Capítulo 70

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Jade

A campainha tocava, Catarina mexia na barra do meu vestido enquanto eu cortava os tomates para fazer o molho do macarrão do meu marido, Miguel dormia tranquilo de barriguinha cheia e banho tomado no moisés lá em cima e o Paulo André estava sentado há umas duas horas tentando fazer uma reunião com uns fornecedores da empresa.


Jade: Cacá, não come os tomates sem lavar, meu bebê...


Peguei os tomatinhos de sua mão e lavei, ela sorriu e com aqueles quatros dentinhos me agradeceu e me deixou sem palavras.

Catarina: Mamã, Cacá é gândi, bebê é Guel



Eu caí na gargalhada.



Jade: Desculpa, minha menina grande. E quando foi que você cresceu tanto que a mamãe não tá se dando conta hein?


Peguei-a no colo e sorri da minha falta de noção de deixar a campainha tocando todo esse tempo, Paulo André estava de fones de ouvido e não escutava o caos que estava essa casa, eu passei por ele na sala e o mesmo me mandou beijos, eu sorri e mandei de volta. Catarina viu e também mandou beijos para o papai e apesar da correria dessa vida agitada em família eu não trocaria a minha vida por nada nesse mundo. Olhei na câmera ao lado da porta e quando vi a dona Patrícia com flores nas mãos meu coração acelerou. Hoje mais cedo eu senti o desejo de mandar um áudio para ela, contando que o Miguel já estava com a gente e meu coração estava radiante por ele ter chegado e por eu ter reencontrado a Maria. A Jade de uns meses atrás teria orgulho e jamais que sentisse vontade de falar com a mãe mandaria uma mensagem, a Jade de hoje, transformada diante de tantas dores resolveu quebrar a barreira e ser feliz, afinal, ninguém perde por demonstrar amor, muito pelo contrário. Abri a porta com um sorriso largo nos lábios e quando pus os olhos sobre a dona Patrícia percebi que ela estava iluminada como nunca. Seus olhos brilhavam, seu sorriso se alargava nos lábios e ela parecia ter presenciado um milagre. Nós duas nos olhamos por alguns segundos que pareciam uma eternidade e ela quebrou o silêncio, correndo para me abraçar. Deixou as flores caírem no chão e me acalentou como se eu fosse um bebê indefeso.




Patrícia: Minha filha, o grande amor da minha vida. Eu te amo tanto, Jade. Eu sonhei tanto com o nosso encontro, eu pedi tanto a Deus para me dar você quando eu não era nem casada ainda, eu sofri tanto quando o destino separou nós duas mas eu sempre mantive a fé acesa dentro de mim. Eu sabia que Deus ainda ia me dar a chance de dizer olhando no fundo dos seus olhos o quanto eu te amo e que você é o grande amor da minha vida.


Ela olhou no fundo dos meus olhos, segurou os meus cabelos e encaixou meu rosto perfeitamente entre suas mãos, eu deixei escapar um beijinho na sua mão direita e foi humanamente impossível não me render a esta senhora tão amorosa que é a minha mãe.



Jade: Eu também aprendi a amar a senhora, dona Patrícia. A senhora se tornou um exemplo de mulher para mim, sua doçura e seu olhar para o céu me encantam.




Patrícia: Eu te amo, minha filha. Muito, muito, muito. Vê você falando assim de mim me deixa tão feliz que se eu morrer agora eu serei a mãe mais feliz do mundo.



Jade: Morrer agora não, né filha? Fala pra vovó que ela ainda tem muito netinho pra segurar no colo, fala hahaha




Catarina: Bobó, veio bincá com a Cacá



Patrícia: A vovó veio brincar com a Cacá e encher essa princesa de beijinhos.



A dona Patrícia pegou a Catarina no colo e as duas tinham um amor lindo de ver.



Circo Místico-JadréOnde histórias criam vida. Descubra agora