Capítulo 17

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Paulo André

Talvez eu me arrependa muito de ter feito essa pergunta a Jade, talvez eu tenha sido intrometido demais com assuntos que não são da minha conta mas eu não posso evitar a minha curiosidade. Não me vem a cabeça nenhum motivo para Jade querer deixar tanto a minha casa quanto esse. Será que é pelo pai da menina? Onde estará esse homem? Será que é do circo também? Mas se ele prestasse estaria junto a elas não é? Decido, pelo meu próprio bem, perguntar a Jade onde está esse bendito homem. Sinto a feição dela mudar, ela fica pálida, quase que da cor branca do guardanapo dessa mesa...


PA: Você quer ir embora por causa do pai da Catarina? Esse homem é presente na vida dela?


Ela fica paralisada, como se buscasse nas gavetas da mente alguma resposta para essa pergunta. Eu observo cada movimento dela. Jade coloca as mãos impacientes na mesa, olha para baixo, olha para o lado e eu me dou conta que estou sendo invasivo demais




PA: Ei, não precisa me responder, tá bom? Eu que peço desculpas, desculpas ser intrometido assim, eu não tenho nada haver com isso...



Fico um pouco receoso e o olhar perdido da Jade me dá muita pena.


Jade: A gente pode ir embora? Seus pais já devem ter chegado com a Catarina e ela já deve tá querendo mamar




PA: Vamos, você gostou do lugar e do lanche?



Jade: Gostei sim, obrigada por tudo mais uma vez.


Eu tentei mudar um pouco de assunto para deixar o clima mais leve. O rosto pálido da Jade me entristecia muito, de pensar que ela tava tranquila e até mais solta e eu estraguei tudo. Fomos o caminho até o carro em silêncio e eu logo dei partida. Chegamos em casa e eu já reparava o carro do meu pai na garagem




PA: Eles já chegaram, será que a Cacá tá acordada?


Jade: Se ela tiver dormido vou me surpreender muito, ela não dorme sem mamar. Só se foi vencida pelo cansaço né?



Ela desceu do carro na velocidade da luz, como se estivesse fugindo de mim, e eu fui atrás dela. Chegamos na sala e encontramos a cena mais linda. Meus pais estavam deitados no sofá brincando com a Catarina, ela batia palmas e eles pareciam bobos rindo de tudo que ela fazia.




Mary: Olha, Cacá. Sua mamãe e o titio PA chegaram. Vamos contar a eles que você já tá de pijama e que o passeio foi muito legal?




Pelo jeito de falar da minha mãe, graças a Deus, ela ainda não sabe que eu rompi o noivado com a Charlotte. Menos uma confusão para lidar essa noite. Deixa isso pra amanhã que amanhã é outro dia.




PA: Cacá, meu neném lindo. Titio tava com saudades de você.



Eu dei os braços e ela veio para mim. A Jade permanecia imóvel, certeza que ela tava pensando um milhão de coisas e tudo isso depois da minha pergunta sobre o pai da Catarina. Sabe aquele ditado que a curiosidade matou o gato? Pois bem, eu não matei gato nenhum mas cortei o clima gostoso que estava entre nós.




Catarina: Pesenti, gainha da Cacá, mama gainha da Cacá



PA: Galinha da Cacá? O que é isso? Hahahaha



Catarina: Pesenti



Carlos: Cacá gostou tanto da galinha pintadinha que compramos uma pra ela. Falta desembrulhar os presentes né Cacá?




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