Capítulo Oito.

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- Acho que bebi demais. - Havíamos acabado de chegar no quarto de Richarlinson.

- Quem ouvir vai pensar que estamos bêbados. - Ele começa a rir.

- Você me entupiu de café! - Me jogo na cama com as mãos da barriga, a qual estava totalmente estufada.

- Bebemos 500ml de café, somos muito vida louca. - Ele começa a zoar, tirando o casaco.

- Ah! Hoje eu entrevistei um amigo seu, o Son! E eu não engasguei. - Fico de pernas de índio no meio da cama, falando animamente.

- Se o Son entende o meu inglês, ele entente você até falando em árabe.

- E não era você que era "O Fluente em inglês"? - Pergunto.

- E eu sou! Mas meu inglês é muito avançado para ele entender, sabe.

- Aham, com certeza.

Já era a madrugada, mas pelo histórico que eu e Richarlinson estávamos tendo até agora, nossas melhores conversas e interações eram compostas pela noite.

Richarlinson vai para o banheiro e volta logo em seguida, mas dessa vez, vestindo apenas uma calça de moletom, deixando o abdômen exposto.

- Vou mudar seu nome para Richarlinson, o maromba. - Brinco quando ele desliga os abajures, ligando a televisão e se jogando na cama.

- Isso aqui, ó. - Ele aponta para a barriga. - Muito shape.

- Verdade, verdade. - Vou para baixo dos lençóis, enquanto ele pegava algo na gaveta da cabeceira.

Eu mexia no twitter tranquilamente, quando ouço o barulho do PS5 ligando.

- Você não trouxe um vídeo game para o Qatar, né? - Pergunto perplexa.

- Não, eu comprei no Qatar! - Ele fala super animado.

- Meu Deus. - Gargalho.

- Dez porcento do meu salário vai para coisas inúteis, gostou?

- E os outros porcentos? - O questiono curiosa.

- Instituições de caridade. - Ele fala, concentrado no FiFa.

Sorrio para mim mesma, principalmente pelo fato de ele não ter se gabado em momento algo sobre isso.

Eu tenho um conceito de pessoas boas e pessoas influenciadas a serem boas. Quando você se torna uma figura pública, tanto no futebol, quanto em redes sociais ou em programas televisionados, automaticamente você ganha um público e uma mídia. Nessa mídia há três lados, os fãs, os haters e os que cobram.

Se algum influenciador for rude com um fã, os cobradores cobrarão simpatia dele, assim como se ele tiver muito dinheiro e não ajudar em absolutamente nenhuma causa, os cobradores cobrarão empatia.

Isso é algo óbvio, e é o resultado de pessoas que fazem o bem, apenas para serem reconhecidas por isso.

Esse não era o caso de Richarlinson.

Ele ajudava porque realmente queria o bem do povo, e isso era o que me encantava.

- Olha o meu time! - Ele apontava para a televisão animado, mostrando o time da seleção que ele mesmo havia montado.

- Uau, está incrível. - Elogio mexendo em meu celular.

Enquanto passava o feed do Instagram preguiçosamente, sinto alguém me puxar para mais perto.

- Eu falei que sou um ninja. - Ele se gaba, voltando para o jogo.

- Eu nunca duvidei. - Dou risada, desistindo de mexer no celular e apenas olhando para a televisão.

What If - Richarlinson.Onde histórias criam vida. Descubra agora