Capítulo 04

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"𝑰'𝒍𝒍 𝒓𝒊𝒔𝒆 𝒖𝒑
𝑰𝒏 𝒔𝒑𝒊𝒕𝒆 𝒐𝒇 𝒕𝒉𝒆 𝒂𝒄𝒉𝒆
𝑰'𝒍𝒍 𝒓𝒊𝒔𝒆 𝒖𝒑
𝑨𝒏𝒅 𝑰'𝒍𝒍 𝒅𝒐 𝒊𝒕 𝒂 𝒕𝒉𝒐𝒖𝒔𝒂𝒏𝒅 𝒕𝒊𝒎𝒆𝒔 𝒂𝒈𝒂𝒊𝒏
𝑭𝒐𝒓 𝒚𝒐𝒖."

Acordei sobressaltada com a sensação de que o meu coração estava sendo esmagado por uma grande mão que não tinha medo de o esmagar  e o reduzir a uma poça de sangue e veias inúteis espalhadas dentro de mim

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Acordei sobressaltada com a sensação de que o meu coração estava sendo esmagado por uma grande mão que não tinha medo de o esmagar  e o reduzir a uma poça de sangue e veias inúteis espalhadas dentro de mim.

Porque eu me sentia assim? 

Olhei ao redor e notei que a cortina da janela estava aberta mostrando o céu em tons de laranja de um novo dia, cocei os olhos tentando desembaralhar os pensamentos confusos, o que era esse sentimento de solidão que estava pulsando dentro de mim? E porque tudo parecia tão silencioso e quieto? Até que eu o vi, e tudo voltou a minha mente como um furacão: Elijah, o ritual, as chamas, a dor e o meu irmão... Onde o meu pai estava? Olhei novamente ao redor evitando um lugar específico, eu não podia olhá-lo, eu precisava do meu pai, ele saberia o que fazer. 

Sentada no sofá da sala, eu sabia que não adiantava levantar e procurar nos quartos, meu pai não estaria em nenhum deles, mas mesmo assim, com cuidado, eu me levantei. Meus pés estavam descalços e o chão frio fazia a minha pele arrepiar, mas eu não me preocupei em calçar nada, abri a porta do primeiro quarto, ele não estava lá. A cada porta que eu abria, mesmo eu sabendo que ele não estaria normalmente em nenhum daqueles cômodos, eu sentia aquela mão cruel apertar ainda mais meu coração, doía, doía muito, eu não queria sentir nada, lágrimas começaram a cair dos meus olhos enquanto eu voltava para sala, e pelo canto de olho, avistei um papel rabiscado preso no imã da geladeira da cozinha, engoli em seco e pé ante pé fui avistando a escrita caprichada do meu pai no papel de caderno, o que tinha escrito ali, só tornou tudo mais real e a solidão ainda mais próxima, abraçando os meus ombros como se fossemos amigas íntimas desde muito tempo.

Meu amor,

espero que não seja necessário você ler essa missiva e que tudo o que tenha escrito aqui venha direto de mim, mas eu nunca consegui ser tão otimista quanto você, filha, por isso preciso considerar todas as possibilidades, mesmo que uma delas quebre o meu coração. Eu fui atrás de Elena, o que os Salvatores fizeram não pode ficar impune. Eles tiraram Luka de nós e por isso tirarei aquela que ambos amam, Elena Gilbert. Eu queria lhe pedir perdão, minha vida. Eu sei que uma parte da culpa de Luka não está mais aqui é minha. Eu deveria ter a escutado quando você me implorou com os olhos cheios de medo que eu mandasse Luka recuar, mas eu fui egoísta e mandei que ele continuasse. Eu não peço que me perdoe, eu mesmo não consigo me perdoar, mas eu precisava que você soubesse que eu sinto muito, eu não vou falhar novamente, eu prometo. Eu te amo mais que tudo, Jessica Martin, logo estarei em casa e tudo ficará bem, faremos um enterro digno para o seu irmão para que ele consiga encontrar a paz. Tudo estará melhor quando você acordar, mas se não estiver, peço que por favor, leia o verso da folha.

Meus joelhos estavam bambos, nada estava bem, tudo estava desmoronando. Deslizei as costas pela geladeira até encostar no chão e virei a folha. Fechei os olhos e respirei fundo me preparando para o que eu iria ler, mas quem eu queria enganar? Eu nunca estaria pronta, por isso abri os olhos e parei de resistir a mão que agora não queria mais o meu coração, mas cada parte minha e comecei a ler.

Filha, se você virou a folha, eu realmente sinto muito.

Se você está lendo essas palavras é porque tudo deu errado e agora você está sozinha nesse apartamento se perguntando onde eu estou e o que fazer. Respire fundo e mantenha a calma, você não está sozinha, Jessica. Você nunca esteve e nunca estará sozinha, porque independente de onde eu esteja nesse momento eu sempre estarei de olho em você. Agora, eu sei que você está confusa, então siga as minhas instruções que eu prometo, tudo ficará bem. Primeiro, pegue o cartão de emergência que está dentro da antiga caixa da sua mãe dentro do meu guarda-roupa e em seguida, arrume suas coisas, pegue os grimórios mais importantes da nossa coleção e procure uma passagem de ônibus até Charlotte e de lá, pegue outro Ônibus para Nova Orleans. Quando chegar em casa vá até o Quartel francês e procure por Jane Anne e fale que é minha filha e o que aconteceu, ela cuidará de você, assim você poderá recomeçar em uma vida comum sem toda a bagunça com vampiros e lobisomens a qual eu te coloquei. 

Novamente, eu sinto muito por tudo o que aconteceu, Jessica. Tudo o que eu queria era que nossa família estivesse junta como antes. Eu falhei com Greta, falhei com Luka, mas não vou falhar com você, você poderá ter uma vida normal e segura mesmo que não estejamos ao seu lado. Eu e seu irmão estaremos cuidando de você, eu te amo, filha, mesmo quando o meu último suspiro se for. Espero que tenha a vida que eu falhei em lhe dar nesse último ano, uma vida segura e feliz.

O papel estava mole das lágrimas que caiam sobre ele enquanto eu lia, eu não conseguia acreditar que tudo isso estava acontecendo, Oh, céus, porque eu? Rasguei o que restava do papel já borrado e molhado de lágrimas e gritei o mais alto que os meus pulmões aguentavam e fiz isso de novo e de novo até que nada sobrasse e minha garganta não pudesse mais emitir nenhum som humanamente audível. Respirei fundo, me apoiei na geladeira para levantar e voltei para a sala de estar, dessa vez me permiti olhar pela última vez para o meu irmão. Ele continuava da mesma maneira que eu me lembrava só que agora a vermelhidão das queimaduras tinha dado lugar a uma pele cinzenta e descamada. Apesar da dor das queimaduras e dos gritos doloridos que eu jurava que ainda podia escutar, Luka pela primeira vez, parecia calmo e sereno. 

Naquele momento, olhando para o meu irmão e ouvindo apenas as batidas do meu coração, decidi que não. Eu não voltaria para Nova Orleans, eu não iria fugir, eu não iria pelo caminho mais fácil. Eu sabia que nunca viveria em paz até que os responsáveis por isso pagassem e sofressem tanto quanto eles me fizeram sofrer. Eu faria cada um pagar, Damon e Stefan Salvatore iriam pagar e eu não descansaria até que o coração deles estivesse tão estraçalhados quanto o meu. O meu pai poderia ter falhado, mas eu não falharia, eu iria acordar Elijah, acharia Greta e juntas teríamos a nossa vingança e só assim eu poderia voltar para casa. Virei as costas e fui em direção ao meu quarto, estava na hora de parar de chorar e começar a agir, mesmo que para isso, eu tivesse que deixar tudo que eu era, deitado ao lado de Luka nesse apartamento.

Jessica Martin Onde histórias criam vida. Descubra agora