Capítulo 10

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Abri lentamente os meus olhos e os fechei novamente devido a claridade, eu me sentia péssima. Parecia que eu tinha sido atropelada por um caminhão sete vezes. Eu mal sentia a superfície macia a qual eu estava deitada, tudo doía, minha cabeça, meu corpo até respirar parecia doloroso. Quando abri os olhos, percebi que estava em um quarto grande e espaçoso deitada em uma cama ainda maior e enrolada em um lençol quentinho. Tentei me apoiar em minhas mãos para ficar sentada, mas o simples movimento me deixou sem fôlego e fez todos os meus ossos estralarem, eu nunca tinha me sentido desse jeito e tudo isso por causa daquele vampiro prepotente que não merecia que eu sentisse tamanha dor por causa dele.

Enquanto eu pensava em uma estratégia de me levantar e chegar ao banheiro sem desmaiar de dor, ouvi alguém abrindo a porta do quarto e imediatamente fiquei em alerta, mesmo que nesse estado eu não conseguisse machucar nem mesmo uma formiga, mas não demorou muito para que eu respirasse aliviada ao ver que era Elena que entrava no quarto segurando uma bandeja com um copo de água e um comprimido.

— Que bom que acordou. Aqui, trouxe remédio para dor, parece que você está precisando. — Engoli rapidamente o comprimido junto com toda a água do copo que ela tinha me oferecido esperando que aquilo fosse o suficiente para fazer a dor passar logo.

— Que horas são? — A minha voz estava rouca e meio embaraçada.

A pequena fresta da cortina que permitia que o sol entrasse no quarto não me dava nenhum indício de quanto tempo eu tinha dormido, eu esperava que não tivesse passado apenas de algumas horas.

— São três horas da tarde, você dormiu a manhã inteira desde que desmaiou ontem. Elijah está preocupado. — Elena estava sentada na beirada da cama e me olhava de cima a baixo para ver se eu estava bem. — Ele ameaçou desfazer o acordo que tínhamos feito se alguma coisa ruim acontecesse com você.

Olhei para o rosto preocupado de Elena e quase tive vontade de rir em escárnio. Eu não esperava que Elena ou qualquer um dos seus amigos se importasse comigo mais do que uma meio para um fim, mas as suas palavras não poderiam ter me deixado mais desconfortável. Ela não se importava se eu estava bem de verdade, Elena só estava apavorada com a perspectiva do seu acordo com Elijah ser desfeito. Respirei fundo e mandei aqueles pensamentos para longe, eu também não me importava com Elena, então eu não precisava ficar magoada por ela também não se importar, mas lá no fundo uma garotinha frágil e indefesa só queria se sentir amada de novo e ter consciência disso deixava tudo mais difícil. Talvez eu só estivesse perto de menstruar e tudo aquilo não passasse de uma crise de nervos, sim, era apenas isso.

Limpei a garganta e balancei a cabeça tentando mandar toda aquela melancolia ir embora me dirigindo novamente a Elena.

— Você pode me ajudar a ir ao banheiro? Parece que eu fui atropelada a noite inteira por vários caminhões. — tentei soar descontraída enquanto Elena assentia e me ajudou a levantar da cama, mas nem eu mesma acreditava naquela falsa tentativa de mostrar que estava tudo bem.

O curto caminho até o banheiro pareceu ter durado uma eternidade. A cada passo que eu dava, mil agulhas espetavam todo o meu corpo me fazendo chegar ao banheiro ofegante e com algumas gotas de suor brotando na testa. Elena aconselhou que eu tomasse um banho enquanto ela ia pegar algumas roupas dela que servissem em mim, e eu concordei um pouco relutante já que eu mal conseguia levantar um braço direito quem dirá tomar um banho decente. Mas, no final das contas, eu consegui tomar um banho razoável e me arrastar até a porta do banheiro sem cair, o que foi uma vitória. Quando entrei no quarto novamente Elena não estava lá, mas em compensação ela tinha deixado algumas roupas em cima da cama e uma embalagem transparente lacrada de roupa íntima que parecia nunca ter sido usada.

Optei por usar a calça jeans escura e uma blusa azul de manga longa junto com um casaco simples de algodão ao invés do vestido florido. A calça tinha ficado um pouco apertada na cintura, mas a blusa tinha servido bem. Aquela era a roupa mais sem graça que eu já havia usado, mas eu não estava em condições de exigir nada. Elena escolheu aquele exato momento para entrar no quarto novamente dando um meio sorriso ao ver que as roupas tinham ficado boas, sorri de volta em agradecimento e voltei a me sentar na cama já que as minhas pernas pareciam não tem tanta força para me sustentar por muito tempo.

Jessica Martin Onde histórias criam vida. Descubra agora