Deuxième chance

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Na noite seguinte ao incidente com LadyBug, Adrien tinha, disfarçadamente, fechado a janela assim que entrou em meu quarto.

Aquela noite Adrien chegou mais cedo que o habitual, e aproveitamos a companhia de Juleika para pedir pizza e assistir um filme, como estava acostumado a frequentar minha casa, já estava bem à vontade com Ju, mesmo que raramente se vissem em suas visitas tardias.

Conversaram animadamente enquanto comiam a pizza, que Adrien devorou ao menos a metade, como se fosse uma raridade, o que descobri mais tarde ser a realidade. Como modelo ele muito raramente podia comer coisas gordurosas, o que era outro contraste interessante, já que coisas gordurosas é praticamente nosso cardápio em casa. Raramente cozinhamos, e quando mamãe resolve ir para a cozinha é ainda mais calórico do que pedir comida, por isso faço questão de pedalar todas as manhãs, e já estava me sentindo sedentário nos últimos dias, em quase duas semanas não tinha corrido uma única vez, como costumava fazer na calada da noite, depois da aula.

Depois da pizza estávamos tão pesados que deitamos para assistir ao filme abraçados, Ju arrastou um dos puffs e se sentou ao lado da minha cama, e assistimos em silêncio.

Ao final do filme Adrien e Ju estavam dormindo, e, deixando Adrien na cama, carreguei Ju para o quarto dela, sem acordá-la. Não sabia se deveria acordá-lo, então programei o despertador para às 5h, tempo o suficiente para que ele chegasse em casa e fingisse estar dormindo, e me deitei ao seu lado.

Era bom realmente abraça-lo para dormir, foi como se estivéssemos namorando, as horas aproveitando de sua companhia, não apenas de seu prazer, conversar, comer juntos, assistir um filme, e dormir abraçados ainda de roupas. Era bom. Era mais do que eu podia sonhar ter dele. Não apenas porque ele queria manter informal, tinha certeza que Adrien estava se apaixonando por mim como eu estava por ele. Mas ele tinha muita coisa a perder se arriscando a ficar comigo, quando podia ter qualquer garota que quisesse.

Tenho certeza que o pai surtaria se ele começasse a namorar um homem, pior ainda alguém como eu. Toda a vida de Adrien era construída para que ele parecesse um príncipe encantado, tornando-o o sonho de todas as garotas da França, e era isso o que garantia sua carreira como modelo, e a carreira era tudo o que importava para Gabriel Agreste. Se Adrien fosse visto com um homem a imagem de príncipe perfeito mudaria, e muitas fãs ficariam arrasadas, eu até podia imaginar a quantidade de akumatizações se isso acontecesse. Mas não aconteceria.

Me contentei em deitar ao seu lado e o abraçar, e dormi sentindo o cheiro de sua pele e do shampoo de menta.


Nas sextas feiras costumávamos sair da aula direto para o bar, minha aula na sexta acabava as 22h, muito tarde para encontrar Mari, mas ainda era um bom horário para Adrien, ele deveria estar acabando a patrulha por esse horário, sabia que minha aula terminaria tarde, e quem sabe estivesse me esperando lá, já tinha me surpreendido assim outra noite.

Recusei os convites para o bar e fui direto para a moto, ansioso para chegar em casa logo, mas ao conferir meu celular vi a mensagem dele, de alguns minutos atrás, informando que não viria, fiquei decepcionado, depois da noite anterior estava com saudades, mas era uma boa oportunidade para colocar em dia a corrida.

Tirei o Jeans rasgado e coloquei uma bermuda, troquei os coturnos por tênis, e prendi o cabelo em um meio coque, curto demais para amarrar por completo e longo demais para deixar solto.

Era uma boa noite para correr, estava fresca e não muito úmida, coloquei os fones de ouvido e sai para a noite barulhenta, àquela hora os bares estavam cheios, as calçadas repletas de turistas e namorados aproveitando a lua cheia, contornei o Trocadeiro sem entrar na praça, evitando o amontoado de pessoas e uma hora depois já estava novamente no barco.

Amor Em Três PartesOnde histórias criam vida. Descubra agora