Capítulo 33 - Último

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Último capítulo pessoal. E acho que um dos melhores capítulos que já escrevi.

Espero que gostem!

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Capítulo revisado, mas deve conter erros.

Boa leitura!!!

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Quanto mais os anos passam, mais percebo a insignificância do aniversário. Antigamente, quando eu era apenas um garoto tolo, sentia essa data como se fosse um evento único, maravilhoso, repleto de maravilhas e bênçãos. Hoje, entendo que é apenas mais uma data, um momento de reflexão sobre a minha vida.

Nos últimos três aniversários, comecei a perceber o meu aniversário como um dia em que me olho no espelho, exatamente como estou fazendo agora, e pergunto a mim mesmo:

"O que conquistei neste ano para estar tão feliz?"

E é nesse exercício que me perco e percebo o quão efêmero foi o meu ano. Tão efêmero quanto a minha vida. O tempo passa e sou apenas uma folha sendo carregada por ele em direção a um futuro incerto e a mais um ano que se passa. Menos um ano de vida.

Antes, eu costumava dizer: "Mais um ano de vida". Como uma conquista maravilhosa. Hoje, essa mesma frase tem um sentido bem diferente. Perdi mais um ano da minha vida e o que mudou? Absolutamente nada.

O meu estado melancólico já é comum, mas hoje ele se agrava e começo a refletir sobre muitas coisas. Quando me olho no espelho, vejo toda a trajetória da minha vida. Coisas boas e ruins que aconteceram comigo, todas as decisões certas e erradas, todas as surpresas desagradáveis e agradáveis, o que perdi e o que ganhei. E é nesse exercício que tento imaginar o que ainda vou perder.

Com 17 anos, perdi minha mãe. E aos 18? Não quero perder mais ninguém. Acho mais fácil perder a minha própria vida do que passar por tudo aquilo novamente. Imaginar toda a dor só me causa agonia, uma sensação terrível. São nesses momentos que gostaria de me blindar de qualquer emoção, mas se isso acontecesse, eu nem mesmo seria humano. Deve ser horrível não ter sentimentos.

Lembro exatamente do dia em que minha mãe morreu. De todos os eventos, por que estranhamente foi um dia feliz. Sim, feliz! Estávamos felizes, apesar da ausência do papai. Ela conseguia suprir todas as necessidades que faziam falta por parte dele. Quer dizer, no quesito sentimental. Ela era minha mãe e meu pai.

Antes de sair com aquele carro, ela sentou-se comigo e teve uma conversa estranha que, no começo, eu não entendi bem:

— Às vezes, Miguel, as pessoas não vêm para ficar em nossas vidas. — Ela disse enquanto passava a mão em meus cabelos.

Mesmo com toda a minha idade, ela nunca deixou de me dar carinho como uma mãe. Não entendi sua fala e a olhei confuso. Lembro bem de sentir meus neurônios fritando para entender o que ela queria dizer nas entrelinhas:

— Como assim? — Perguntei, na época eu era muito ingênuo.

— Que, mesmo as pessoas que mais gostamos, não vêm para ficar em nossas vidas pormuito tempo. Mesmo que seja extremamente doloroso, elas têm que partir.

Pensei, pensei, pensei, e quando finalmente consegui dar uma resposta, foi uma resposta bastante egoísta:

— Se for assim, talvez seja melhor que essas pessoas nunca tenham surgido em minha vida. É melhor assim, e eu não sofro.

Afogue as Lágrimas - Histórias Baianas • Livro 3 (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora