Capítulo 17 - Compreensão

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Capítulo Revisado

Pode haver erros, se encontrarem, indiquem.

Boa leitura!

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Em meu quarto não consigo ficar em paz.

Os gritos de meu pai e Raiane são altos o suficiente para que eu possa escutar tudo. Ele parece muito estressado, talvez até com ódio e com a voz embargada.
Desconta todo seu ódio em alguns móveis, acredito que do meu quarto mesmo. Talvez a forma dele externar o ódio em relação a mim, seja quebrando coisas que tem relação comigo.

— O senhor enlouqueceu?! Para... — Raiane pediu em desespero.

— Tem ideia do que o Miguel é? Ele acabou de me falar que é...

— Veado? Eu ouvi e isso não importa. O senhor tem que se acalmar está nos assustando, para com isso.

Meu riu, parecendo descrente do que acabaou e ouvir.

— Está defendendo ele?

— Estou defendendo a nossa família, tentando manter todo mundo junto. — ela parecia chorar. Sua voz está embargada. — Eu juro que tentei entender o seu lado... Passei pano para tudo o que o senhor fez, achando que fosse por conta do luto. Mas não dá mais para te defender. Todas as vezes eu fiquei do seu lado e contra o Miguel, mesmo ele estando certo na maioria das vezes, apenas para te proteger. Só que o senhor já ultrapassou todos os limites.

As acusações de Raiane me fazem ficar surpreso e é inevitável soltar algumas lágrimas. Me arrependo de todas as vezes em que a xinguei, a tratei mal e com indiferença. Por causa de todas as nossas brigas e problemas pessoais, acabei por me esquecer que Raiane ainda é a minha irmã e talvez eu não tenha dado o apoio necessário a ela.

Claro que isso não apaga as coisas horríveis que ela já falou, mas cabe a mim, ajudar a mudar essa sua mentalidade.

— Eu não aceito! Não aceito! Ter um filho veado! — gritou algum palavrão, mas não ouvi pois tapei minhas orelhas. — Só quero saber com quem aquela bicha estava fudendo.

Ouço seus passos se aproximando do meu quarto, mas ele passa direito no corredor e desce as escadas. Toques leves em minha porta chamam a minha atenção. Penso ser alguma armadilha de meu pai para entrar e me machucar.

— Guel, sou eu.

Abro a porta e deixo Rai entrar. Está com os olhos vermelhos e inchados por conta do choro.

— Sinto muito. — Murmuro com a minha cabeça baixa.

Ela me abraça de súbito, me tirando um suspiro de espanto. Sua cabeça se aperta contra meu peito e seus soluços se tornam mais fortes. Rodeio se corpo com meus braços, tentando passar um pouco de tranquilidade, porém, por dentro, estamos desabando.

Espero ela se acalmar e me afasto. Vou até minha cama, me sento, a olho e peço:

— Tranca a porta. Se não ele vai entrar aqui em algum momento. Não sei o que ele pode fazer comigo se...

— Ele não vai te machucar — afirmou um pouco titubeante. — pode estar zangado, mas ele nunca te faria mal.

— Queria acreditar... Mas o soco que ele me deu e ter me jogado em cima da mesa de centro, me dizem o contrário.

— Foi em um pico de estresse, ele não vai fazer isso de novo. — Garantiu, mas não acredito.

— Não consigo acreditar, Raiane. Depois de todas as coisas que ele já me falou sobre pessoas como eu — vejo ela crispar os lábios me encarando um pouco receosa. — Ameaças de morte e espancamento... Você estava junto também, não é? Quem me garante que não vai ajudá-lo?

Afogue as Lágrimas - Histórias Baianas • Livro 3 (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora