

Arregalei meus olhos, seguro na minha parte íntima, olhando para ela de forma incrédula. Engulo em seco e respondo:

— Ok mas sobre o que você está falando? — Me arrependo de ter perguntado quando sinto um tapa na minha cabeça.

Afogue as Lágrimas - Histórias Baianas • Livro 3 (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora