Capítulo 44

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Jade

Minha cabeça parecia uma cama de gato com vários nós embaralhados. Sabe quando você não tem certeza de nada? Eu estava assim, não conseguia chorar, sorrir, falar e muito menos raciocinar sobre tudo que estava acontecendo.



PA: Jade?

Jade: Hum...



PA: Quer tomar um sorvete pra relaxar? Esfriar a cabeça...


Jade: Não, amor. Quero ir pra casa, acho que a minha cabeça vai explodir...


Suspirei fundo



Catarina: Mamã, mamã, óia óia, Cacá



Eu tentava parecer calma, a Catarina falava comigo o tempo todo e essa palavrinha que ela me chamava "mamãe" ecoava na minha cabeça e eu só lembrava das minhas últimas palavras para aquela tal de Patrícia...




Flashback on

Jade: "Eu não preciso de mãe nenhuma. Eu já sou até mãe. Pra quê eu quero uma nessa altura da vida?"

...


Uma lágrima teimosa insistia em cair molhando o meu rosto, eu tentava secar minhas lágrimas com as mãos mas tudo era uma tentativa frustrada.




PA: Meu amor, você não sabe como tá doendo te ver assim. Pega um lenço nessa gaveta do carro...




Eu sorri e abri a tal gaveta. Peguei o lenço e parece até que eu chorei ainda mais.




PA: Não chora, meu amor. A gente já tá chegando em casa, eu vou te fazer uma massagem. Maldito trânsito de São Paulo...




Jade: Não só são as lágrimas, PA. As lágrimas não são nada perto do meu coração em pedaços...




Ele falou mais algumas coisas mas confesso que não dei tanta atenção. Catarina também tagarelava sem parar e eu apenas me fechei no meu mundinho, encostei minha cabeça ainda mais no banco acochoado do carro e tentei relaxar sentindo o ar refrigerado arejar minha mente.





PA: Ufa, pensei que não chegaríamos nunca...



Jade: Quando a gente mais tá com pressa é que demora...



Foi só eu falar isso e abrir a porta do carro que vi o motorista dos pais do meu marido estender a mão e de dentro do carro luxuoso descer a minha sogra. Sabe aquele ditado que nenhuma situação é tão ruim que não possa piorar? Pois eu estava comprovando o dito popular na pele. A senhora carregava nas mãos umas sacolas refinadas que ouso dizer ser de grife. Meus olhos pesaram e eu só pedi a Deus para me livrar de qualquer situação embaraçosa a partir de agora.




PA: Ah, não. Que droga. O que ela tá fazendo aqui?



Me virei e ouvi o meu marido reclamar. Eu sabia que no fundo do coração, o Paulo André sabia que a minha relação com sua mãe não era das mais amigáveis mas eu não queria, de forma alguma, criar um embate entre ele e sua própria mãe por minha causa.





Jade: Amor, ela é sua mãe. Se ela veio até aqui, vamos recebê-la bem tá? Talvez seja até bom, ela fica com a Catarina e eu aproveito para relaxar...




PA: Espero mesmo que ela te deixe relaxar, se ela fizer isso tá subindo no meu conceito...





Paulo André pegou as coisas da Catarina e eu segurei em sua mãozinha. Caminhamos até nossa casa e a dona Mary nos esperava com um sorriso largo no rosto.




Circo Místico-JadréOnde histórias criam vida. Descubra agora