O fugitivo

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O vento não era problema algum, na verdade era a solução. Sentir o orvalho da grama abaixo de seus pés junto com o vento que soprava contra o seu rosto era libertador, há quanto tempo não sentia-se livre daquela forma. Há quanto tempo não sentia o que realmente era o lado bom da sua natureza. Por mais que estivesse sendo perseguido, ainda assim um sentimento libertador e repleto de adrenalina percorria seu peito. Fazia todos os seus sentidos falar mais alto, as vozes não muito distantes o praguejavam por correr tanto, falavam coisas horríveis que fariam consigo assim que colocassem as mãos nele.

Como se isso fosse o fazer parar, ao invés de correr mais.

Piada.

Os pés estavam molhados devido ao orvalho mas ainda assim ele corria, sem medo algum. Corria para o mais longe que suas pernas permitiam. O mais distante possível, mas os seus perseguidores infelizmente também pareciam querer correr… bom querer não é a palavra exata, mas eles corriam.
 
Sua distração durou poucos instantes quando correu olhando para trás, mas foi o suficiente para que essa pequena distração quase causasse sua morte.

Ele corria e quando se virou para frente bateu violentamente contra algo que atravessava o seu caminho, o impacto em ambos foi tão forte que haviam dois no chão. O fugitivo e também um lobo que mal foi derrubado pelo choque e já estava em pé exibindo seus caninos para a possível presa caída no chão. 
 
Definitivamente a julgar pelo tamanho daquele animal, quase perto da altura de um cavalo, o fugitivo estava muito encrencado, se voltasse sofreria punições severas e horríveis e se ficasse viraria comida de lobo, pelo menos ficaria vivo se retornasse, já se continuasse ali… bom não sabia qual destino na verdade seria o pior. O lobo de pelagem extremamente branca se aproximou do fugitivo com os caninos à mostra, assim como todo seu conjunto de dentes afiados, e para completar aquele visual macabro os olhos pareciam demoníacos de tão vermelho que eram.

Puro sangue carmesim. 
 
As vozes dos caçadores do fugitivo chegaram perto o que desviou a atenção do que fugia e esse olhou para aquele animal selvagem a sua frente e disse como se aquilo pudesse compreender suas palavras. — Essa é a hora amiguinho, se quiser refeição estou aqui, vamos lá, vamos vamos… me mata logo é melhor do que voltar para aquele lugar horrível.. Vamos vamos… me mata logo.

O lobo a sua frente baixou os lábios escondendo os caninos e desviou a atenção para o bando de soldados alfas que chegaram ofegantes de tanto correr atrás do garoto, alguns se escoraram na árvore ao notar o fugitivo finalmente parado, outros encaravam o lobo atrás dele enquanto apontavam seus arcos e flechas para o mesmo que ficou imóvel.

O líder daquela guarda de alfas concluiu que o lobo não faria nada, se não houvesse movimentos bruscos e foi dando passos na direção em que o fugitivo estava e disse. — Venha logo seu pedaço de merda. O príncipe Toneri exige passar o cio com você, não me faça perder tempo.

— Pro inferno com Toneri, eu jamais vou me deitar com alguém como ele! — Disse o ômega. 
 
— Você não tem direitos, não tem o que querer, muito menos escolha, você é um maldito ômega tem que apenas obedecer seus alfas. — Disse o líder daqueles alfas estendendo a mão para se aproximar do garoto, tendo atenção ao lobo paralisado atrás do omega. Tentando não demonstrar que estava quase se mijando de medo que aquele lobo sequer respirasse de um modo diferente. — Venha logo seu maldito.

— Eu não vou. — O omega se abaixou e pegou uma pedra no chão jogando naquele alfa, ia aproveitar o lobo paralisado para continuar sua fuga, mas o lobo se moveu, deixando todos os músculos do frágil moreno tensos, assim como o do líder que estava perto do fugitivo e do lobo. O ômega e o alfa pararam de se mover imediatamente. O olho vermelho do lobo branco fixou no ômega que estava em fuga e por algum motivo, o menor se sentiu protegido, não sentiu medo daquele logo que passou a andar sutilmente em volta do ômega, como se o analisasse.

O lobo parou de andar ao redor do garoto e olhou os alfas e depois o menor e parecia que iria deixar eles se resolverem quando deu alguns passos para o lado oposto, o líder alfa aproveitou o momento para puxar o ômega pelo braço e o arrastar para perto dos outros, literalmente. Porém mal deu tempo de chegar aos companheiros e o lobo branco avançou sobre os alfas, com uma facilidade tremenda dilacerando todos eles, não se importando em manchar sua pelagem branca no tom carmesim,como seus olhos.

Olhos esses que direcionaram ao ômega mais uma vez, agora paralisado. O lobo olhou fixamente ao garoto por longos minutos, o de cabelos negros e longos que fugia daqueles homens agradeceu ao labo, com cuidado acariciando o pescoço do lobo, sentindo a pelagem macia e esse abaixou a cabeça para o ômega e depois abaixou seu corpo um claro sinal para ele subir. — Você.. quer que eu suba? — Perguntou o ômega e uma confirmação quase humana veio daquele lobo que assentiu após a pergunta. E tomado pela ideia que o lobo o entendia, o ômega subiu nas costas do animal que correu na direção oposta do reino de Toneri. 
 
Em algum momento daquela viagem, o ômega apagou e adormeceu sobre o lobo e quando acordou estava sozinho. Mas muito bem acomodado, sentiu uma maciez como nunca antes abaixo de suas costas até notar que estava sob um colchão, com cobertas quentinhas sobre sua pele. Olhou o ambiente à sua volta e notou que era um ambiente simples, onde havia apenas a cama, uma mesa ao lado com um copo e uma jarra de água e ao lado uma grande janela.

O ômega se levantou e foi até a grande janela, espiando lá fora. Estava em um lugar completamente desconhecido. Poucas pessoas circulavam, mas as poucas que faziam isso, estavam a fazer algo. Parecia uma comunidade. Um pequeno reino onde todos ajudavam uns aos outros, a julgar pela vista que teve.

— Ah! Você já acordou. — Disse uma voz feminina que veio da porta que foi aberta. — Vou avisá-los. Com licença.

Antes que o ômega pudesse perguntar algo, aquela jovem de cabelos ruivos havia deixado o quarto e o garoto olhou para fora mais uma vez observando melhor o local em que estava e já planejando como fugiria dali também. 
 
A porta se abriu novamente e o garoto olhou para a mesma e viu uma outra pessoa entrando ali. — Ola! Seja bem vindo, você está bem?

O ômega se encolheu ao notar que ali estava mais um alfa, mais um alfa para lhe escravizar certamente. O alfa presente no recinto notou o medo de um ômega acuado e logo o tranquilizou. — Ei, relaxa, não vamos lhe ferir aqui e nem lhe forçar a nada. — O alfa ergueu ambas as mãos em rendição se aproximando do ômega. E estendendo uma das mãos para ele. — Não somos assim por aqui, venha você está seguro agora. 
 
O ômega estava receoso, já havia escutado isso quando chegou ao reino de Toneri e se encolheu mais à medida que o outro chegava perto. E notando isso o alfa parou onde estava e não avançou mais e disse. — Bem, fique a vontade, quando se sentir bem podemos conversar. Mas antes apenas me diga uma coisa, não quero ter de ficar falando “levem comida ao ômega”, “levem água ao ômega” e por aí vai. Então, qual o seu nome ou como gostaria que lhe chamasse?

O ômega estranhou a pergunta, afinal ninguém nunca quis saber o seu nome. Na verdade, em muitos anos não tinha pensado em seu nome sequer, tanto que quase o esqueceu, mas poder falar em voz alta novamente parecia bom e o ômega respondeu.

— É Izuna. 
 
— Ah Izuna, que nome bonito. Eu sou Hashirama. — Disse o alfa que parecia simpático se aproximando e estendendo a mão, fazendo Izuna recuar de novo e logo o homem pareceu perceber o que fez e ele foi quem recuou agora . — Desculpe. Bem… descanse, vou pedir para Kushina trazer seu jantar. Está seguro aqui, Izuna.
 
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A CADA 10 ESTRELAS POR CAPÍTULO, UM NOVO SERÁ POSTADO.

Lobo que habita minha peleOnde histórias criam vida. Descubra agora