Capítulo 46

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Paulo André


Minha cabeça pesava pensando nessa situação toda da Jade. Nós dois dormimos agarradinhos com a Catarina no meio. Geralmente ela dorme em sua cama mas hoje eu senti a necessidade de trazê-la para o nosso quarto e que ideia boa viu? A Jade dormia agarradinha na Cacá e eu sabia que ali ela se sentia ainda mais segura. Jade é uma mãe maravilhosa. Minha mente não descansou em nenhum momento dessa madrugada. Eu pensava que a Jade, a minha Jade, é simplesmente filha de um dos casais mais influentes e ricos do país. Essa situação toda me deixou triste e feliz ao mesmo tempo. Triste porquê conhecendo a história da Jade e toda sua luta naquele maldito circo só me faz crer que a vida foi muito injusta com uma pessoa do coração tão puro quanto ela e feliz porquê isso só deixou claro que uma pessoa não pode fugir do seu destino. Já estava desenhado por Deus que ela seria minha esposa e logo minha, que sou afilhado da mãe dela. Minha cabeça não sossegava. Acordava várias vezes no meio da noite. Decidi sair da cama, com cuidado, para não despertar as minhas duas meninas. Fui a cozinha, arejei a cabeça, bebi uma água e do nada pensamentos estranhos me assolavam.


-Será que essa tal amante do César não seria a mãe adotiva da Jade?

-Será que a tia Patrícia realmente viu um vulto no dia do rapto da Pilar ou era realmente uma pessoa e seu subconsciente não soube descrever ao certo?


-Por que os pais adotivos da Jade desapareceram? Será que morreram ou fugiram?






-"Para, Paulo André!"






Eu viajei tanto nos pensamentos aquela noite que vi o dia raiar na sala. Levantei rápido do sofá e corri pra abrir a porta quando escutei a campainha. Devia ser a Shirley. Tanto eu, como Jade, não somos de acordo com a empregada dormir em nossa casa. Acho que cada um tem a sua casa e ela chegando cedo aqui já está ótimo.





PA: Bom dia, Shirley.



Cumprimentei com a mão




Shirley: Bom dia, seu Paulo André. Espero que tenha tudo uma excelente noite de sono...




Eu sorri fraco. Tudo que eu menos tive essa noite foi uma boa noite de sono.





PA: E como está seu netinho?




Shirley: Miguel está bem. Um fofo. Pensa na dificuldade que é deixá-lo em casa. Ele está muito carente sem a mãe... Devia ser proibido bebezinhos perderem suas mamães. Mãe devia ser pra sempre né?




Eu sorri fraco e foi impossível não lembrar da minha Jade e de sua mãe biológica que sofreram esses anos todos separadas. 





PA: Sim, Shirley. Devia ser pecado um bebê se apartar de sua mãe tão novinho -suspirei-.





Dei passagem e ela logo entrou para cozinha. Como eu sabia que não daria mais pra tirar um cochilo corri para o meu quarto, iria tomar um banho frio e me arrumar para o trabalho. Antes de subir as escadas, olhei para uma foto da nossa família perto da imagem da Santa da Jade e chamei a atenção da empregada...





PA: Dona Shirley?




Shirley: Oi, senhor!





PA: Quando quiser trazer o Miguel aqui pra casa nós ficaremos muito felizes. Não se sinta acanhada, tá bom? Jade ama bebês.





Ela sorriu agradecendo e eu subi. Eram seis da manhã e Catarina já estava agarrada no peito da mamãe.




PA: Bom dia, amores da minha vida.




Circo Místico-JadréOnde histórias criam vida. Descubra agora