Capítulo 7

935 109 124
                                    

Jade

Mãe: Três palavrinhas apenas mas com uma força absurda. Por um filho somos capazes de tudo e eu, no auge dos meus dezoito anos, sou prova disso. Pela Catarina eu faço tudo, eu me ajoelhei aos pés daquela família implorando para abrirem as portas de sua casa e nos abrigar, pelo menos até a Catarina estar totalmente recuperada. Confesso que ainda tenho medo, só de ficar perto do Paulo sinto meu coração palpitar, só de pensar na menor possibilidade dele desconfiar de alguma coisa sobre a paternidade da Catarina eu tenho calafrios. Pego minha filha que estava deitada na maca e a coitadinha está caindo de sono, aninho ela nos meus braços e ouço a mãe do Paulo falar alguma coisa no telefone, só consigo escutar o final: "elas já estão chegando, deixa tudo preparado."



PA: Jade? A senhora que cuida dela me falou que, infelizmente, não restou nada de roupas nem suas e nem delas...

Eu dou um longo suspiro e sinto ele repousar sua mão sobre a minha e por algum instinto estranho eu simplesmente não recuo. Às vezes sentir o carinho de alguém através de gestos que te dizem que "vai ficar tudo bem" faz bem a alma.


Carlos: Jade também já passou pelo médico?

Eu assinto e agradeço.

Carlos: Então vamos pra casa?


Eu também assinto com um nó na garganta, literalmente eu estava indo com minha filha para a casa de estranhos e nada poderia ser mais esquisito, exceto pelo fato desconhecido deles me passarem algum tipo de confiança, eu não sabia explicar como...







Paulo André

O caminho até o carro foi todo em silêncio, só era observado os nossos passos firmes rumo ao veículo. Dou espaço para Jade e ela entra, tento quebrar o silêncio, talvez para fazê-la se sentir melhor


PA: Jade, eu sei que essa situação não é nada bacana para você, eu no seu lugar também estaria assutado, mas fica tranquila tá? Nós somos do bem, a última coisa que queremos é fazer mal a vocês duas...


Jade: Eu serei eternamente grata a vocês, não sei nem como vou agradecer um dia, mas eu...

PA: Não vamos falar nisso, tá bom? Só vamos para casa descansar, essa menininha precisa dormir tranquila e nós também




Jade permanecia o tempo todo com o olhar vidrado na filha, não quero ser vaidoso mas sinto que ela faz isso para não me olhar diretamente nos olhos. Agora com ela morando lá em casa como será que devo me comportar? Será que devo falar sobre o que aconteceu entre nós há um ano atrás? Será que devo pedir desculpas? Ou será que isso vai fazer ela correr de mim? Em todas as hipóteses eu fico feliz, imagina morar debaixo do mesmo teto que alguém que eu nunca esqueci? Será que ela lembra de mim tanto como eu lembro dela?





Jade

Chegamos à casa dos Camilos, sim eu já tinha aprendido que esse era o sobrenome deles, e é simplesmente uma mansão. Muita área verde, uma piscina fascinante e um jardim de tirar o fôlego. Descemos do carro e Catarina reclama, acho que já era hora dela mamar novamente, o Paulo sempre muito engraçadinho fez logo uma graça e ela foi até seu colo, ele passeou com ela pelo jardim e foi inevitável não tirar os olhos deles. E se ele soubesse que ela é sua filha? Será que me odiaria pelo resto da vida? Será que seria capaz de tirar a menina de mim? Ou será que me perdoaria e poderíamos tentar ser uma família? Para de bobeira, Jade. Esse homem nunca olharia para você com outros olhos que não fosse digno de pena.


PA: A Cacá gostou do balanço?

Ela fazia barulhos com a boca e ele já enchia de beijos...

Circo Místico-JadréOnde histórias criam vida. Descubra agora