Night Changes

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Aquelas primeiras semanas foram as piores, repletas de silêncio e ausência. Havia momentos tão tristes que tudo parecia sem cor. Mas os momentos estranhos de tristeza eram intercalados por momentos de genuína felicidade, em que eu e Mari nos contentamos em estar juntos, e nos amávamos, independente dos problemas que enfrentávamos, tanto em nossa vida pessoal quanto como heróis.

Nos revezavamos entre sentir falta e raiva de Luka, tudo era diferente sem ele, tudo era silêncio sem ele, e as vezes nos sentíamos tristes depois que nos amávamos, porque ele não estava lá, mas nunca nos sentimos culpados, porque Luka estava certo, depois que descobrimos nossas identidades parecia ainda mais certo que tínhamos que ficar juntos.

Nos primeiros dias fiquei no apartamento todas as noites, não esperei nenhum convite, apenas não me parecia certo ir embora, e Mari também não agia como se esperasse outra coisa, então no final do dia eu voltava para ela, e ela estava sempre me esperando.

Na primeira semana Juleika tinha aparecido para buscar as coisas de Luka, aparentemente ele achava que simplesmente poderíamos devolver suas coisas e seguir com a vida. Pedimos que avisasse a ele, se quisesse pegar suas coisas ele mesmo poderia ir buscar. Não iriamos abrir mão dele sem termos uma boa conversa. Juleika não fez questão de discutir, tambem achava que Luka estava sendo idiota por abrir mão de nós dois, mas ela não sabia nossas identidades.

Pouco depois recebemos notícias dele. Não foram exatamente notícias, Ju tinha mandado um link para nós, o canal de Luka agora estava sendo usado para acompanhar a viagem, e não pude deixar que notar que ele não tinha nos mandado uma mensagem avisando, mas tinha pedido que Ju nos passasse. Provavelmente teríamos notado a atualização, mas tínhamos estado ocupados sofrendo sua perda e tentando ignorar sua ausência, enquanto nos acostumavamos a um namoro a dois.

Seu video não nos dava qualquer informação sobre nosso status amoroso, esperava saber algo pessoal, mas tudo que ficamos sabendo é que estava na Polônia, o que era relativamente perto, e que agora ele tinha aprendido a fabricar um Basólia, uma espécie de Violino rudimentar, e o vídeo era justamente sobre a confecção do mesmo. Nos dias seguintes tiveram novos vídeos, mas desta vez ele tocava várias músicas no novo instrumento, parecia em paz, tocando em diversos cenários diferentes, a cada dia um vídeo novo, um lugar novo. E depois de duas semanas havia outro instrumento, uma Bandura ucraniana, era semelhante a um alaúde, e seus vídeos seguintes eram versões Folk de músicas conhecidas, ou de suas próprias músicas.

Na semana seguinte me mudei oficialmente para o apartamento, o que facilitava muito nossa vida como universitários e como heróis, mas a casa agora era um caos, pois tínhamos vários kwamis passeando livremente, agora que não precisávamos mais escondê-los, e todos os kwamis da caixa aprovaram a súbita liberdade.

Alya e Nino começaram a nos visitar com mais frequência, trazendo seus Kwamis para se juntar aos demais. Nino sabia a alguns ano que eu era ChatNoir, e Alya sabia que Mari era LadyBug, e nenhum deles era bom em guardar segredos um do outro, então eles sabiam nossa situação antes que eu e Mari soubéssemos, mas como já estávamos juntos não viram necessidade de interferir, apenas ficaram surpresos em descobrir que Luka era Viperion, mas para eles, até mesmo isso parecia fazer sentido.

Meu pai foi contra minha mudança para o apartamento de Marinette, mas já não tinha o que fazer para me manter em casa, nem ao menos parar de pagar minha faculdade era uma ameaça, pois eu a muito tempo ganhava muito mais do que o necessário para nos sustentar, com muito mais luxo do que Mari estava disposta a aturar, e tinha guardado meu salário de modelo e dublador desde que comecei a trabalhar, ainda no início da adolescência.

Da casa de meu pai levei poucas coisas, pois não tínhamos espaço no apartamento, o que eu mais queria trazer era o piano, que era de minha mãe, e que eu estava acostumado a tocar quase todos os dias, mas em vez dele eu comprei um teclado, que era muito menor e mais fácil de acomodar no pequeno apartamento, mas não se assemelhava em nada com um piano de cauda. Eventualmente íamos a algum restaurante que tivesse piano, apenas para que eu pudesse tocar, ou eu passava pela sala de música da universidade. Mas meu lugar favorito para tocar era no metrô, gostava de quando as pessoas paravam para ouvir minha música, e sempre achava divertido comprar um café com os trocados que eu ganhava, depois deixava meus ganhos para outros músicos menos afortunados, e seguia para casa, para encontrar minha garota.

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