Jessica Martin

Capítulo 01

Fechei os olhos por um momento e senti a brisa de um novo começo bater em meu rosto com promessas que tudo daria certo. O meu coração estava em paz, eu acreditava firmemente que estávamos mais perto do que nunca de voltar para casa com Greta ao nosso lado. A minha família reunida novamente como nos velhos tempos e longe de toda a confusão com os vampiros era tudo que eu mais desejava. Depois de muito tempo, esse desejo parecia tão nítido quanto as águas cristalinas. Abri os olhos novamente e encontrei Luka me encarando com a sobrancelha esquerda arqueada e um sorriso de lado com um olhar questionador. Não resisti à vontade de abrir um sorriso largo, eu me sentia leve, sentia que podia sair saltitando pela praça central de Mystic Falls e não ligar nem um pouco para o que os outros iriam falar.

— Eu te amo, Luka, você sabe disso, não é? — não esperei que ele respondesse e coloquei os meus braços ao redor do seu troco e imediatamente o cheiro familiar de sândalo fez com que eu me sentisse segura e em casa.

- OK, pirralha, você não está bem, o que ouve? - Por um momento não respondi nada e apenas fiquei aproveitando aquele abraço. O peso da cabeça de Luka sobre a minha e o carinho que ele fazia nas minhas costas.

— Eu só estou feliz, Luka. - Falei me afastando um pouco dele e olhando diretamente para suas írises escuras. — Feliz porque logo estaremos em casa, longe dessa cidade e com Greta segura.

— Você tem muita fé que os amigos de Elena manterão a palavra deles, eu teria cuidado com isso, Jess.

— Não estraga o momento, idiota. Eu não tenho nenhuma fé em Elena Gilbert ou em seus amigos, mas eu tenho fé em Elijah e nos ancestrais que com certeza estarão do nosso lado. — Retruquei me desvencilhando definitivamente dos seus braços e indo sentar em um dos bancos que ficava de frente para o Grill, nada poderia me desanimar hoje, nem mesmo o pessimismo de Luka.

— Desculpa se eu não consigo acreditar nessa trégua que Damon Salvatore propôs, não depois de Bonnie. Ele não é confiável, nenhum deles é. — Luka sentou ao meu lado com as sobrancelhas franzidas e com os lábios cerrados, falar sobre a bruxa Bennett não era fácil para ele, não depois do que ela fez.

— Eu entendo, Luka. Mas eu sinto que tudo vai dar certo, só aproveita o momento OK? Não vamos falar mais sobre isso. — Coloquei a cabeça no ombro dele e ficamos em silêncio por um tempo apenas observando as pessoas passarem tranquilamente a nossa frente e as crianças correrem uma atrás das outras, no entanto, uma dessas crianças me chamou atenção em particular.

Ela estava correndo feliz com outras crianças mais velhas e mais altas que ela. Os seus cabelos volumosos e cacheados estavam soltos e de alguma forma sempre voltava a atrapalhar a sua visão apesar de ela tentar afastá-los, o sorriso dela era largo e sua pele negra contrastava com o branco do seu vestido que já estava sujo de terra. Ao olhar para ela tudo o que eu conseguia pensar era em liberdade, uma vida sem preocupações com o dia de amanhã, ela só precisava se preocupar com o agora, e além do mais, ela realmente achava que poderia ganhar das crianças mais velhas que pouco se importavam com a sua presença, apesar de ela não notar isso. De alguma maneira, aquela garotinha fez os meus olhos marejarem e minha garganta fechar pelo choro iminente. Ela me lembrava de mim mesma a alguns anos atrás, brincando com os meus irmãos mais velhos no quintal de casa sem precisar me preocupar com lobisomens, vampiros ou maldições para serem quebradas. Luka me repreendia por tenta fé em algo que ainda podia dar errado, mas fé era justamente isso, a confiança nas coisas que se esperam, e a prova nas coisas que se não veem. Sem ela, o que me restaria? Ser alguém amargurado com Luka estava fora de questão.

— Você está a fim de um chocolate quente? — As palavras de Luka me fizeram desviar os olhos da garotinha e levantar a cabeça do seu ombro rapidamente e dar um sorriso animado.