Capítulo 43

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Paulo André


A tia Patrícia se ajoelhou aos pés da Jade quase que implorando sua misericórdia. Ela tinha certeza que aquele exame daria positivo e quer saber de uma coisa? Eu também tenho. A Jade tentava disfarçar seus olhos marejados e apertava ainda mais a nossa filha numa tentativa de se refugiar na Catarina.




César: Patrícia, pelo amor de Deus -suspirou- assim você vai assustar até a bebê. Vamos com calma, levanta vai, também não vamos chamar tanta atenção na recepção do hospital. Desculpa, Jade.




Jade: Tudo bem, senhor.

Engoliu seco


Jade: O que tiver ao meu alcance para ajudar vocês dois, eu farei. Mas não se sinta mal, senhora.



Ela alisou a mão da tia Patrícia e a mesma olhou com um olhar de doçura para a Jade, esse talvez seja o primeiro contato das duas pré exame e até eu fiquei impactado.




Jade: Eu tenho certeza que esse exame vai dar neg... -Jade não concluiu a frase porquê eu cocei a garganta-. Desculpa, senhora. Mas eu só aceitei isso por pura solidariedade cristã, a resposta nós já sabemos não é? Nada nos aproxima, nossas vidas e nossos mundos são muito diferentes...



Ela saiu, Catarina estava enjoando e ela balançou a bebê até dormir novamente. A cara de descontentamento da Patrícia e do César era notável há quilômetros de distância. Quando a Jade se afastou para pegar um copo d'água, eu me aproximei dos dois.




PA: Eu fui criado com vocês dois sendo os melhores amigos dos meus pais e jamais imaginava me deparar com uma situação dessas no futuro. Mas eu quero que vocês saibam que a minha admiração por vocês é infinita e sempre será. O que tiver ao meu alcance para ajudar na aproximação de vocês, ou melhor, reaproximação; eu farei. Podem contar comigo.



Os olhos da tia Patrícia se arregalaram para mim e ela beijou minhas mãos se pondo mais uma vez de joelhos para mim. Aquela cena dela era impossível não lembrar das vezes que a Jade se ajoelhou implorando aos meus pés pela Catarina. Mais um ponto que elas tinham em comum, essa fé que move montanhas.



PA: Tia, levanta. Não fica assim. Posso te revelar um segredo?



Patrícia: O quê meu filho?



PA: A Jade quando tá com medo tem essa mesma atitude, a fé de vocês duas é parecida e é bastante bonita de vê.




Ela se desmanchou em lágrimas e eu já não sabia se havia feito boa coisa.




Patrícia: PA, muito obrigada por isso tá bom?



César: Você tem sido muito compreensivo, garoto! Que homem admirável você se tornou.



Patrícia: De pensar que a única que não foi criada comigo é a mais religiosa, do jeito que eu sempre sonhei...



Ela apoiou suas mãos no rosto e o marido fazia carinho no ombro. Fui atrás da minha mulher e ela parecia perdida no tempo, bebia água e fazia carinho nos cabelos da Catarina que estava toda aberta no seu colo.



PA: Tá chegando a hora, meu amor...



Jade: Você tá lembrando que eu tenho medo de agulha não é?



Eu sorri. Jade ora é uma leoa, ora uma gatinha indefesa.



PA: Eu seguro na sua mão, mas infelizmente não posso sentir a dor no seu lugar hahahaha



Circo Místico-JadréOnde histórias criam vida. Descubra agora