Capítulo 30 - Eixo

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Capítulo revisado, mas podem haver erros que serão corrigidos aos poucos.

Boa leitura!!

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Então, assim que ponho meus pés na calçada em frente à minha casa, sou notado por Raiane. Ela estava inclinada na curta escada do seu quarto, provavelmente observando o movimento da rua:A conversa entre meu avô e meu pai deve estar sendo entediante.

Ela me acena, soltando um pequeno grito alegre. É impressionante como duas pessoas tão diferentes se tornam tão próximas após uma simples conversa.
Raiane não hesitou em gritar da sacada mesmo, sem receio de algum curioso ouvir sua fala:

— Papai fez filé de frango ao molho mostarda, você gosta? — Da maneira como está debruçada na sacada, tenho medo de uma possível queda.

— Se afasta daí menina! — ordeno e ela me obedece prontamente. — Faz tempo que não como esse prato... Tomara que tenha bastante comida, tô varado.

Ela leva os cabelos para trás da orelha. Raiane está definitivamente mais bonita.

— E quando a senhora pensa em me apresentar o seu namorado? — Coloco as minhas mãos na cintura, tentando passar uma indignação.

— Hoje, ele só vem mais tarde. Você veio para ficar?

Sinto uma apreensão em seu tom de voz ao perguntar sobre minha estadia, algo que nem cheguei a considerar profundamente. A única coisa que realmente desejo é um bom prato de comida bem farto.

— Não decidi isso ainda. Daqui a pouco nós conversamos, tudo bem? Vou bater um papo com o nosso pai.

Ela me encarou com um sorriso feliz, mas pude perceber a tensão oculta em seus olhos. Retribuí com um sorriso tranquilizador e entrei em casa.

Logo, pude ouvir as vozes exaltadas de meu pai e meu avô, discutindo sobre a vitória da Argentina na copa.

Através da parede que servia como corredor para a sala, pude ver meu pai sentado no sofá com uma garrafa de cerveja ao lado. Ele estava com o cabelo curto, mais musculoso e tão bonito como sempre.

— E a Gabriela, filho? Vocês voltaram depois da confusão toda? — Vovô perguntou olhando meu pai intensamente.

Não vou gostar da resposta caso eles tenham se resolvido. Eu quero ser a pessoa ao lado do meu pai, ocupando o lugar de Gabriela.

— Não, e acho melhor assim pai. — falou me deixando esperançoso. — Sinto que nunca gostei da Gabriela de verdade, foi mais um tapa buraco.

— Vai aproveitar a vida de solteiro? — Brincou com um sorriso malicioso no rosto, o que causou uma crise de risos em meu pai.

— Vou aproveitar a vida de pai, isso sim. — Há algo de muito diferente em meu pai, sua voz está definitivamente menos tensa, mais alegre. Como se um fardo tivesse sido arrancado de seus ombros e lançado para longe.

Espero que não seja eu este fardo. Ele tornou a falar:

— Queria o Miguelzinho aqui comigo — ele ficou acanhado. — sabe se ele... Quer voltar para casa?

Seu rosto ficou levemente ruborizado, seu olhar um pouco baixo e visivelmente triste. Isso fez meu coração se apertar levemente, despertando o desejo de abraçá-lo com força e perdoá-lo por qualquer erro que ele possa ter cometido:

— Filho, ele ainda tem um pouco de receio.

— Eu sei... Eu magoei ele de mais. Sabe, eu só queria a oportunidade de abraçar ele, dar carinho de novo. — Ele começou a arquejar e ali tive certeza que ele tinha mudado.

Afogue as Lágrimas - Histórias Baianas • Livro 3 (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora