Capítulo 12 - Dia do Voto

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Capítulo Revisado

Foram várias tentativas frustradas de me comunicar com a Roberta. Nas duas vezes em que atendi o telefone, ela só me ofendeu e desligou na minha cara. Cheguei à conclusão de que só estou machucando ela, cutucando uma ferida que devia estar se curando aos poucos.

Hoje é dia de eleição e estou torcendo para não ter segundo turno. Meu pai está animado e até bateu na porta para entrar no meu quarto.

Eu fui até lá, usando apenas uma toalha enrolada na cintura. Quando abri a porta, vi meu pai com um largo sorriso, encostado na soleira. Ele estava vestindo uma camisa amarela sem mangas e um short azul que deixava suas coxas peludas e grossas à mostra.

— Ainda não está pronto? — Ele perguntou de forma educada, mas fria como sempre.

— Desculpa, eu tenho muita roupa suja para lavar e ainda estou procurando uma camisa limpa.

Ele me escaneou, tive a impressão do meu pai encarar meu corpo de um jeito bem estranho, mas acho que foi apenas um momento incomum mesmo. Me viro e deixo a toalha cair, pego uma bermuda jeans gasta e vou a procura de uma camisa.

Pelo espelho do meu guarda-roupa, noto algo muito estranho ocorrendo. Meu pai olhou para minha bunda, depois desviou o olhar para o corredor. Sua mão aperta o pênis por cima do short, estava de "barraca armada" e ofegante, com os olhos arregalados. Pego uma uma camisa cinza e visto, pergunto:

— Pai, o senhor está bem? Tá suando muito. — Cheguei mais perto dele, esquecendo da cautela que devo ter sempre que algum assunto tem relação com meu pai.

A sua feição de transformou em uma severa, o olhos ficaram intensos e a boca de retorceu como se sentisse nojo. Dei um passo para trás, lembrando o motivo de eu não me aproximar tanto do meu pai nos últimos tempos.

— Só vê se para de demorar como uma noiva indo para o altar. É só um dia de eleição. — Dito isso, ele deu as costas e sumiu no corredor.

Fico confuso com todas essas reações vindas do meu pai, isso só reforça sua personalidade relapsa e bipolar. A pergunta mais intrigante é sobre o pau dele duro. Pelo volume, parece ser bem grande...

Que merda eu estou pensando!?

Mesmo assim, por que ele ficaria duro de repente? Seria uma daquelas ereções involuntárias que surgem nos piores momentos? Com certeza! Não tem motivo para meu pai ter ficado de pau duro naquela situação. A não ser que ele tenha ficado por minha causa...

Não posso ficar pensando nessas merdas.

Desço as escadas com minha carteira na mão, ponho no bolso e já encontro Raiane com o título de eleitor em mãos. Todos nós votamos no mesmo colégio, papai pediu transferência de local.

Agora vamos votar como uma família feliz, todos juntos e se amando — só que não.

Raiane usava um vestido amarelo longo e sandálias de correias. Bem bonita, sendo sincero. Se ela tinha o objetivo de chamar a atenção de alguém, ele conseguiria facilmente, mas duvido que seja isso.

Ainda assim, resolvo a provocar:

— Olha só... — faço um bico, indicando que estou surpreso. — Se arrumou tanto assim para quê? Vai dar para o mesário? — Pergunto com o sorriso mais debochado possível.

Ela me encara com desdém, levanta o dedo do meio e rebate:

— Não dirija a palavra a mim, seu escroto! Você é uma pessoa sem caráter que não merece a confiança de ninguém. — O olhar dela foi de serenidade para desprezo na velocidade da luz.

Afogue as Lágrimas - Histórias Baianas • Livro 3 (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora