Hidden World - Isaac Lahey

11 - Pesadelos são reais

                         RORY STILINSKI

Eu provavelmente irei me arrepender amargamente de insistir em hospedar um desconhecido em minha casa, afinal eu conhecia Isaac Lahey tão pouco para confiar cegamente no mesmo, mas ele havia me ajudado duas vezes sem que  pedisse e eu sentia neste momento que era o mínimo que poderia fazer para ajudá-lo. A poucas palavras que trocamos a respeito de sua família foi o suficiente pra que eu soubesse que seu pai não passava de um infeliz, Isaac não havia falado com clareza tudo o que sofreu nas mãos do homem, mas eu tinha enxergado o medo em seu olhar e foi o bastante pra que eu agisse de maneira impulsiva.

Destravo a porta de entrada sabendo que neste momento meu pai provavelmente ainda estava no jogo de Lacrosse, caso algo tivesse saído do controle com Scott eu já teria ficado sabendo. Isaac permanece parado na porta quando abro pra que ele entrasse, assim como eu parecia está receoso com a idéia de se esconder em minha casa até tudo se acalmar, mas agora já era tarde demais para arrependimentos e eu não tenho o costume de voltar atrás em minhas decisões.

— Vai ficar aí parado? – Questiono o fazendo olhar em meus olhos. Dou espaço pra que ele entrasse, o mesmo apenas carregava consigo uma mochila com poucas peças de roupas, eu não sabia como deveria me sentir perante a situação em que se encontrava, por um lado ele poderia ser considerado uma aberração recém transformada, mas por outro parecia não passar um adolescente indefeso e sem qualquer rumo na vida. — Anda Isaac, minha casa não vai te engolir. – Ditei de modo sarcástico e esbouçando um sorriso em seguida.

— Hahaha engraçadinha – Isaac resmungou adentrando finalmente em minha casa. Trato de fechar a porta atrás de mim pra apresentar o lugar onde ele ficaria, assim como o restante da casa, pra tudo ocorrer como minha mente estava planejando e não acabasse nos colocando em problemas.

Seus olhos passaram a percorrer cada detalhe do local, como se desejasse gravar em sua memória cada centímetro, ele parou em frente a lareira onde ficava alguns portas retratos de nossa família.

— É a sua mãe? – Questionou me fazendo instintivamente desviar o olhar para a moldura que continha uma foto da mamãe, havia outra com todos nós na festa de oito anos minha e de Stiles, foi tirada alguns meses antes de tudo começar a desmoronar.

— É, sim. – Respondo enquanto por um breve minuto me perco no sorriso que ela tinha em sua face neste dia. Eu sentia saudades diariamente de seus sorrisos, dos seus beijos de boa noite, dos seus deliciosos biscoitos com gotas de chocolates, cada detalhe dela ainda parecia viver dentro de mim tão intensamente que às vezes sinto como se nunca tivesse partido.

— Seus olhos são como os dela. – Isaac Lahey Proferiu me fazendo desviar o olhar da foto para suas orbes azuis. — Ao mesmo tempo que transmite luz, é possível ver que existe algo a atormentando.

Suas palavras me fizeram refletir novamente sobre o fato dele ter a capacidade de me desvendar com tanta facilidade. Engolir o nó que se formou em minha garganta, balançando a cabeça na tentativa de afugentar esses pensamentos, não precisava mais uma vez encarar os meus fantasmas, pois fazia isso todos os dias antes de adormecer.

— Vem, vou te mostrar a casa. – Não esperei por sua resposta, apenas passei a caminhar em direção a cozinha. — Como sabe o meu pai é o xerife da cidade, seus horários de trabalho são muito flexíveis, às vezes ele pode chegar de madrugada ou pegar muito cedo no trabalho. Então você vai precisar tomar cuidado quando quiser comer algo, eu vou tentar sempre levar algo pra você comer antes de ir pra escola. – Comecei a passar as instruções percebendo que Isaac mal prestava atenção nas minhas palavras. — Isaac dar pra levar isso a sério, se meu pai descobrir que você está aqui ele irá me matar.