What If - Richarlinson.

Capítulo Dois.

- Acho que está tudo pronto. - Concluo, pegando alguns documentos necessários para apresentar no embarque.

- Você acha? - Meu pai pergunta, olhando para o trânsito.

- Tenho certeza. - Bufo, fechando a pequena bolsa de mão que estava comigo. Minhas malas maiores já estavam postas no porta-malas.

O clima no carro não estava um dos melhores. Após a grande oportunidade de estágio que eu havia recebido, eu fiquei bem ansiosa e feliz, mas não se deve ter uma animação muito grande com pessoas que estão lidando com problemas maiores ao seu redor. Tite, basicamente, mandou eu me calar.

Agora, com a noite já aparecendo pelos céus, dirigiamos para o aeroporto para embarcarmos no vôo reservado para os jogadores e técnicos da seleção.

Eu já havia recebido o restante das informações do meu estágio por email, sendo elas o meu "professor" que iria me auxiliar, o qual seria o comentarista mais famoso, Casimiro, e o entrevistador Defante. Faria algumas entrevistas com a parceria da Isabela Pagliari, entre muitos outros encontros incríveis que eu teria.

Ouço meu pai pigarrear, logo em seguida falando: - Me fale mais sobre o seu estágio.

- Acho que já falei tudo o que devia. - Respondo de forma inabalada.

- Desculpa por não ter te dado a atenção que precisava, deu alguns problemas no hotel que ficaremos hospedados, e claro que qualquer problema na documentação dos jogadores vem para mim. - Ele ri sem humor.

- Isso vai valer a pena. - Respondo.

- Creio que conseguiremos esse hexa. - Ele diz esperançoso.

- Todos os brasileiros crêem. - Dou risada.

O restante do caminho foi tranquilo, e logo estávamos onde devíamos estar.

Olho ao redor do aeroporto, já identificando todos os jogadores, técnicos, executivos e profissionais que iriam embarcar para o Qatar conosco.

Apresento meus documentos, e logo está na hora do embarque.

Não consigo me comunicar com nenhum jogador, já que o aeroporto está mais bagunçado que minha própria casa, então apenas verifico o meu assento, o qual estava na classe executiva. Apenas os presidentes das seleções estavam inclusos na primeira classe.

28-B

Me sento e pego meus fones. Aviso alguns amigos sobre o recente ocorrido, e comunico minha mãe que já estávamos partindo.

Todos começam a se ajeitar em seus respectivos lugares. Já era um pouco tarde, o que significava que alguns já estavam cansados, o que resultava em um silêncio confortável, até um pouco duvidoso. A seleção brasileira difícilmente era quieta.

Talvez um pouco de nervosismo, ou eles estavam apenas cansados... Treinavam o dia todo, além da pressão que carregam de trazer essa taça para casa.

Enquanto eu matutava comigo mesma, o silêncio é cortado brutalmente com um estrondo de uma mala caindo no chão do avião.

- Eita, porra. - O homem reclama, pegando a mala recém derrubada. Ele carregava em suas mãos a sua passagem, e espremia os olhos tentando enxergar algo.

Achando aquilo hilário, pergunto para ele: - Precisa de ajuda? - Seguro o meu riso quando vejo sua expressão confusa.

- Acho que me deram a passagem errada, esse assento nem existe. - Ele chaqualhava o papel em sua mão, frustrado.

Sorrio e pego a passagem gentilmente de sua mão, a virando para o lado certo, a qual estava de cabeça para baixo, lendo o assento do mesmo.

- 29-B, é a passagem certa sim. - Dou risada e devolvo sua passagem.

- 29-B? - Ele pergunta.

- Sim.

- E onde é isso? - Questiona novamente, olhando para os lados, como se o lugar fosse surgir na sua frente.

- É aqui mesmo. - Aponto para o assento ao meu lado.

- Pô, cortaram a verba da primeira classe para os jogadores? Que pobreza. - Ele brinca, me fazendo rir.

- Aparentemente, só pessoas importantes estão na primeira classe dessa vez.

- Eu sou importante! - Ele exclama, fingindo estar ofendido.

- Por isso não está na econômica.

- Faz sentido. - Concluí.

Olhando um pouco mais para ele, rapidamente me lembro quem o mesmo era. Como eu não notei antes?

- Ah! Você é o Richarlinson, certo?

- Acho que sim. - Responde rindo.

- Já te vi jogar, você é ótimo! Meu pai me falou de você quando você ainda jogava no Fluminense!

- Seu pai é meu fã?

- Bom, ele é o seu técnico. - E a cara que ele fez a partir daí, foi icônica.

- Você é filha do Tite?! - Ele pergunta, incrédulo.

- Sou. - Começo a rir.

- Antony! Antony! Ela é filha do Tite! - Ele gritava, chamando o garoto, que o olhou com tédio.

- Eu sei, Richarlinson.

- Rodrygo, ela é filha do Tite! - Ele tenta com o ouro jogador.

- Nós sabemos, Richie. - O menino ri.

- Só eu não sabia disso?

- Aparentemente sim. - Dou risada.

- Foi mal, eu nem sabia que o Tite tinha filhos. - Ele ri sem graça.

- Sério? Nunca viu meu irmão, Matheus? - Pergunto estranhando, já que Matheus trabalhava com eles.

- Pera, ele é filho do Tite?

- Oh meu Deus! - Eu gargalho, fazendo ele rir também.

O vôo foi tranquilo, longo, mas tranquilo. Passo da resto da viagem tagarelando com Richarlinson, fazendo alguns jogadores se incomodarem com tamanho barulho, mas não nos abalou.

-...E foi assim. - Richarlinson finaliza.

- Uau, você realmente peitou ele? Não ficou com medo? -Pergunto.

- Eu não. - Ele se diz, convencido.

- Ele praticamente se cagou na calça. - Antony o provoca.

- Vai dormir, ô! - Eu dou risada e encosto a cabeça no acolchoado.

- Hey, não era para termos alguma conexão antes de chegarmos ao Qatar? - Thiago S. pergunta, com o rosto inchado de quem havia acabado de acordar. Isso me lembra que eu e Richarlinson tínhamos ficado as últimas sete horas de vôo conversando.

- Normalmente tem, mas a companhia aeria criou três vôos diretos para os jogadores. - Casemiro respondeu.

- Bom, vamos continuar...- Richarlinson se volta para mim.

- Não! Não! Pelo amor de Deus! Eu não aguento mais! - Antony grita para nós dois. - Parem de falar. Chega!

- Cuzão. - Richarlinson cruza os braços e forma um bico nos lábios, não me aguento e começo a rir.

- Acho que vai ser bom descansarmos um pouco, são mais dez horas de vôo. - Eu o conforto.

- Verdade. - Ele solta os braços, parecendo se dar por vencido.

O restante do vôo foi um apagão, com todas as luzes desligadas e os olhos de todos fechados, dormindo pesado e sonhando com o hexa.

Infelizmente, 2022 não foi nosso, mas isso não anula a capacidade dos nossos jogadores e nossas 5 estrelas!
De qualquer forma, irei continuar com a fic desse jeito, e já aviso que os acontecimentos escritos da copa daqui para frente, não serão baseados nos fatos que aconteceram de verdade.

Espero que gostem, e não desanimem. 2026 é nosso.