Capítulo 39

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Jade

Fui surpreendida com o meu marido me chamando para almoçar fora. Eu não esperava por isso, pra mim ele só voltaria da empresa no final da tarde e sua atitude inesperada me deixou nas nuvens. Acabei não fazendo nada do que tinha prometido para essa manhã como aproveitar que a Catarina saiu com a dona Mary e fazer as compras de mercado. Mas isso não tinha importância, afinal, o que vale a pena mesmo é gastar sua energia com as pessoas e não com coisas. Fomos a um restaurante no novo Shopping do Cidade Jardim e apesar de ser muito elegante a culinária parecia bem caseira, o PA lia o cardápio em voz alta e eu entendia que tinha picanha, farofa, feijão tropeiro, saladas. Respirei mais aliviada, então, apesar do ambiente ser muito granfino eu não passarei vergonha. O meu marido havia pedido suco de laranja e eu estava bobinha em como em pouco tempo ele já me conhecia a tal ponto de saber até as minhas preferências, mas logo meu sorriso se desfez quando ouvi essa frase:





PA: Eu quis sentar aqui também para termos uma privacidade maior e conversarmos em paz.




Meu coração gelou. Meu Deus! Será que ele se arrependeu de ter se casado comigo? Será que eu fiz alguma coisa de errado? Certeza que fiz! Do jeito que sou burra...






PA: Aqui é bonito né? Com certeza vamos voltar aqui mais vezes, a comida também é surreal...






Eu enchi meus olhos de lágrimas e, enfim, tive a coragem de olhar nos seus olhos...






Jade: Então a gente vai voltar aqui mais vezes? Você quer voltar aqui mais vezes comigo?





O Paulo André me olhou confuso mas segurou uma de minhas mãos que estava apoiada na mesa e me olhou fundo nos olhos, como se pudesse ler a minha alma...





PA: Como assim, meu amor? Claro que a gente vai voltar. O que aconteceu?





Jade: Você veio com isso de papo sério e eu fiquei com medo de que...





Eu dei uma pausa dramática porquê senti até vergonha do que iria falar para ele. As minhas inseguranças parecem um monstro na minha cabeça mas quando eu as coloco para fora parece que elas não tem a mesma força como no meu pensamento.






PA: Sentiu medo de quê? Aconteceu alguma coisa? O que a minha mãe te disse, Jade?






Jade: Não, não. Ela não me disse nada...





Minha voz saiu embargada mas eu continuei...





Jade: Ela não me disse nada, PA. Fica tranquilo. Também não discute com ela por minha causa, ela só não morre de amores por mim e eu entendo o lado dela...





PA: Não tem o quê entender, Jade. Eu sou maior de idade e me caso com quem eu bem entender. Tá vendo a nossa filha?





Eu assenti





PA: Nós vamos ensiná-la o caminho do bem. A Catarina se depender de nós vai trilhar o caminho do respeito ao próximo, do amor às pessoas, do cuidado com a natureza, do valor ao trabalho, a amar a Deus, honrar nós dois que somos pai e mãe. Mas com quem ela vai namorar e até casar, e se ela quiser casar é uma escolha totalmente dela. Nós só temos o dever de nos intrometer se a gente perceber que essa pessoa faz mal para ela de alguma forma. Mas olha nós dois... Você só fez bem para mim. Você fez bem para os meus pais também. Meu pai te adora, minha mãe é chata mas você deu para eles a bonequinha que eles tanto sonharam. Eu queria que a minha mãe enxergasse a vida por esse lado. A vida além das regras de etiqueta é muito mais bonita, meu amor.





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